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Campo Largo perde Marcelo Puppi após complicações da Covid-19

Com muita tristeza a Folha divulga a morte de Marcelo Puppi (61) nesta madrugada de quinta-feira (07). Ele e seu pai, o ex-prefeito Newton Puppi, deixam um grande legado na cidade.

Campo Largo perde Marcelo Puppi  após complicações da Covid-19

Com muita tristeza a Folha divulga a morte de Marcelo Puppi (61) nesta madrugada de quinta-feira (07). Reeleito prefeito de Campo Largo, com 21.566 votos (39,26% dos votos válidos), ele não seguirá mais nesta trajetória que era um sonho que vinha sendo realizado. Ele estava orgulhoso de ter colocado a Prefeitura em ordem para receber investimentos, realizar novos planejamentos e vinha concretizando grandes projetos, como o Ciosp, macrodrenagem do Rio Cambuí, mobilidade urbana, abertura da UPA, entre outros. Como pessoa, se mostrava muito humano e atento a detalhes que por muitos não era percebido.

Filho do ex-prefeito Newton Puppi, era por muitos considerado um visionário, um grande gestor e bastante influente na política também a nível nacional, sendo respeitado pelo seu grande conhecimento na Política. Mesmo após dez anos da morte do pai, Marcelo ainda se emocionava ao lembrar dele e de todo seu legado na cidade. Em sua última campanha, Marcelo Puppi divulgava que ele era o prefeito do uniforme escolar, água no interior, UPA, Ciosp, apartamentos populares, Estrada do Mato Grosso, festas do Natal, LEDs, novos CMEIs e tantas coisas mais. 

Marcelo chegou a tomar posse na UTI do Hospital do Rocio no dia 1º de janeiro, quando não estava mais intubado e tinha apresentado uma melhora no quadro de saúde. Na oportunidade, três vereadores foram até o hospital e um médico fez a leitura do juramento. Quatro dias depois voltou a ser intubado e ficou em coma induzido, momento em que também surgiram boatos sobre a sua morte neste dia. No dia 25 de novembro de 2020 foi hospitalizado em decorrência da Covid-19 e desde o dia 28 do mesmo mês, quando precisou ir para a UTI, foi um período de muita angústia para a família, que precisava conviver com a incerteza de sua melhora, mas também com inúmeras notícias falsas de sua morte. A sua esposa, Daniela Corsini Puppi, que também teve Covid-19, recebeu alta no mesmo dia que ele foi para a UTI.

A última entrevista que ele deu foi à Folha de Campo Largo, no dia 17 de novembro de 2020, em seu gabinete. Em uma conversa bastante produtiva e ampla sobre as questões da cidade, ele declarou: “Agora é hora de colocar o pé no acelerador com todas as obras que iniciamos. É a grande vantagem da reeleição, mas que só vale a pena se tiver a energia do primeiro mandato e a certeza de trabalhar dobrado, porque os desafios são maiores. 2021 vai ser um grande ano, até mesmo pelos 150 anos da cidade”. Uma fala que demonstra o quanto ele estava empolgado para esse novo mandato e com muitas ideias para colocar em prática, após quatro anos em que tinha conseguido colocar a Prefeitura em ordem e já tendo iniciado vários projetos.

Pode-se dizer que a política “estava no sangue” de Marcelo, até por se espelhar no pai. Sempre buscou estudar muito e ter uma ampla visão de conhecimento, que o embasava para idealizar projetos e ações. Cursou Direito pela UFPR, se especializou em Ciências Políticas, na Academia Internacional de Liberdade e Desenvolvimento de Adolescentes, em Lisboa e na Academia Internacional de Dirigentes, na Alemanha. Em 1991 Marcelo passou a trabalhar em uma fundação política da Alemanha, chamada Friedrich Naumann, como moderador em seminários de formação política para jovens, em todo o Brasil. Ainda jovem abriu o Jornal de Campo Largo e, mais tarde o Nosso Jornal, em Campo Largo. Tem dois livros publicados, um deles em espanhol e outro sobre Campo Largo.

Trabalhou na Assembleia Legislativa do Paraná, já foi subchefe da Casa Civil do Governo do Paraná e assessor especial de governo. Foi vereador de Campo Largo entre 2005 e 2008 e presidente da Câmara de Vereadores por dois anos, chegando a ser eleito o melhor vereador do Estado do Paraná.

 

Nota oficial da família Puppi

"Prezados amigos, é com profunda tristeza que comunicamos na data de hoje o falecimento do nosso querido filho, pai e irmão Marcelo Puppi.
Agradecemos de todo coração todas as orações e mensagens recebidas e a todos os profissionais do corpo clínico do Hospital do Rocio.
É com o coração apertado, mas sereno pela certeza de que os planos de Deus são perfeitos, que nos despedimos do nosso Marcelo. Para a Campo Largo que lhe deu vida, alegrias, filhos e frutos, nosso mais profundo sentimento de amor e gratidão."

 

Nota de pesar do Hospital do Rocio

"O Hospital do Rocio comunica e lamenta profundamente o falecimento do Excelentíssimo Sr. Prefeito Marcelo Puppi, ocorrido na madrugada da presente data, por conta de complicações clínicas decorrentes da Covid-19.

Aos familiares, amigos e à população de Campo Largo (PR) rogamos que Deus ilumine e conforte vossos corações, concedendo-lhes paz, força e serenidade."

 

Grande legado Puppi

O pai de Marcelo, ex-prefeito Newton Puppi, faleceu aos 77 anos de idade, há cerca de dez anos, no dia 05 de abril de 2010 – ele lutava contra um câncer de pulmão. Ele foi três vezes prefeito de Campo Largo, nas gestões 1963/1969, 1977/1982 e 1997/2000”. No ano de 1974, Newton exerceu o cargo de Diretor do Departamento de Aplicação do Capital” do Instituto de Previdência e Assistência aos Servidores do Estado (IPE), e também foi conselheiro do TCE-PR. Também foi gerente da Caixa Econômica Federal.

Profundamente envolvido na política do Município, Newton foi uma figura admirada por muitos, e adversário difícil para outros. Enxergou as necessidades da cidade e foi buscar apoio político no Governo do Estado, para supri-las. As grandes realizações dos seus três governos ficaram marcadas na cidade.

A primeira administração de Newton Puppi teve algumas marcas importantes, como o asfaltamento da Desembargador Clotário Portugal, a primeira rua asfaltada da cidade. Newton criou a Cocel, a Água-lar, ampliou o Cemitério Municipal, construiu o prédio da Prefeitura Municipal, na Rua do Centenário (hoje Escola Municipal Reino da Loucinha), a Escola Clotário Portugal e o primeiro conjunto habitacional de Campo Largo, e também primeiro do Brasil, a Populares Velha.

Nesta época o Município viveu um "boom" de desenvolvimento da indústria cerâmica e Campo Largo foi escolhido como um dos dez melhores municípios do país, para se viver. Ruas centrais asfaltadas ou pavimentadas com blocos de cimento ou paralelepípedo, a cidade era um exemplo a ser seguido. Era a época das "Cidades de Ouro", anualmente escolhidas por revistas de circulação nacional.

No segundo mandato Newton Puppi construiu o Conjunto Habitacional Águas Claras, o núcleo Matias Batista, um projeto de desfavelamento no Itaqui, as escolas consolidadas de Três Córregos e São Silvestre, a Comlar. Construiu também o Colégio Djalma Marinho e a escola Hans Ernest Schmidt, a Vila Olímpica e deu início aos planos de Desenvolvimento Econômico e o Plano Diretor de Campo Largo. É desta época também a implantação das primeiras vias estruturais de Campo Largo, como a ligação da Rondinha com o centro da cidade, via Avenida Padre Natal Pigatto, a ligação Campo Largo-Bateias e a Campo Largo Itaqui (Expedicionários). Também foram abertas as ruas que liga a Aparecida à João Stukas e as ligações das duas pistas da BR-277.

A segunda administração de Newton Puppi enfrentou, ainda, a primeira grande crise econômica que afetou a indústria cerâmica do Município, com indústrias demitindo, reduzindo a produção, fechando. A crise terminou com a vinda da Germer e da Lorenzetti e a retomada do desenvolvimento.

Quando assumiu a Prefeitura Municipal para a sua terceira administração, Newton Puppi enfrentou outra grave crise econômica. O Município tinha atrasado os salários dos funcionários, o 13º, o pagamento de fornecedores. Nesta época foram implantadas reformas estruturais na Administração Municipal, no IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), necessária para equilibrar as finanças do Município, mas que rendeu a Newton Puppi uma forte rejeição da população.

Newton voltou o seu trabalho para a atenção às famílias mais carentes, e construiu todos os centros sociais urbanos que o Município tem, até hoje, o Piá do Ofício (hoje Cemae), a pavimentação asfáltica do Botiatuva (João Stukas) e outras vias centrais.

Na terceira administração, Newton Puppi comemorou, ainda, uma espécie de segundo "boom" de desenvolvimento econômico do Município, no embalo da globalização da economia. Nesta época os campo-larguenses comemoraram a atração de grandes indústrias para o Município, dentre as quais a Chrysler, a Tritec, a Dana e outras, com forte geração de empregos e uma substancial mudança na economia.