As gavetas mortuárias localizadas ao fundo do cemitério da região central estavam interditadas há 30 anos e, para que todo o serviço pudesse ser executado, demandou um grande empenho do Atendimento e Serviço
As gavetas mortuárias de propriedade da Prefeitura de Campo Largo, no Cemitério Municipal, estão passando por uma grande reforma, que visa garantir maior humanidade e enterro digno aos indigentes e também às famílias de baixa renda, que muitas vezes não dispõe de terreno próprio para enterrar seu ente querido. As gavetas mortuárias localizadas ao fundo do cemitério da região central estavam interditadas há 30 anos e, para que todo o serviço pudesse ser executado, demandou um grande empenho do Atendimento e Serviço ao Cidadão.
"Nós precisamos fazer muitos processos até conseguir realizar a reforma. Foram retirados cerca de 1200 despojos (esqueletos de pessoas falecidas completos) do local, ossos com mais de 100 anos, que foram cremados. Antes disso, precisamos fazer um levantamento de todas as pessoas que foram enterradas ali, um obituário com mais esses nomes e publicar no site oficial da Prefeitura e também no jornal. Após essa chamada, que ficou disponível por bastante tempo, apenas duas famílias vieram realizar o translado do corpo dos seus entes queridos. Demos então o início ao processo de alvará judicial para iniciar a reforma", explica Adriana Rivero Santana, diretora do Atendimento e Serviço ao Cidadão.
Após feitos esses procedimentos, foi aberto processo licitatório para a contratação de uma empresa que pudesse realizar a cremação dos mais de mil despojos. A empresa que venceu a licitação foi o Crematório Perpétuo Socorro, que, segundo repassado pela diretora, já estava com nove barris de aproximadamente 300kg de cinzas.
Ela explica que serão construídos dois ossuários, aonde os ossos serão guardados com o devido cuidado, constando o nome da pessoa falecida. Os túmulos que estão sendo reformados serão destinados à pessoas sem identificação ou famílias carentes, podendo serem emprestados pelo período de três anos, via serviço funerário municipal.
A reforma irá abrir espaço para mais, aproximadamente, dez lotes, esses que poderão ser vendidos aos campo-larguenses ou a quem interessar. Porém, o processo não será por venda direta, mas sim com chamada de preço e concorrência, assim como acontece em uma licitação, por exemplo, tudo conforme a Lei, diz Adriana. A intenção é que o valor arrecadado com a venda desses 10 lotes a pasta consiga devolver aos cofres do Município cerca de 80% do valor empregado na reforma dessas gavetas mortuárias.
Fato curioso
Ao iniciarem o processo de reforma e a retirada dos corpos que estavam enterrados nessas gavetas mortuárias do Municipal, a equipe encontrou túmulos no subsolo, com cerca de dois metros de profundidade e com vários ossos, que podem ter mais de 100 anos. Não é possível descobrir quem eram essas pessoas, mas Adriana suspeita que eles foram levados quando aconteceu a mudança de endereço do Cemitério Municipal, que situava antigamente onde hoje é o Colégio Estadual Macedo Soares.
Em 1946 foi feita a inauguração oficial do Cemitério Municipal, mas existem documentos históricos oficiais da Prefeitura que mostram que o translado dos corpos começou ainda na década de 1930 para o endereço atual, feitos de carroça.