Se para alguns setores a situação está complicada, o mercado imobiliário está vendo uma maior possibilidade de negócios, com juros menores de financiamentos.
Se para alguns setores a situação está complicada, o mercado imobiliário está vendo uma maior possibilidade de negócios, com juros menores de financiamentos. Nesta semana, a Folha conversou com o corretor e empresário Ananias Machado de Lima Junior, que está há 18 anos na área e conta que o setor imobiliário vinha em uma recessão grande, mas agora, mesmo diante da crise econômica causada pela Covid-19, há uma grande positividade para a concretização de negócios.
“Tenho conversado com muitos corretores, empresários do setor que estão com o mesmo pensamento positivo. Hoje percebemos que há muitas pessoas interessadas em efetivar a compra dos imóveis que elas estão pesquisando. Não há mais visitas aos imóveis por curiosidade, mas para verificar se é do interesse e realizar o início do processo de compra, o que para nós é muito positivo”, retrata.
Ananias conta, ainda, que a maioria dos interessados está em busca de casas maiores, com espaço livre, saindo dos apartamentos, mesmo no caso dos prédios clubes, que possuem grandes espaços comuns, mas que estão fechados por conta da Covid-19; os imóveis em áreas rurais, como chácaras, também estão sendo procurados.
Há ainda uma percepção de maior busca de moradores de Curitiba interessados em Campo Largo, tanto porque estão trabalhando na cidade ou mesmo para sair da capital.“Percebemos uma carência de imóveis para locação no modelo loft, que é apenas um quarto, e das casas e apartamentos mobiliados, que têm grande procura e baixíssima oferta na cidade”, revela.
A construção civil foi considerada um serviço essencial e não parou de trabalhar, o que fez com que mantivessem grande parte dos prazos de construtoras, vendas de imóveis na planta e entregas, conforme conta.
Uma questão bastante complicada na cidade é o alto valor para aluguel de pontos comerciais na região central, por conta da valorização do local, do imóvel e o preço alto oferecido. “Nosso Centro é formado pelas ruas que passam próximo do Calçadão da XV de Novembro, vemos pouco crescimento nos bairros. Nessa fase de pandemia, com muitos estabelecimentos fechados, houve uma maior dificuldade, pois era preciso muito trabalho para conseguir cobrir uma despesa de aluguel. Por exemplo, um restaurante que precise pagar um aluguel de R$ 4.200, precisaria vender 420 marmitas a R$ 10 só para cobrir essa despesa – e não falo de um grande espaço ou localizado bem no Centro, mas em ruas onde a movimentação é um pouco menor”, diz.
Juros mais baixos
Em caso de compras, as documentações estão sendo feitas por despachantes, que resolvem todos os trâmites junto aos bancos. Em geral, a aprovação de financiamentos têm sido feita com prazos semelhantes, mas com juros mais atraentes para quem está pensando em adquirir um imóvel. “Estamos trabalhando com um juro de 7% ao ano no financiamento, o que permite parcelas mais suaves para o comprador. Antes da pandemia a taxa mais baixa chegava a 11%”, explica.
Esses juros mais baixos são resultados da menor taxa Selic da história, que chegou a 4,25% ao ano e fez com que os bancos iniciassem uma grande corrida em busca de oferta de melhores condições para financiamento imobiliário, o que aqueceu e impulsionou o mercado imobiliário, mesmo diante da crise. Por isso, a projeção para os próximos meses ainda será bastante positiva.