Muitos pais se viram diante de uma situação inesperada nesta pandemia. O que era para ser algo comum passou a ser um desafio: ter tempo livre com os filhos, mas o que fazer?
Muitos pais se viram diante de uma situação inesperada nesta pandemia. O que era para ser algo comum passou a ser um desafio: ter tempo livre com os filhos, mas o que fazer? A psicóloga clínica Laís Bucco comenta que com a rotina cheia de compromissos e horário mais reduzido para conviver com os filhos, a relação diária acabava sendo no momento do banho, comida, colocar pra dormir e levar pra escola. Boa parte do tempo acabava sendo isso e final de semana ir a lugares como shopping, parque ou eventos. “Era uma relação que não existia um tempo de sentar com o filho e inventar uma brincadeira, fazer um desenho ou realizar atividades mais lúdicas, pela falta de tempo”, explica.
Segundo ela, essa nova geração acabou perdendo muito esse processo de brincar com o filho. “Com a pandemia, pais trabalhando em casa ou ficando mais tempo em casa, também com os filhos mais em casa, começa a gerar uma tensão que muitas vezes nem sabem lidar, porque a criança quer atenção. Muitos dos pais não conseguem dar essa atenção para os filhos porque talvez desde que a criança nasceu não tiverem esse tempo só com os filhos e precisam se reinventar neste processo. Isso acaba gerando um desgaste emocional um pouco maior.”
Ser pai é também ter que interagir com a criança e construir um elo, uma relação com ela. Por isso, a psicóloga orienta os pais a elaborarem uma rotina atrativa para a criança para criar momentos em que ela se sinta cuidada, para que a tensão comece a diminuir. O tédio neste momento faz parte e ela comenta que é importante que os pais também ouçam isso dos filhos e os ajudem a lidar com os sentimentos. Também comenta que é natural um sentimento de impotência dos pais de muitas vezes não conseguirem sanar a birra da criança.
Para começar a melhorar a relação ela frisa para que se estabeleça uma rotina, pelo menos três vezes na semana, de um momento com o filho, deixando trabalho e celular de lado. Pode ser assistir algo juntos, passear de bicicleta, algum jogo, atividades que possa interagir com a criança e estabelecer vínculo pelo lúdico. Criar momentos em que a criança saiba que o pai e a mãe estão ali com ela. “Que os pais voltem a ser criança, que voltem a olhar para a criança como alguém que precisa desse olhar”, conclui.