O Projeto Restaurar, desenvolvido pelo Conselho da Comunidade, visa atender pessoas que cumpriram penas em regime fechado ou tiveram progressão de pena e suas famílias.
O Projeto Restaurar, desenvolvido pelo Conselho da Comunidade, visa atender pessoas que cumpriram penas em regime fechado ou tiveram progressão de pena e suas famílias, a fim de restaurar vínculos familiares, sociais e empregatícios, promovendo assim uma melhor estrutura pessoal, com apoio familiar, visando a reinserção no meio social e de trabalho. Entre os serviços prestados pelo projeto, desenvolvido durante os anos de 2019 e 2020, está o apoio psicológico para as famílias e para o próprio egresso, quando solicitado.
A grande novidade é que o projeto cresceu e teve a oportunidade de se tornar Rede Restaurar, com maior atuação a partir de janeiro de 2021. “Teremos a oportunidade de atuar também em casos de Maria da Penha, quando há uma procura por reestabelecimento de vínculos familiares de maneira mútua. Isso acontece quando, por exemplo, a mulher deseja continuar na relação e o homem se mostra disposto a fazer o tratamento para tornar-se um ex-dependente químico ou alcoólatra, que hoje são os grandes problemas de Campo Largo e que resultam na grande maioria dos casos de violência nas famílias”, explica a coordenadora da Rede Restaurar, Dra. Fabiana Kolling.
O tratamento acontecerá então por meio de encaminhamento para a Associação Reviver, em Campo Largo, através de vagas sociais, conseguidas por meio da Rede. “Esse suporte será dado para famílias que se encontram em vulnerabilidade social e que passam por um momento difícil, mas que – ressalto – têm esse desejo mútuo de restauração do lar. Essa decisão parte única e exclusivamente das partes envolvidas, nós prestamos somente a assistência necessária para que o tratamento e o acompanhamento para que a relação saudável se desenvolva neste lar”, diz.
Em 2019, o Projeto Restaurar recebeu o Prêmio Sesi ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável). A verba do Projeto é do Fundo Penitenciário, ou seja, valores de guias pagas no processo Criminal pelos próprios apenados, conforme explica Dra. Fabiana.
Problemas mais frequentes
A Folha conversou com a psicóloga Shirlei Bonato, responsável pelos atendimentos do Projeto Restaurar, que explicou que o problema mais recorrente nos egressos é o medo de não voltar para casa. “Em segundo lugar é o medo de como será visto pela sociedade. Tais medos estão ligados tanto por parte dos detentos ou egressos, como também pelos familiares. Por isso trabalho sempre com a realidade. Nada de fantasia. O que houve, houve e agora vamos enfrentar a realidade. Alimentando-se a autoconfiança, o autorrespeito e a autodeterminação muitas boas coisas são possíveis de alcançar.”
“Reforço o significado de família e toda sua importância, pois esta é o alicerce para se vislumbrar um futuro melhor para todos os que vivenciam esta situação. Tem uma palavra que falo seguidamente: ressignificar. Aposto muito nesta palavra como algo que pode levar toda e qualquer pessoa para um novo lugar de entendimento e superação”, finaliza.