22-06-2010

Dificilmente uma pessoa não se sente feliz e realizado ao comprar algo, pode ser uma roupa, um calçado, um aparelho eletrônico, entre muitas outras coisas. Mesmo sendo algo natural, o consumismo pode se transformar em compulsão, fazendo com que muitos percam o controle na hora das compras, transformando o prazer em problema.

O número de pessoas que sofrem com o consumo em excesso é muito grande, porém, poucas procuram a ajuda de um profissional e, quando procuram, o problema já alcançou proporções muito grandes, resultando em grandes dívidas financeiras. Segundo a psicóloga, Josiete Trentini Stocco, a compulsão aumenta com a proximidade de datas especiais, como o Natal, pois a mídia tem uma grande influência através das promoções e parcelamentos. "Mesmo sem dinheiro, é possível gastar, seja através do cartão de crédito, cheques ou crediário".

A família é a primeira a alertar sobre o excesso, porém, a pessoa não deve esperar. Quando começa a perceber que gasta mais do que ganha, deve procurar ajuda. "Algumas características são constantes nos compulsivos por compras, tais como: não conseguir sair de casa sem dinheiro, cartão de crédito ou cheques; ter o shopping como o lazer preferido; deixar de pagar uma conta para iniciar outra; e comprar apenas porque está em promoção, mesmo sem precisar do produto", explica ela.

O tratamento clínico é realizado por etapas e a primeira é conseguir perceber que está gastando mais dinheiro do que ganha. A segunda fase, já com o acompanhamento psicológico, consiste em retirar os cartões de crédito e cheques da bolsa/carteira e não entrar nas lojas. Posteriormente, aos poucos, o paciente começa a frequentar os estabelecimentos comerciais, gastando com consciência, sem ultrapassar os limites.

"É muito importante que o paciente seja disciplinado e traga o problema para o consultório antes mesmo de gastar, evitando a aquisição de itens desnecessários. Uma compra não precisa ser realizada apenas porque o produto está em promoção, ou porque é difícil escolher apenas um exemplar", afirma Josiete.

A compulsão de compras não pode ser confundida com o Transtorno Obsessivo Compulsivo, pois no TOC a compulsão está relacionada a um pensamento como, por exemplo, "se eu não comprar, algo de ruim vai acontecer". Na compulsão, a pessoa gasta, em busca da realização, para satisfazer sua ansiedade e aliviar a tensão. "Mas o resultado é inverso, além de não resolver seus problemas, a frustração é enorme, com novas dívidas e, consequentemente, novos problemas", afirma ela.

É importante ressaltar que o consumismo é normal e necessário, mas deve ser realizado conscientemente e dentro dos limites financeiros de cada um. Ele não pode ser prejudicial, deve ser prazeroso e sem culpa.