O espaço continuará fazendo história, desta vez com o nome de Complexo Marcelo Puppi, como homenagem a ele que, como prefeito, fez questão de adquirir o imóvel e sonhava em manter o local uma referência na
São tantas histórias interessantes que poderíamos produzir um jornal especial só com depoimentos de pessoas que viveram uma fase e uma oportunidade tão única em Campo Largo, desde que foi fundada a Porcelana Industrial Paraná – PIP, em 1954, no Botiatuva. É unânime dizer que os funcionários que passaram pelas empresas que funcionaram neste mesmo local era como uma grande família.
A empresa foi fundada por João Stukas e Enrico Bordone e fabricava peças refratárias e componentes de cerâmica para produtos elétricos de baixa tensão. Na página 04 deste especial um relato de Antonio Stukas, filho do fundador. Eles conseguiram estruturar uma empresa que ia muito além do trabalho, estimulou uma forte relação pessoal com os funcionários e envolvendo seus familiares.
No local tinha o “Rancho”, que disponibilizava cozinha, sala de jogos, tanque de peixes, cancha de vôlei e de futebol. O Rio Cambuí passava por dentro da propriedade. Em uma época tinha até sauna e todo esse espaço era um grande ponto de encontro e de divertimento dos campo-larguenses. Muitos queriam fazer parte disso e até hoje as histórias são lembradas com muita saudade.
Dos jogos de futebol até saíram bons atletas para alguns clubes. Eram jogos muito bem organizados e que movimentavam a cidade e regiões vizinhas. Os funcionários trabalhavam para a empresa e pela empresa, porque queriam vê-la crescer. Foi uma grande escola, um espaço de aprendizado e de oportunidade. Entravam muito novos, muitos se aposentaram ali e também muitos profissionais dali viram a necessidade de abrir empresas nesta área e passaram a prestar serviços como terceirizadas. Grandes empresas hoje de Campo Largo foram fundadas por profissionais que iniciaram ali.
Mudanças na empresa
Foi fundada a PEP - Porcelana Elétrica do Paraná para a fabricação e montagem de aparelhos elétricos. PIP e PEP passaram a ser uma única empresa e em 1973 o controle acionário e de gestão passou para o Grupo Lorenzetti - fabricante de material elétrico desde 1923. Em 1976 a empresa passou a se chamar Lorenzetti – Porcelana Industrial do Paraná S/A.
Passaram a produzir também linha de disjuntores, isoladores, entre outros. Mais tecnologia e novos padrões de trabalho foram implantados.
Muitos benefícios
Importante figura na Lorenzetti foi José Maria Benedicto Arruda Botelho, presidente na unidade local e vice-presidente nacional. Ele foi responsável em dar uma nova dinâmica à empresa. A Lorenzetti detinha apenas 51% das ações da unidade e ele foi responsável em comprar o restante das ações, que pertenciam às famílias locais.
Na década de 1990 a empresa expandiu muito, ficou com mais de 1.500 funcionários e faturamento de mais de U$ 5 milhões/mês, chegando a ser a segunda mais importante indústria local em faturamento.
A empresa mantinha o conceito de ir além do trabalho. Oferecia assistência social, dava condições de compra de alimentos mais baratos, os funcionários e os filhos tinham atendimento médico do Dr. Carlos Müller, Dr. Jacir e Dr. Carlos Lamóglia dentro da empresa. Foram criados cursos de alfabetização, coral, prática de modalidades esportivas e culturais. Até mesmo as esposas tinham curso de costura e culinária na empresa.
Eram realizadas gincanas entre os funcionários, destas com churrasco e direito a presentes. Já teve até concurso da Garota Lorenzetti, o Trio Lorenzetti para animar festas e tantas coisas que só quem teve a oportunidade de viver consegue dimensionar tudo que foi feito e a sensação que era na cidade. Casais que se conheceram na empresa, se casaram e até a festa do casamento foi na empresa. São laços muito fortes que foram criados e histórias passadas a gerações e que ficam registradas nestes 150 anos de Campo Largo.
Complexo Marcelo Puppi
Ainda em campanha política em 2016, Marcelo Puppi (in memorian) já dizia que um dos planos era comprar o terreno da antiga Legrand, o que conseguiu concretizar enquanto prefeito, no início de 2020, após muitas negociações, até mesmo diretamente com diretores da França. Fazendo fundos com o Parque Cambuí, a posição era vista como estratégica para criar um complexo multifuncional. Como uma homenagem, o atual prefeito Mauricio Rivabem anunciou que este espaço será chamado de Complexo Marcelo Puppi.
Assim que adquirido foi elaborado um Estudo Preliminar do projeto de adequação deste complexo, em terreno de 41.581,59 m² e aproximadamente 19.739,93 m² de área construída. Neste estudo, que para ser realizado ainda se busca a viabilidade financeira do projeto junto ao Governo Federal, foram feitas algumas definições preliminares.
Está prevista a construção de uma Unidade Básica de Saúde – Porte III, uma Escola Fundamental I com seis salas de aula para 40 alunos, com ginásio de esportes, Centro de Eventos, Teatro Municipal com capacidade para aproximadamente 500 espectadores e estacionamento para aproximadamente 360 veículos. Além disso, a Defesa Civil e o Deptran passarão a ter suas sedes neste complexo.
A escola municipal deve ser adaptada dentro das edificações existentes, bem como, aproveitar o restante da área construída de galpões para acomodar o Centro de Eventos. Segundo informações da assessoria da Prefeitura Municipal, no sentido de deixar as construções mais independentes, para que o processo fosse mais célere, no projeto foi aproveitada a área livre para a implantação de uma Unidade Básica de Saúde - Porte III, a qual está em processo licitatório para sua construção, e iniciará nos próximos dias, atendendo ao projeto padrão da Secretaria da Saúde do Paraná.
“Os projetos executivos dependem de reforma e adequação, considerando a complexidade destes projetos, terão que ser licitados, contratados e executados por empresas especializadas, os quais exigem levantamentos planialtimétricos do terreno, estudos de solo, projetos arquitetônicos e projetos complementares (projeto estrutural, projeto elétrico, projeto hidrossanitário, projeto de climatização, projeto de pavimentação, projeto de drenagem, dentre outros)”, informa a assessoria.