Desde março as atividades presenciais estão suspensas, tanto em escolas públicas como particulares, porém o trabalho continuou para milhares de alunos e professores, que agora precisam contar ainda mais com um apoio base
Desde março as atividades presenciais estão suspensas, tanto em escolas públicas como particulares, porém o trabalho continuou para milhares de alunos e professores, que agora precisam contar ainda mais com um apoio base da Educação: a família. Isso não é diferente para os alunos da Educação Especial no município, cuja parceria tem rendido excelentes resultados, que acabou por surpreender os profissionais da Escola Municipal do Campo Professora Doraci Rodrigues Machado – Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação para Jovens e Adultos na Modalidade de Educação Especial.
A professora Daniela Moreira, que já atua há 10 anos na Educação, conta que essa escola executa um trabalho diferenciado com os 36 alunos com idades entre 02 e 48 anos e que têm Síndrome de Down, Autismo, deficiência intelectual e múltiplas deficiências, com base nas orientações das Secretarias de Educação Municipal e Estadual. “Os alunos que pertencem à nossa escola, não frequentam o ensino regular, ainda não são alunos inclusos. Aqui há todo o desenvolvimento da parte pedagógica, como a alfabetização e as atividades que visam a autonomia dos alunos. Para alunos da Educação de Jovens e Adultos, que acontece a partir de 15 anos, temos as aulas de Jardinagem e Artesanato, que promove uma certa independência e gera a oportunidade de um trabalho para ele. Também desempenhamos as atividades de Artes e Educação Física, que fazem parte do currículo.”
Surpresas positivas
Com a suspensão das aulas presenciais, a professora Daniela revela que houve uma certa insegurança por parte das profissionais, já que precisariam contar muito com o apoio dos pais e com uma boa comunicação com eles, sobre o desenvolvimento das atividades e dos próprios alunos. Para isso, foram desenvolvidas apostilas, que são entregues pelas professoras ou retiradas diretamente na escola e grupos no WhatsApp, por onde as professoras dão as instruções das atividades.
Os professores procuram fazer atividades bem dinâmicas para os alunos, independente se ele ainda for bebê ou um adulto, desenvolvendo vários aspectos do conhecimento e do lúdico. Todos os dias já cedo entram em contato com as famílias por meio do aplicativo, passando as atividades. Algumas respostas são imediatas, outras levam algum tempo para responder, porque dependem também da disponibilidade dos familiares para auxiliar.
“Nós já tínhamos um bom relacionamento com as famílias, que são bastante participativas, mas as surpresas têm sido bem positivas. Os pais especialmente têm se envolvido muito nas atividades e dão autonomia para seus filhos - pais de alunos da Educação Especial acabam tendendo para o acolhimento e isso pode prejudicar o desenvolvimento dele. Um exemplo é dentro das atividades de Jardinagem, estamos sempre incentivando eles a cultivarem hortas em casa e muitos deles montaram suas próprias hortinhas. Nós ajudamos distribuindo mudas e sementes e estamos recebendo fotos lindas dos espaços, que têm sido muito bem cuidados por eles. Os pais ficaram encantados com o desenvolvimento dos seus filhos”, ressalta.
Ela explica que essa participação é crucial no desenvolvimento intelectual dos alunos de maneira geral. “Dentro da parte de Educação Física, por exemplo, os pais acabam se movimentando junto com seus filhos e isso é um benefício mútuo, uma vez que eles também se exercitam e há um convívio mais intenso com seus filhos. Todos ganham. Tivemos festas juninas e julinas em várias residências, onde os pais dançaram até quadrilha com seus filhos”, relata.
Agora, cabe aos professores administrarem a saudade dos seus alunos, ainda que consigam realizar a entrega dos materiais, não é a mesma coisa, já que neste momento não é possível abraçá-los.
Difícil realidade
Há também, por outro lado, famílias que não dispõem de aparelho celular ou sinal e que precisam marcar horários para falar com as professoras. “Vivemos a realidade de famílias que precisam ir até determinado local para receber ligações, por conta do sinal do celular. Há famílias que não possuem o aparelho e nosso contato fica sendo somente via apostila e isso prejudica o trabalho, pois não conseguimos acompanhar o desenvolvimento por meio de vídeos, por exemplo. Também há pais que são mais idosos e não sabem como utilizar a ferramenta ou famílias que não têm condições de adquirir um smartphone, esses são os maiores desafios. Porém, ainda assim, nós adaptamos para as realidades da família e buscamos realizar o trabalho da melhor maneira possível”, finaliza a professora.
Mensagem da equipe
A equipe de profissionais aproveitou para mandar uma mensagem especial para as famílias: “A pandemia parou o mundo, mas não parou nossas atividades; mudamos as estratégias, já que hoje é a distância, porém o empenho e dedicação permanecem. Acima de tudo acreditamos nas habilidades de nossos estudantes e no apoio de seus familiares, superando as dificuldades e com fé em Deus que tudo ficará bem. Saudades! Equipe Doraci”.