Cinco irmãos estão vivendo há quase dois anos em um abrigo, após serem retirados pelo Conselho Tutelar da sua mãe, que é dependente química e encontra-se internada em uma comunidade terapêutica
Cinco irmãos estão vivendo há quase dois anos em um abrigo, após serem retirados pelo Conselho Tutelar da sua mãe, que é dependente química e encontra-se internada em uma comunidade terapêutica para o tratamento. Desde então, a avó materna vem lutando na Justiça para conseguir ter a guarda dos seus netos e poder criá-los cercado de amor e carinho.
Esse é o relato da advogada da família, Dra. Emanuely Woiski, que conta que assumiu o caso há um ano e meio. Ela retrata ainda que os pedidos para a guarda das crianças já foram negados várias vezes pelo Poder Judiciário, sob justificativa que a avó não teria condições. “Não há um esclarecimento total dessa situação, eles não falam quais condições a avó não tem para assumir a guarda dessas crianças que já estão há quase dois anos vivendo em um abrigo. Mesmo os responsáveis pelo abrigo já utilizaram justificativas que acabam imputando crime à pessoa, visto que a avó está respondendo um processo, mas a sua inocência já foi comprovada. Registramos um boletim de ocorrência contra o abrigo e eles pararam com essas afirmações.”
Segundo relato, a advogada diz que recentemente os responsáveis pelo abrigo utilizaram o argumento que, em decorrência da idade avançada da avó, ela não teria a possibilidade de cuidar das crianças. A avó está com 58 anos, tem boa saúde e disposição para cuidar das crianças, conforme conta. A advogada faz ainda o adendo que as crianças já consideram a avó como uma mãe, provado inclusive com desenhos e com a relação de afeto estabelecida entre eles. Alguns já chegaram a viver junto com ela.
“Nós mobilizamos a comunidade para ajudar essa mulher a ter seus netos de volta. Consegui uma casa para ela, que foi cedida, com espaço suficiente para todas as crianças, e que foi toda reformada pelos fiéis da Igreja Nossa Senhora de Fátima, na Vila Elizabeth. Nós conseguimos doações de móveis, então todas elas têm cama e a casa é equipada, incluímos a família nas tarifas sociais de energia elétrica e saneamento, além das doações de duas cestas básicas por mês. A avó trabalha como vendedora de produtos de catálogo e também em uma reciclagem, mas está recebendo o apoio da comunidade, que irá ajudá-la com muito prazer”, explica.
Abuso sexual
Segundo a advogada, a situação se tornou ainda mais grave quando houve um relato de uma das crianças que teria sido abusada sexualmente no abrigo por outro interno, também menor de idade. “Se todo esse relato já era bastante escabroso, quando tomamos o conhecimento desse fato tudo se tornou ainda mais indignante. Eles foram retirados da família para ficarem seguros, então acontece uma situação como essa. A avó está sofrendo ainda mais depois que tomou conhecimento e agora a luta é ainda maior para conseguir essa guarda”, reforça.
Dra. Emanuely relata que a família não foi avisada pela equipe que coordena o abrigo, que eles registraram um boletim de ocorrência, mas não comunicaram o Conselho Tutelar, Ministério Público e Poder Judiciário. “A criança não estava recebendo apoio psicológico para essa situação, o que é primordial, visto o trauma vivido. Nós entramos com o pedido de afastamento da diretora, assistente social e psicóloga da instituição por omissão dolosa, além de comunicar as autoridades. Eles instauraram um procedimento para apuração do caso. Além disso, reiteramos o pedido da guarda para a avó”, diz.
Resposta do Judiciário
A Folha de Campo Largo entrou em contato com a Vara de Família e Sucessões de Campo Largo sobre o caso, que explicou que o processo está correndo em Segredo de Justiça, visto que se trata de crianças menores de idade, mas que o Poder Judiciário analisa sempre todas as circunstâncias para a tomada de uma decisão.