“Ter controle e afinidade com nosso dinheiro é o primeiro passo para mudar a vida financeira”, orienta Wellington
Início de ano é sempre momento de reflexão e planejamento. Mais do que nunca, a pandemia deixou ainda mais clara a necessidade de se organizar financeiramente e planejar o futuro para ter uma vida mais equilibrada e tranquila. Mas, na prática, muitos não sabem nem como começar ou por gastarem todo o dinheiro com os custos mensais, acreditam que não é possível fazer diferente.
Wellington Lima, administrador, por 22 anos gestor em empresas como Carrefour e Ambev, e atualmente proprietário de corretora de seguros, comenta que, em geral, as pessoas têm uma relação com o dinheiro nada amigável, não buscam formação financeira. Segundo ele, o planejamento do futuro é onde tudo começa. “E logo ali, erramos e erramos feio, sem nos preocupar o mínimo possível com questões como o ensino dos filhos, reservas para emergências, e claro, planejamento da aposentadoria. A falta de disciplina e planejamento levam a situações futuras que impactam diretamente na qualidade de vida da família e sua estabilidade, que impossibilitam a formação de patrimônio”, detalha.
Questionado sobre alguns erros bem comuns que as pessoas cometem em relação à organização financeira, ele cita alguns: não buscar aprendizagem financeira, ter o dinheiro como tabu, não planejar as finanças, comprar por impulso, fazer do cartão de crédito dinheiro de giro e sempre dever um mês na frente, não planejar o futuro e, por fim, acreditar que somente ricos podem investir.
A primeira coisa a se fazer é organizar as finanças e planejar o necessário, principalmente quanto a reservas de curto e médio prazo. “Em um imprevisto tão importante, que mudou a cultura de trabalho de forma geral, um grande equívoco é pensar que só quem tem estabilidade e um poder aquisitivo bom pode poupar. Quando um planejamento é feito, guardar 10% de sua renda em investimentos de liquidez imediata - os que você pode sacar a qualquer instante, sem prejuízos, como a poupança e até mesmo certas linhas de previdência privada ou CDI por exemplo - pode ajudar muito em momentos como estes que estamos vivendo. Poupar é para todos, basta se planejar e cumprir com afinco o que foi decidido.”
Financeiro pessoal x profissional
Wellington comenta que “em tese, quem toca o próprio negócio não tem pessoal e profissional, pois você literalmente é o seu negócio, visto que grande parte destas pessoas constituem pequenas empresas, as chamadas MEI. Porém, é claro, que em um mundo ideal, o correto seria ter contas separadas”.
Quando se tem um negócio, o ideal é que a empresa consiga “viver por si, ter vida própria e você, tirar seu pró labore dela, como um colaborador comum”. Segundo ele, as pessoas abrem suas empresas e deixam de ser pessoas físicas, tomando crédito, financiando, comprando tudo no nome de suas pequenas empresas. Um grande problema disso, conforme ele explica, é que “quando as coisas desandam, não dá para separar nada de nada e o barco afunda, e ninguém tem um bote salva vidas depois disso e o caminho fica muito mais duro de se recuperar. O ideal é desde a fundação a empresa ter vida financeira totalmente apartada do pessoal, pois prejudica sim misturar a vida pessoal financeira com a profissional”.
Orientações para iniciar o ano organizado financeiramente
“Sempre digo que juízo e planejamento não fazem mal a ninguém”, afirma ele, que orienta a usar a favor a tecnologia que nos é disponível hoje, com diversos aplicativos que vêm para facilitar. Para a organização financeira cita que há alguns, como o Mobills Finanças Pessoais, por exemplo, que tem plataforma gratuita e paga.
“Mas uma simples planilha em Excel, ou Google Planilhas, ou mesmo o Libre Office podem resolver este problema, com entrada e saída de gastos e rendas. Em geral, ver o que se gasta e alimentar uma planilha nos dá uma nova consciência em lidar com nosso dinheiro. Uma solução simples e efetiva para controle de finança pessoal. Ter controle e afinidade com nosso dinheiro é o primeiro passo para mudar a vida financeira, e assim, perceber que poupar é possível, de forma tranquila, inclusive”, orienta.
O especialista comenta que sempre que conversa com clientes e analisa suas finanças, chega a ser surpreendente o que as pessoas gastam em alimentação externa e não percebem. Ao colocar esses custos em uma planilha de controle, isso passa a ficar evidente para a pessoa e com isso passa a mudar alguns hábitos. O ideal é passar a relocar os recursos em um pequeno investimento, sempre que possível.