O último sábado (24) foi de muita festa para os alunos, ex-alunos, colaboradores e toda a comunidade escolar campo-larguense, com a comemoração dos 95 anos do Colégio Estadual Sagrada Família
O último sábado (24) foi de muita festa para os alunos, ex-alunos, colaboradores e toda a comunidade escolar campo-larguense, com a comemoração dos 95 anos do Colégio Estadual Sagrada Família. A instituição, que marcou gerações e famílias inteiras, foi responsável por formar mais de 30 mil alunos, entre Educação Infantil, Ensinos Fundamentais Anos Iniciais e Anos Finais, Ensino Médio, Ensino Profissionalizante – nas áreas de Formação de Docentes e Enfermagem e o Celem, curso de idiomas de Espanhol e Polonês.
Para comemorar essa importante data foram feitas várias celebrações, que incluiram uma missa especial e um drive thru solidário, que beneficiaram a Comunidade São Pedro da Ribeira, no São Silvestre, Aldeia São José e a Ação Social da Piedade, que atende 600 famílias carentes em Campo Largo.
Nesta data também foi dado início ao projeto “Rumo aos 100 anos”, onde nos próximos cinco anos haverá um resgate histórico da instituição com participação de toda a sociedade para documentar por meio de um livro. Alunos que tiverem peças de uniformes e fanfarras históricas, boletins, agendas e cadernetas antigas, trabalhos escolares antigos e quiserem realizar doações serão bem-vindos para montar exposições pelo prédio do colégio e serem documentados em livro. Doações também podem ser feitas em dinheiro para ajudar no patrocínio do livro, a ser lançado em 2025.
Muita história em 95 anos
A história do Colégio Estadual Sagrada Família começou em janeiro de 1925, quando as Irmãs Franciscanas da Sagrada Família chegaram a Campo Largo, um pedido do padre Ladislau Kula, para dedicar-se à educação escolar e também ao ensino da Catequese. As primeiras professoras da instituição foram as Irmãs Ursula Przydrozna, Ir. Wadislava Bodnar, Ir. Alexandra Zielinski e Ir. Anastácia Pawlowski, que apesar do desafio confiaram em Deus e aceitaram a missão.
A escola em um primeiro momento teve o nome de Instituto Santa Terezinha, tendo aulas ministradas em Português e Polonês, a quem desejasse, tendo os pais que colaborar com uma contribuição mensal. A escola funcionava inicialmente na casa onde o padre morava, que havia sido de propriedade de uma viúva. Com a grande procura pela escola, as irmãs viram a necessidade da ampliação do espaço, quando compraram a propriedade ao lado em 1930, em condições financeiras bem difíceis. Além da escola, as irmãs também trabalhavam na conservação da igreja, nos cantos das Celebrações Litúrgicas. O imóvel tinha uma casa, que necessitava de muitas reformas, mas foi possível organizar salas de aulas espaçosas, sótão e dormitório para 36 alunos que eram internos.
Em 1947 foi iniciado o Ginásio Sagrada Família, reconhecido pela Portaria nº 1077 de dezembro de 1951, do Ministério da Educação e Saúde. Em 1956 foi criada a Escola Normal, voltada para a formação de professores, e em 1957 passou a se chamar Escola Normal Colegial Estadual “Padre José de Anchieta”. Com a crise financeira que se instalou no município e a impossibilidade de pagamento de mensalidades pelas famílias, o colégio foi estadualizado pela Lei nº 3585 de 28 de fevereiro de 1958. Em 1973, pela Lei 5692/71 o ensino de 1º Grau – de 1ª a 8ª série – passou a ser ministrado no colégio.
O prédio que abriga o Colégio Estadual Sagrada Família tem como mantenedores o Governo do Estado do Paraná, para os Ensinos Fundamental, Médio e Educação Profissional e a Prefeitura de Campo Largo, para as séries iniciais do Ensino Fundamental. Porém, conta com o apoio de toda a comunidade escolar, que sempre contribuiu com o colégio para que reformas, ampliações, compras de materiais e outros fossem feitos.
“A comunidade campo-larguense é a grande protagonista da história do Colégio Estadual Sagrada Família, porque ela participou aqui como aluna, como família de alunos e como amiga da escola. É um grande orgulho para todos comemorar esses 95 anos de uma grande instituição de prestígio em nossa sociedade”, diz Irmã Lucia Staron, diretora do Cesf.
Irmã Dolores
Não há como falar sobre o Sagrada Família sem lembrar imediatamente da Irmã Dolores, que ficou na direção do colégio por 50 anos e é uma das personalidades mais marcantes do município.
Hoje vivendo em Curitiba, em um lar da congregação destinado a freiras idosas, ela está com 85 anos e recebe visitas das Irmãs de Campo Largo.
Em 2018, quando ainda estava morando em Campo Largo, a Folha fez uma matéria com a Irmã Dolores, e ela relembrou um pouco da sua história. Nascida no dia 06 de janeiro de 1935, ela decidiu pela vida religiosa ainda bem nova, com apenas 12 anos de idade, quando ainda morava em São Paulo. Segundo ela, a admiração e a convivência com irmãs da igreja onde frequentava a influenciara na escolha. Entre os seis irmãos, ela foi a única que optou pela vida religiosa.
Veio morar no Paraná com sua família e aos 14 anos chegou em Campo Largo, para estudar e morar na Escola Sagrada Família, local onde concluiu o Magistério e pode começar a lecionar Matemática – uma das suas paixões – em alguns colégios católicos de Curitiba, e também no Colégio Sagrada Família.
Pouco tempo depois se tornou diretora, assumindo a direção da instituição em 1965 e se aposentando do Cesf em 2005 e do Anchieta em 2015.
As diretoras
A Irmã Dolores foi a diretora que ficou mais tempo à frente da instituição, desde 1965 até 2005 no Cesf e de 1965 a 2015 no Anchieta. Desde 2005, o Cesf está sob direção da Irmã Lucia Staron. Com a saída da Irmã Dolores em maio de 2015 do Anchieta, quem assumiu a direção foi a Irmã Elza Alves Dantas, que em dezembro do mesmo ano passou o cargo para a Irmã Antonia Vania Alves de Sousa, que está à frente da Escola Municipal Anchieta.
Entre julho de 2010 e julho de 2011 o Cesf foi dirigido pela educadora Bernadete Cequinel, pois a Irmã Lucia estava participando do PDE.
Irmã Lucia Staron iniciou no Cesf como diretora auxiliar em 2004 e no ano seguinte tornou-se diretora geral da instituição. “Nasci em Contenda e trabalhei alguns anos em Ponta Grossa e Curitiba em colégios grandes e no Núcleo Regional de Educação, o que me deu certa experiência para trabalhar em instituições maiores, mas é sempre desafiador. Fiz uma especialização em Gestão Pública para me aprimorar na questão de como empreender melhor as verbas e conseguimos fazer muitas coisas, com a ajuda da comunidade também. O sentimento é de gratidão a Deus, que é tão bondoso e abençoou as Irmãs desde o início, em 1925, e continua abençoando até hoje, e também gratidão à comunidade, que está sempre apoiando o Colégio Estadual Sagrada Família”, diz.
São diretoras auxiliares do Cesf a Irmã Tereza Pzepiura e Mônica Helena Vieira.
Natural de Pedreiras, no Maranhão, a Irmã Vania conta que assumir a escola foi um momento único na sua carreira, que é dedicada à missão e à Educação. “Eu assumi o Anchieta dia 12 de dezembro de 2015 e foi um grande desafio, por conta da história grandiosa que a Irmã Dolores fez dentro do município e pelo grande prestígio da escola. Mas fui muito bem acolhida pelos pais e pela equipe pedagógica, que aceitou bem a minha forma de trabalho”, diz. “Gosto muito da frase de São Zygmunt, fundador da nossa congregação, que resume bem a nossa missão: ‘Tenhamos um coração sensível para cada miséria e porta aberta para cada sofredor’”, completa.
É diretora auxiliar do Anchieta Márcia Zanetti Marchiori.
“E como diz São Zygmunt Felinski, ‘nossa tarefa é semear, o brotar, fazer crescer, florir e frutificar está nas mãos de Deus’, esse é o processo da Educação”, finalizam as Irmãs.