Não está sendo incomum ver crianças e até adultos soltando pipas pelas ruas de Campo Largo, seja na região central ou nos bairros. Porém, é sempre importante destacar o cuidado na hora de realizar essa brincadeira, já por conta da necessidade do isolamento social, visto a época que estamos vivendo, o cuidado com as fiações elétricas, com as pessoas que trafegam na rua e os pássaros e também o trânsito.

Segundo a Cocel, somente neste ano de 2020, as pipas já foram responsáveis por 12 interrupções no fornecimento de energia elétrica. Eles acontecem na maioria das vezes quando as pipas enroscam na fiação e a pessoa tenta “puxar”, o que muitas vezes causam um curto-circuito. A instituição alerta, ainda, que além do risco de desligamento e danos à rede de distribuição, soltar pipas próximo da rede energizada é um grande risco à segurança das crianças.

“Quando a linha da pipa encosta na rede de distribuição pode se tornar condutora de energia, causando choques. O risco é ainda maior se a linha estiver com cerol - o material do cerol pode causar ainda mais danos à rede de distribuição e é muito mais condutor de eletricidade. A recomendação é que nunca sejam soltas pipas próximas da rede de distribuição e de forma alguma utilizar cerol - que ainda oferece risco a quem passa pelo local. E se eventualmente uma pipa ficar enroscada na rede de energia, nunca puxar para tentar tirar”, ressalta a Cocel.

Usar cerol é crime?
O cerol é uma mistura de cola de madeira com vidro moído e que é passado na linha da pipa. Também existe a linha chilena, que é feita com óxido de alumínio e outros materiais abrasivos, através de um processo mecanizado quente. Mas é crime usar? Foi aprovado na Assembleia Legislativa do Paraná no último dia 08 de julho a redação final do projeto de lei 727/2019, que proíbe a posse, o uso, a fabricação, a comercialização e o transporte da mistura, que prevê que as denúncias de infração à lei podem ser feitas por meio de canais já existentes no estado, como o disque-denúncia 181. É aguardado agora a sanção ou veto do governador Ratinho Junior.

“Cabe à responsabilidade dos pais e maiores de idade que estejam acompanhando a atividade, caso os pais identifiquem que o menor esteja fazendo uso do cerol ou linha chilena, deverá imediatamente advertir quanto aos riscos e providenciar a destruição do material acima citado. Caso seja identificado o uso, é possível fazer denúncias para o telefone 153, da GM, 190, da PM, 191 da PRF no caso da BR-277, e Conselho Tutelar”, indica o Comandante Cordeiro, da Guarda Municipal.

“O adolescente flagrado utilizando o cerol em sua linha poderá ser encaminhado para a  delegacia, juntamente com os pais, para ser lavrado o ato infracional, baseado no artigo 132 do Código Penal , que discorre sobre o ato de colocar a vida de outra pessoa em perigo. Como é inimputável, o menor não será penalizado. Os pais, porém, podem ser qualificados no artigo 249 do (ECA) Estatuto da Criança e Adolescentes, por descumprimento do dever pátrio poder, ou seja, por ter permitido que seus filhos brinquem com substâncias perigosas. Dependendo do caso, o menor poderá ser também penalizado com medidas socioeducativas”, explica o comandante.

Caso a linha cortante mate uma pessoa, o crime passa a ser homicídio. Segundo o Comandante, a lesão corporal, crime previsto no artigo 129, prevê pena de detenção de três meses a um ano de detenção. Já o crime de homicídio prevê a pena de reclusão de seis a 20 anos. Já o perigo para a vida ou saúde de outrem - artigo 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente, ou crime de homicídio previsto no artigo 121 do Código Penal.

“É dever dos pais ou responsáveis junto aos seus filhos, principalmente os adultos, tendo em vista que maiores de idade também estão praticando esta modalidade arriscada, diversas pessoas soltando pipa em meio à via pública, entre redes elétricas, colocando em perigo de vida pessoas, ciclistas, motocicletas, aves, entre outros”, finaliza.