O posicionamento do Estado é que o comércio não essencial se mantenha fechado por mais dez dias. Prefeito definirá novas medidas na cidade nesta sexta-feira (03). Mesmo com carreata de empresários que manifestaram
Representantes do Governo do Paraná estão se reunindo constantemente com prefeitos e secretários de diversos municípios para discutir as medidas a serem tomadas como prevenção ao Covid-19. De acordo com o site da Defesa Civil do Paraná, o período de isolamento, com o fechamento do comércio não essencial, deve ser mantido por pelo menos mais dez a 12 dias, contando da última quarta-feira (01). O prefeito municipal deve emitir novo decreto e se posicionar na tarde desta sexta-feira (03) sobre as próximas ações.
Na última semana, mais de 100 empresários participaram de uma carreata pela cidade, como manifestação e pedido de reabrir o comércio, porque já somam grandes prejuízos e temem o problema financeiro que está tomando grandes proporções. Mesmo com o pedido e decreto do Estado de que só locais que são essenciais mantenham portas abertas, nesta semana foi possível ver o gradativo aumento na circulação de pessoas na rua, como também empresas que resolveram abrir as portas.
Para o vice-governador, Darci Piana, embora a Secretaria de Saúde do Estado esteja bem estruturada, a pandemia é séria e “não podemos nos descuidar, porque, senão, haverão muitas mortes e não é isso o que queremos”, alertou. “O governo não pode se responsabilizar, por exemplo, com os cuidados sanitários dentro de uma loja do comércio. Não há como controlar o fluxo de pessoas e muito menos se estão contaminadas ou não. O problema é se uma pessoa que estaria infectada deixa o hospital, pode entrar em seu lugar entre 10 a 12 infectadas por ele. Isto pode se alastrar e não é o que queremos”, ponderou.
Por isso, pedem paciência e tolerância aos empresários por mais um período. Se a situação ficar estável, serão mais flexíveis, mas se piorar precisarão tomar medidas mais drásticas. Uma das principais preocupações da administração estadual e das gestões municipais tem sido a quantidade de EPIs disponíveis para os profissionais da saúde.
Beto Preto, secretário estadual de Saúde, reforça que é necessário diminuir as aglomerações e manter a política de isolamento social. “Estamos preocupados. É o momento de juntar esforços. Precisamos usar a palavra unidade para passar por esse período tão difícil da pandemia. Precisamos lembrar disso todos os dias. Temos que manter o isolamento domiciliar porque essa é a medida não medicamentosa mais importante que temos”, afirma.
Acicla
Com a pressão de alguns empresários para reabrir o comércio, a Associação Comercial e Empresarial de Campo Largo (Acicla), divulgou que na última sexta-feira (27), esteve em contato com diretores da instituição, associados e com o prefeito Marcelo Puppi, ocasião em que foram apresentadas estratégias para retomada das atividades econômicas. No mesmo dia, o prefeito publicou um decreto prorrogando a recomendação da suspensão das atividades do comércio até 05 de abril. O mesmo salientou que a decisão vai ao encontro do decreto do governo do Estado, que suspende, por tempo indeterminado, os serviços e atividades não essenciais. Vários foram os questionamentos dos associados e a Acicla, mesmo insatisfeita com a decisão que afeta diretamente o comércio, reconhece que o momento é delicado e que ações rígidas de controle da propagação da doença são necessárias.
O comitê de crise da Acicla, instituído no início da epidemia, compreende os argumentos do poder público de que o fechamento do comércio até o dia 5 de abril é necessário e que não é uma opção. Assim sendo, mesmo insatisfeito com a determinação, entende que em primeiro lugar deve-se preservar a saúde e a vida das pessoas, se posicionando a favor da prevenção e da proteção da população e de seus associados.
Para Pedro Parolin Teixeira, Diretor e Advogado da Acicla, as empresas estão padecendo e com grandes dificuldades de honrar seus compromissos, sendo eles financeiros, tributários e/ou trabalhistas. Destacou, ainda, que uma eventual propagação do Covid-19 só traria maiores prejuízos para todos, sendo necessário ampliar de maneira significativa o tempo de reclusão e fechamento do comércio. “Neste momento precisamos nos unir para combater esse mal. Aproveitar o momento para planejar, mesmo que ainda sem definição, como será a retomada do comércio. A prevenção será necessária, principalmente, após voltarmos as atividades. Por este motivo, devemos desde já estudar formas de proteger nossos colaboradores, clientes e população de um modo geral”.
Edson Ribeiro, presidente da Acicla, afirma que continuará junto ao associado, buscando informações relevantes e abrindo canais para ouvir e apoiar a todos neste momento. “Sabemos que não é fácil tomar decisões neste momento e nosso maior desafio será entender todo esse processo de mudança diário. Vamos passar por dificuldades que ainda virão, mas acreditamos numa visão otimista, em nossa capacidade de resiliência e na força de trabalho que sempre foi a principal característica do empresário de Campo Largo”.