Em um mundo cada vez mais preocupado com acessibilidade e buscar meios de integrar pessoas com deficiências na sociedade, ainda há muito para melhorar em Campo Largo
Em um mundo cada vez mais preocupado com acessibilidade e buscar meios de integrar pessoas com deficiências na sociedade, ainda há muito para melhorar em Campo Largo, e muitas vezes não cabe somente ao setor público, mas às empresas fazerem sua parte.
]Um leitor, cadeirante, procurou a Folha de Campo Largo para contar situações que já passou na cidade por conta da falta de acessibilidade em vários locais e para dividir experiências de outros amigos, que também possuem outros tipos de deficiências. “Eu sou cadeirante e muitos dos estabelecimentos não possuem um balcão em tamanho adequado para atendimento especial. É muito complicado isso, porque sempre precisa fazer toda uma logística para conseguir me atender, não consigo enxergar o vendedor, por exemplo, preciso ficar mais afastado. Isso não acontece somente em lojas, mas também em farmácias, panificadoras, postos de gasolina e outros.”
Ele contou que por falta de acessibilidade já chegou a precisar ser atendido por uma vendedora na calçada do estabelecimento, avaliar e decidir se iria comprar ou não, o que considerou ser uma situação extremamente constrangedora.
“Isso sem contar a falta de acessibilidade que já existe no município em si, com falta de rampas ou com placas, postes, tapumes colocados de maneira inadequada e que impedem a passagem de uma cadeira de rodas”, evidenciou.
Além disso, ele contou ainda que outro amigo dele, que possui deficiência auditiva total, também enfrenta grandes dificuldades na comunicação nos estabelecimentos comerciais e repartições públicas na cidade. “Ele se comunica por meio de Libras ou por leitura labial, o que está complicado neste período de pandemia, visto o uso das máscaras. O fato é que uma porção muito pequena, ínfima, da população sabe Libras, e essa é uma língua oficial brasileira. Esse meu amigo precisa escrever, desenhar ou ficar fazendo ‘mímica’ para que o atendente compreenda o que ele precisa ou deseja comprar. É uma situação muito complicada essa a qual enfrentamos diariamente, só quando está passando por isso você sabe o que realmente é”, afirma.
“Acredito que deveria haver um incentivo maior na Educação para que todos os brasileiros saibam falar em Libras, por exemplo. Isso é inclusão de verdade. Existem leis hoje que determinam o atendimento preferencial de pessoas com deficiência, mas isso não é respeitado nem mesmo nas repartições públicas, que deveriam ser exemplo em alguns casos, imagine então no comércio como um todo. Acho que os proprietários deveriam ter um olhar mais sensível para essa situação e procurar adequar seus estabelecimentos, pois isso faz com que mais pessoas tenham acesso ao seu produto e, consequentemente, se tornem seus clientes”, finaliza.
O que diz a Lei
No ano passado, a Lei 10.048, de 2000, comemorou 20 anos de existência e exercício no país. A Lei dá prioridade de atendimento às pessoas com deficiência física, aos idosos com idade igual ou superior a 60 anos, gestantes, lactantes e pessoas acompanhadas por crianças de colo. Ao longo dos anos, passou por reformulações e está conta com atualizações para que possa atender cada vez mais os brasileiros. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 27 milhões de pessoas no país têm alguma deficiência, mas estima-se que o número seja muito maior.
De acordo com matéria divulgada pelo Senado, a Lei 10.048, de 2000, foi sancionada “durante o governo Fernando Henrique Cardoso e prevê atendimento prioritário às pessoas com deficiência física, idosos com idade igual ou superior a 60 anos, gestantes, lactantes e pessoas acompanhadas por crianças de colo em repartições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos, instituições financeiras, logradouros e sanitários públicos e veículos de transporte coletivo”.