Ainda sem poder realizar festas, salões precisam buscar alternativas para conseguirem se manter ativos no mercado
Foi realizado no início de setembro vários protestos em prol de um olhar mais atento para empresas do setor de eventos, um dos mais impactados pela pandemia da Covid-19. Sem poder trabalhar desde março, muitas empresas acabam tendo que fechar as portas temporariamente ou mesmo em definitivo, afetando ainda mais a economia nacional. Esse é um dos setores que mais movimenta a economia brasileira, gerando mais de R$ 930 bilhões de reais e 25 milhões de empregos diretos e indiretos, conforme informou a plataforma Promoview. No Brasil aconteciam cerca de 590 mil eventos por ano, sendo que desses 98% precisaram ser cancelados, de acordo com Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), representando uma queda superior a 90% nos serviços.
A Folha conversou com o presidente do Clube União Campolarguense, Sandoval Ribas, e com uma empresária e proprietária de buffet infantil, Keity Muner Seminate, que contaram um pouco do cenário do ramo de eventos e aluguel de salões em Campo Largo.
Clube União Campolarguense
Em maio de 2020 o Clube União Campolarguense completou 40 anos de fusão entre os clubes Macedo Soares e Campolarguese, mas a pandemia impediu qualquer tipo de comemoração. Tradicionalmente, as festividades realizadas no clube são aniversários, casamentos e formaturas, quando são alugados por sócios do clube ou pessoas de fora que desejam realizar eventos lá. Entre os eventos organizados pelo próprio Clube União, destacam-se a Festa de Aniversário do Clube União Campolarguense, em Maio, o Baile dos Pais e a Festa dos Advogados em agosto e o Baile do Havaí, em novembro.
“Dentro dos eventos o nosso faturamento caiu 100%, porque não tivemos nenhuma realização neste ano. Em maio seria o nosso evento principal, quando comemoraríamos o aniversário de 40 anos de clube, mas não pudemos fazê-lo. O que nos mantêm hoje são os aluguéis dos cinco imóveis, que estão localizados embaixo do clube. Nós reduzimos os valores durante o período da pandemia para ajudar os empresários neste momento, porque assim como nós, eles também estavam passando por dificuldades e vamos manter o valor reduzido até dezembro”, conta Sandoval, presidente do Clube no biênio 2020 – 2022.
Na reforma do clube foram gastos cerca de R$ 2 milhões, mas que vem sendo quitado mesmo com a redução e o caixa se mantém equilibrado. “Nós gostaríamos de investir em mobília e na parte interna agora do clube, mas vamos precisar esperar um pouco para conseguir fazê-lo, até passar essa fase. Temos três funcionários, que é um secretário, um office boy e uma zeladora, que mantivemos conosco sem redução e com todos os direitos em dia. Nossas licenças e impostos estão em dia também. Seguimos aguardando por definições, para que possamos voltar ao trabalho a todo vapor”, diz.
Os eventos que estavam agendados para esse ano estão sendo remanejados para 2021 ou ainda estão sem definição, pois algumas pessoas preferem esperar a vacina contra a Covid-19. “Nós queremos que todos voltem a se divertir, mas queremos que tudo seja feito com segurança”, finaliza.
Buffet infantil
O buffet infantil da empresária Keity Seminate está trabalhando com locação de decorações e montagem das mesmas na casa dos clientes, enquanto a pandemia não acaba. “O buffet que eu sou proprietária já existe há oito anos, mas eu estou à frente dele há um ano e nossa agenda estava sempre muito cheia, nossos finais de semana sempre tinham festas e era um setor muito aquecido. Meu último evento no salão foi no dia 12 de março deste ano, desde então tenho buscado alternativas para me reinventar. Estimo que meu faturamento tenha caído 90% neste ano sem os eventos”, diz.
Entre elas está a montagem das decorações na casa dos clientes, tudo feito dentro do que o espaço permite e utilizando, muitas vezes, itens da própria casa. “Alguns usam o rack da sala como mesa, a televisão como painel e vão inventando. Saem muitas decorações bonitas. O valor caiu bastante, pois eu já não consigo oferecer um pacote completo, como acontece no salão, por exemplo, mas é um meio de sobreviver. Infelizmente eu vejo que algumas empresas, especialmente aquelas que tinham funcionários fixos, não conseguiram suportar e precisaram fechar temporária ou definitivamente e isso é realmente muito triste”, completa.
Ela revela ainda que muitas famílias estão realizando os eventos para pessoas realmente próximas, em suas casas e com transmissão online e por isso investem um valor, ainda que menor, em decorações. “Elas ainda não se sentem seguras para realizar os eventos. As crianças estão praticamente fora do convívio social e os idosos são grupos de risco, esses são nossos públicos, então os pais, que são quem investe nestes eventos só irão se sentir seguros, em sua maioria, quando essa vacina for uma realidade”, explica.
Mesmo sem uma definição, muitas pessoas já estão procurando o estabelecimento para orçamentos de festas para o próximo ano e também remarcando datas deste ano para o próximo.
Ainda sem poder realizar festas, salões precisam buscar alternativas para conseguirem se manter ativos no mercado“Eu só peço que as autoridades olhem para o nosso setor, que movimenta muito dinheiro e está impossibilitado de trabalhar. Que assim que possível, tragam uma solução para nós também”, finaliza.