Praticamente, de um dia para o outro, milhares de empresários precisaram fechar as suas empresas em um ano que tinham como promissor.
Praticamente, de um dia para o outro, milhares de empresários precisaram fechar as suas empresas em um ano que tinham como promissor. Foram dias sem poder exercer suas atividades, quando necessitou de uma busca por novas estratégias para conseguir sobreviver em um cenário bastante adverso. A internet e as redes sociais acabaram sendo as principais ferramentas neste momento.
Na segunda matéria sobre a situação das empresas campo-larguenses, a Folha de Campo Largo conversou com Luciane Ceccatto, empresária e lojista há 29 anos, e com o empresário no ramo de academias há 12 anos, Emanuel Andrade. Eles contaram um pouco do cenário atual e como precisaram agir neste momento.
Redes sociais aliadas
Luciane Ceccatto possui uma experiência de 29 anos como empresária em Campo Largo e comenta que já havia enfrentado algumas crises financeiras, mas nada parecido com a pandemia. “Nós nunca precisamos fechar a loja em circunstâncias parecidas, somente fechamos para eventos de inauguração, de crescimento. Eu entendo completamente a situação de urgência da saúde pública, mas acredito que deveria ter tido um maior movimento de conscientização dos cidadãos, porque mesmo com os estabelecimentos fechados, havia muita gente andando pela região central e isso impacta às vezes muito mais do que os comércios abertos.”
Ela retrata que o primeiro fechamento da loja aconteceu logo após ela voltar de férias, ainda em meados de março, retornando às atividades no início de abril. Nesta época, a loja havia recebido as novidades de vestiário da coleção Outono/Inverno 2020, quando viram no Instagram uma oportunidade de vendas de maneira remota. Anterior a essa situação, Luciane já realizava publicações, mas com foco nas chamadas para visitas na loja, mas viu nisso uma oportunidade futura de vendas on-line, o que reconhece precisar de mais investimento e uma organização mais específica, principalmente no estoque. Por meio do contato on-line com os clientes, ela conseguiu atingir 70% das vendas que faria presencialmente, o que considera uma boa movimentação.
“Minha empresa é micro, tenho quatro colaboradoras e mantive o quadro, mas precisei suspender duas meninas e dar férias, mas estou fazendo todo o possível para conseguir manter o meu quadro, sem dispensar ninguém, porque me considero responsável por essas famílias também. Percebi que a nossa equipe está muito mais unida neste momento, que elas perceberam melhor os seus potenciais para a venda. O diálogo constante com a equipe e a transparência são fundamentais sempre, especialmente nesta fase. O que me deixa mais tranquila é saber que ninguém aqui foi infectado pelo vírus, todos estão seguros”, reforça.
Luciane contou ainda com um grande apoio de marcas que ela comercializa no seu estabelecimento, que proporcionaram reuniões on-line ensinando a administrar melhor o comércio neste momento de pandemia, proporcionando uma troca com outros lojistas de várias regiões e estendendo os prazos para pagamentos das mercadorias.
“Esse é momento de trabalhar ainda mais, procurar alternativas e de prestigiar o comércio local, pois todos são beneficiados com o giro da economia. Quando compramos de uma loja campo-larguense estamos ajudando a manter o emprego e a renda daqueles trabalhadores. Para os empresários, sempre foi dito que comércio em Campo Largo é difícil, pois é muito próximo de Curitiba, dos shoppings, mas esse é o momento de se reinventar, testar coisas novas e aderir a elas não só agora na pandemia, mas oferecendo um meio a mais para o seu cliente”, finaliza.
Academias preparadas
Emanuel Andrade está há 12 anos à frente de uma academia em Campo Largo e também nunca havia identificado uma crise que impactasse de tal maneira, tanto no aspecto financeiro como social. “Ainda em março, quando os casos começaram a mostrar um pequeno avanço na cidade, percebemos uma frequência abaixo de 50% dos alunos, na semana que resolvemos fechar por conta própria. Na segunda semana do fechamento, fomos avisados que as academias seriam fechadas como prevenção de contágio. Após esse fechamento, a Associação de Academias de Curitiba e Região Metropolitana (Acaf), da qual eu faço parte da diretoria, e a Associação Brasileira de Academias (Acad), trabalharam para promover protocolos para atendermos nossos alunos com muita segurança, sem correr o risco de contaminação do vírus.”
Entre as medidas, fizeram uma apostila, com o aval da Organização Mundial da Saúde, contendo os procedimentos de segurança, como agendamento de atividades físicas, uso de tapete sanitizante, kits de álcool em gel, termômetro na entrada, distanciamento social e outros. “Com todos esses procedimentos em mãos, após mais de 70 dias fechados, a Prefeitura de Campo Largo nos liberou para trabalhar. Mas manter um estabelecimento fechado é bastante custoso. Nossa piscina, , por exemplo, precisou continuar sendo filtrada e com temperatura mantida 24 horas para não estragar a água”, retrata.
Quando a academia fechou, Emanuel conta que precisou adiantar as férias de todos os colaboradores e precisou do incentivo do governo, o que na sua opinião foi ótimo e diminuição das cargas horárias. Infelizmente, não conseguiu fugir das demissões. “No período que estivemos fechados alguns colaboradores da área administrativa e financeira e alguns professores que não foram suspensos continuaram trabalhando, tirando dúvidas dos alunos e mantendo o contato. As aulas virtuais foram feitas com o propósito de manter os alunos ativos. Lembrando que muitas aulas surgiram no momento não só das academias, e sim de professores que disponibilizaram na internet”, conta.
Quando reabriram em junho, voltaram com 50% dos alunos que tinham em março, mas o decreto do Estado obrigou o fechamento novamente. “Muitos alunos continuaram nos ajudando e pagando suas mensalidades mesmo com a academia fechada, muitos até renovaram. Gostaria muito de agradecer a eles. Aumentamos prazos de vencimento e não cobramos multas, optamos pela negociação, até para evitar os cancelamentos e deixamos claro que esse momento pago não será perdido, pois o aluno terá direito a todo esse tempo prorrogado no final do seu plano, alguns já disseram que entendem essa situação”, diz.
“Pesquisas mostram que as academias são sim seguras, são ventiladas, limpas. O nosso maior fiscal é o aluno. Ele limpa o aparelho antes e após o uso e ainda temos a manutenção que faz essa limpeza. Este cenário pós-pandemia irá mexer com o setor, mas nós vamos manter o trabalho apenas com agendamento e isso vem para melhorar o nosso atendimento, de certa forma. O problema é que teremos que trabalhar com um número mais enxuto de colaboradores”, finaliza.