O cabo Altair Oliveira, da Polícia Militar (PM), que estava no carro com os dois soldados envolvidos em uma discussão que terminou com a morte de um deles, em Campo Largo, disse que tentou separar a briga antes do crime.
O cabo Altair Oliveira, da Polícia Militar (PM), que estava no carro com os dois soldados envolvidos em uma discussão que terminou com a morte de um deles, em Campo Largo, disse que tentou separar a briga antes do crime. Ele contou que trabalhava na mesma equipe que os dois soldados, que discutiram após o atendimento a uma ocorrência de roubo, na madrugada do dia 5 de fevereiro. O soldado Lécio Tadeu dos Santos, que tinha 42 anos, foi baleado e morreu. Ele estava desde 2007 na corporação.
Em depoimento, o cabo disse que o soldado Lecio Tadeu dos Santos estava dirigindo o carro da PM e adotou manobras de direção ofensiva para que chegassem mais rápido no local da ocorrência. Segundo ele, em determinado momento, a vítima do roubo conseguiu se desvencilhar da situação e o assaltante fugiu.
Diante disso, segundo o cabo, o soldado Lecio Tadeu permaneceu adotando medidas de direção ofensiva, e o soldado Elias Postanovski disse: "Vá devagar, vai acabar matando a nós". Ainda conforme o depoimento do cabo, o soldado Lecio, que estava na direção, respondeu o colega de maneira ríspida.
Com a discussão, o cabo disse que pediu calma aos dois colegas, mas que, em seguida, o soldado Lecio parou o carro bruscamente, os dois saíram do veículo e se empurraram no meio de uma rua. Em seguida, segundo o depoimento do cabo, o soldado Lecio deu um tapa no ouvido e rosto de Elias Postanovski, que sacou a arma, atirou, e acertou o rosto do soldado Lecio, que caiu e morreu no local.
Imagens de câmeras de segurança mostram a discussão entre os dois policiais militares. No vídeo, não é possível ver o momento que Elias Postanovski sacou a arma. O policial militar foi preso por homicídio e encaminhado ao batalhão da PM, em Piraquara, também na Região Metropolitana de Curitiba. No dia do crime, ele preferiu ficar calado durante interrogatório.
Advogados discutem legítima defesa no caso
O advogado Dival Gomes, que representa o soldado preso, afirmou que ele agiu em legítima defesa. "Em conversa com ele, a princípio, ele foi agredido e, temendo pela própria vida, acabou desferindo aquele disparo. A defesa entende que há legítima defesa, por isso, estamos aguardando a conclusão com inquérito para firmar essa linha, mas a princípio seria legítima defesa", disse. A defesa pediu que o soldado receba tratamento psicológico e também requereu que seja feita uma reconstituição do crime.
O advogado Cláudio Dalledone, contratado pela família do soldado que morreu, disse que o caso não pode ficar impune e negou que tenha havido legítima defesa. "Intolerável. É algo desproporcional. Não existe nenhum tipo de legítima defesa. Não existe legítima defesa de legítima defesa. O que as imagens mostram é uma execução bárbara, cruel, desnecessária, porque quem agredindo foi o soldado que atirou. Nós vamos buscar uma penalidade máxima, porque ele tem que ser elevado a exemplaridade", disse o advogado.
A Polícia Militar do Paraná destacou que a situação é gravíssima e disse que lamenta profundamente a tragédia que assola as famílias dos militares estaduais envolvidos no caso.
Na data do crime, a polícia emitiu a seguinte nota sobre o caso: "O policial militar responsável pelo disparo encontra-se preso em flagrante pelo crime militar de homicídio, e permanecerá sob custódia, à disposição da autoridade judiciária competente. O Comando-Geral da Polícia Militar do Paraná ressalta que a atitude afronta todos os valores fundamentais da instituição e do Estado Democrático de Direito e que neste momento de profunda infelicidade e comiseração, concentra seus maiores esforços no apoio aos familiares de ambos os militares estaduais envolvidos na tragédia", disse.