Domingo às 24 de Novembro de 2024 às 09:10:00
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Um Dia dos Pais especial para o Dr. Dalton pós Covid-19

Ele conta como passar pelo internamento e vencer a Covid-19 mudou sua forma de ver a vida e a Medicina. “Sei que minha família sofreu muito com minha doença, então poder estar com todos será meu grande presente"

Um Dia dos Pais especial para o Dr. Dalton pós Covid-19

A Covid-19 tem sido um divisor de águas na vida de muitas pessoas, ou porque sofreram diretamente os sintomas da doença, pelo impacto financeiro, pela mudança drástica na rotina, por perderem algum familiar ou amigo próximo, como também pela batalha diária sendo enfrentada pelos profissionais da Saúde. Para o médico Dalton Luiz Rivabem Junior, uma mistura de sentimentos, mas uma certeza: a de que sua vida jamais será a mesma.

Ainda mais em um momento tão reflexivo como o Dia dos Pais, será um momento de muita comemoração. “Sei que minha família sofreu muito com minha doença, então poder estar com todos será meu grande presente. Será um Dia dos Pais muito especial para a nossa família, certamente”, declara.

Para ele, ser um bom pai é a maior missão na vida de um homem. “Hoje eu sei o valor das pequenas coisas da vida. Após um período difícil como esse, aprendi a valorizar ainda mais os nossos momentos, detalhes do nosso dia a dia”, conta ele que tem duas filhas. Com tudo que vivenciou, diz que hoje se sente melhor como marido, pai, profissional e também um amigo melhor. “Temos que ter em mente que cada dia é um presente que Deus nos dá e cabe a nós fazer desse dia o melhor possível, tanto para nós quanto para as pessoas que nos cercam. Então pretendo ser sempre o melhor possível em todos os aspectos”, diz.

“Nunca me passou pela cabeça que um dia ficaria na UTI como paciente”, comenta ele, que é diretor de UTI no Hospital do Rocio. O diagnóstico para Covid-19 aconteceu no dia 04 de julho, sendo necessário ser internado sete dias depois, sendo transferido no dia 12 do mesmo mês para UTI. A alta hospitalar chegou apenas no dia 22 de julho. “Ser cuidado pelos colegas e estar do outro lado da Medicina foi uma experiência difícil, sim, mas ao mesmo tempo serviu como um grande aprendizado para minha vida pessoal e profissional. Acredito que tudo tem um propósito e tenho que aproveitar o que passei para tirar lições muito positivas. Agradeço muito a todos que me cuidaram”.

Ele acredita que a pandemia “veio mostrar nossa incapacidade, nossa impotência. Ter muito dinheiro não salva ninguém, não garante nada. Independente da classe social, todos estão sendo afetados. Médicos e profissionais da Saúde estão por aí na linha de frente da batalha e muitos deles infelizmente pagando com suas próprias vidas. Eu consegui uma vitória, mas nem sempre é assim”.

Ele alerta para que cada um faça sua parte, tendo os cuidados básicos que todos já sabem, mas que fazem toda a diferença: usar máscara, isolamento social, evitar aglomerações e respeitar a saúde de cada um. Frisa que esse é um momento único na nossa história e muito difícil, com tantas vidas perdidas, desemprego, colapso na economia mundial e muito trabalho que ainda tem pela frente.

Dr. Dalton é um vitorioso no tratamento da Covid-19, seu internamento comoveu muitas pessoas que de alguma forma o conheciam, principalmente muitas que já foram salvas por ele, como também tem a oportunidade da convivência e aprendizado diário ao seu lado. Ele não imaginava o quanto as pessoas estavam na expectativa da sua recuperação. “Quero aproveitar a oportunidade e agradecer a todas as pessoas que de alguma maneira torceram e oraram por mim. Sei que foram muitas. Não canso de falar que toda essa energia positiva ajudou demais e acima de tudo agradeço a Deus pelo maravilhoso presente que é a vida”, conclui.

Rompendo em fé

A capelã do Hospital do Rocio, Érika Checan, lembra que a UTI verde, sob direção do Dr. Dalton, foi a terceira UTI aberta para receber pacientes Covid-19 e todo o corpo clínico se mobilizou, até mesmo porque ele foi o primeiro médico a ir pra UTI.


“É uma experiência desestruturante de um lado e de outro extremamente humanizadora, porque mostra que qualquer um pode ir para uma UTI. Temos experimentado no Rocio algo singular, que transcende a nossa capacidade de lidar com as situações inerentes à pandemia. O que eu percebo como paciente, como familiar de paciente e como capelã, é uma experiência sobrenatural. Tem paz em meio à angústia, solidariedade em meio ao isolamento, muito afeto e muita fé”, declara.


Comenta que as altas hospitalares são os maiores testemunhos e virou uma tradição, com a alta do Mario Boaron, os corredores com os profissionais e aplausos, em que os pacientes se sentem acolhidos. Momento em que oram juntos, cantam e são momentos de muita emoção e significado.


Quando foi visitar o Dr. Dalton, lembra de momentos de oração quando ele também sentiu medo de que o pior poderia acontecer e sentiu a experiência de Deus com o carinho recebido pela equipe de Saúde, também familiares que dela fazem parte.

A experiência da Érika com o Dalton iniciou de forma mais presente naquela UTI, em que presenciou vida e morte no mesmo ambiente, na gestação da Frankielen, que teve morte cerebral e foi mantida por aparelhos para manter a gestação dos gêmeos. Uma situação que repercutiu a nível mundial e entre diversos cuidados neste caso, montaram um painel de fotos deixando o momento ainda mais humano, situação que se repetiu agora com o Dr. Dalton, que teve em seu quarto no hospital um painel com fotos da família e bilhetes que tornaram o momento mais especial.

A capelã deixa uma mensagem de muita reflexão, com base na música escolhida para a alta do Dr. Dalton: “Rompendo em fé, Minha vida se revestirá do Teu poder, Rompendo em fé, Com ousadia vou mover no sobrenatural, Vou lutar e vencer, Vou plantar e colher, A cada dia vou viver Rompendo em fé”.