O distanciamento social, causado pela pandemia da Covid-19, não foi capaz de ofuscar a beleza da tradicional Seresta de Reis, que chegou a 115ª edição na madrugada do último dia 10 de janeiro
O distanciamento social, causado pela pandemia da Covid-19, não foi capaz de ofuscar a beleza da tradicional Seresta de Reis, que chegou a 115ª edição na madrugada do último dia 10 de janeiro. Neste ano, o público pode acompanhar as músicas tradicionais por meio das redes sociais da Prefeitura de Campo Largo e da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, local em que os músicos se reuniram para a transmissão, respeitando todas as normas para evitar o contágio da Covid-19.
A transmissão começou com a reprodução da música Saudade, de Renato Teixeira, cantada à voz e violão. Durante a transmissão, Kátia Santos lembrou que essa foi a primeira vez que a Seresta de Reis acontece em um ambiente fechado em mais de 100 anos de história. O evento que reúne mais de 150 pessoas todos os anos, esse ano contou com a participação de seis dentro da Matriz, mas foi assistido por mais de 4 mil pessoas que acompanharam a transmissão da live da Seresta.
“Essa é uma forma de homenagear o Cristo nascido, sem perder a tradição campo-larguense centenária. Estamos pela primeira vez dentro da Igreja ao invés das portas, para fazer a homenagem. Mas aqui, ao lado do Cristo nascido e do Presépio, estamos com apenas alguns cantores instrumentistas, relembrando todos os anos”, disse Kátia durante a transmissão.
Questionada sobre como foi realizar a Seresta de Reis longe do público em 2021, Kátia disse à Folha de Campo Largo: “Eu particularmente olhava a igreja vazia, e cantava para os bancos sem pessoas, me imaginando na frente das portas centrais, do lado de fora, ao sereno como seresta e serenata ao sacrário, com todo o povo preenchendo a praça. Mas, ali, o que se podia imaginar para aquele momento era a igreja lotada de pessoas de bem e bons pensamentos para 2021, apenas isso. Como coordenadora da Seresta de Reis, desejo a todos os campo-larguenses um ano de paz e saúde, reconciliações e esperança. E que a gente possa estar juntos para fazer a 116ª Seresta de Reis de Campo Largo em 2022”.
Tradição centenária
Ainda em meados do século passado, os primeiros organizadores acordaram que esse evento aconteceria todo primeiro fim de semana do ano, do sábado para domingo, independente do dia que caia, como uma homenagem aos Reis Magos.
A Seresta foi inicialmente organizada por famílias tradicionais do Centro, como Kuster e Puppi. O trio Irmãos Santos (Azevedo, Armando e Jorginho) era a atração musical. Jorginho, que era o chefe do trio e pai de Kátia, que atualmente coordena a Seresta.
Em março de 2015 a Seresta passou a ser reconhecida como um evento municipal, Lei Municipal 2664. Em 2017, Kátia recebeu uma homenagem pela sua dedicação à organização da seresta e também por ser a primeira mulher a coordenar o evento. Em 2021, a Seresta de Reis abre as comemorações do aniversário de 150 anos de Campo Largo. Tanto Kátia, como o Município lutam para que a Seresta de Reis seja reconhecida como Patrimônio Imaterial de Campo Largo, por ter mais de 100 anos de tradição e também por ser a única no Brasil a receber este nome, quando em todo o país é conhecida como Folia de Reis.