Domingo às 24 de Novembro de 2024 às 09:11:00
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Empresários falam sobre uma das piores crises já vividas

A Folha tem conversado com empresários de vários setores de comércios e serviços para saber como estão agindo para manter a estabilidade em meio à crise econômica que assola o mundo, causado pela pande

Empresários falam sobre uma das piores crises já vividas

A partir desta semana, a Folha irá divulgar matérias com vários setores de comércios e serviços para saber como os empresários estão agindo para manter a estabilidade em meio à crise econômica que assola o mundo, causado pela pandemia de Covid-19, iniciando pelos postos de combustíveis. Ainda que considerado atividade essencial, os postos de combustíveis perceberam uma grande diminuição no fluxo de clientes, chegando a constatar um faturamento até 40% menor, se comparado aos mesmos meses de 2019.

Para a matéria, conversamos com dois proprietários de postos tradicionais no município, Lenilton Zanlorensi, com uma empresa há 50 anos no mercado, e André Gequelin, também há 23 anos na área. Ambos dizem que nunca foi percebido um momento tão difícil como esse. "Nós já atravessamos momentos difíceis, como durante a greve dos caminhoneiros, em 2018, mas durou uma semana e aconteceu porque não tinha produto para comercializar, embora a procura fosse grande. Hoje é bastante diferente, porque não há fluxo de pessoas tão significativo, não atendemos as vans escolares, pais de alunos que levam seus filhos para a escola, representantes comerciais, o pessoal não está indo viajar. Tudo isso impacta bastante na venda", descreve Lenilton.

"Agora estamos percebendo um retorno do movimento, mas ainda não é como antes da pandemia. Quando passamos pela greve dos caminhoneiros, assim que chegavam os combustíveis logo filas se formavam ao redor dos postos e o que perdíamos de venda em um dia recuperava no outro quando chegava o combustível. Não é o que estamos vendo agora", retrata André.

Por conta da pandemia, os preços dos combustíveis chegaram a diminuir consideravelmente - chegando a custar em algumas regiões perto de R$ 3 por litro para o cliente - mas a instabilidade econômica, associada ao menor uso dos veículos, não fez com que os clientes procurassem os postos como antes. Agora, o valor começa a subir e em algumas regiões há registro do litro passar dos R$ 4. Contudo, em junho deste ano, a gasolina no Paraná chegou a ser considerada a mais barata do Brasil, custando uma média de R$ 3,80 o litro para o consumidor final.

Os serviços como troca de óleo, lavagem de veículos e conveniência também registraram queda de até 20%, segundo ambos os empresários. A grande questão, apontada por André, são os horários para funcionamento da conveniência. "Hoje nossas bombas, e acredito que de outros postos também, estão interligadas com o sistema do caixa da conveniência. Com a restrição no horário, podendo ficar aberto somente até as 18h, acaba prejudicando um pouco, porque não temos todas as máquinas de cartão sem fio e elas precisam recarregar também. Seria preciso considerar uma exceção quanto ao acesso à loja neste caso", explica. 

Ambos os proprietários precisaram usar de meios para garantir os empregos e não dispensar funcionários, como férias e redução de jornadas de trabalho e horas extras, por exemplo, mas que a prioridade é conseguir continuar com o quadro completo de colaboradores. No caso do posto de Lenilton, também foi importante o auxílio do governo para as empresas, anunciado já no início da pandemia. Para André, a fidelização de clientes e a negociação com pessoas que parcelam a compra também auxiliou bastante a manter o posto neste momento complicado.

 

O que poderia ser feito?

Quando perguntados sobre o que poderia ser feito para ajudar na recuperação econômica, os donos tiveram propostas distintas, mas ao mesmo tempo complementares. "A redução de impostos, da carga tributária que o empresário paga seria muito bem-vinda, isso falando a nível federal e estadual também, com o ICMS. O combustível tem muito imposto embutido e isso prejudica tanto nós, que atuamos no ramo, como também o cliente, que precisa de um produto de boa qualidade e bom preço também", finaliza Lenilton.

"Acredito que uma solução seria dividir os horários de funcionamento por setores ou ampliar os horários de atendimento, não diminuir. Quando estipula um horário menor de atendimento, há uma concentração de pessoas muito maior, pois elas só têm aquele momento para resolver sua demanda, mas quando há mais tempo para resolver o que precisam, a aglomeração tende a ser menor", conclui André.