Sexta-feira às 10 de Outubro de 2025 às 07:45:49
Opinião

Onde está a sua criança interior?

Onde está a sua criança interior?

Quando foi que deixamos de sonhar? Em que momento, entre boletos, compromissos e prazos, esquecemos o prazer de imaginar e de viver os dias como se cada um fosse uma nova descoberta? Talvez a vida adulta tenha nos colocado em uma engrenagem que gira rápido demais e, sem perceber, passamos a viver no automático, repetindo rotinas e chamando isso de “vida real”. Mas será que precisa mesmo ser assim?
A verdade é que crescemos e, com isso, fomos nos afastando daquela criança que um dia fomos, mais curiosa, criativa, cheia de perguntas e esperança. É certo que os problemas e responsabilidades da vida adulta são pesados e reais, mas eles não precisam apagar as cores da nossa existência. Manter viva a capacidade de se encantar, de rir sem motivo, de sonhar mesmo diante das dificuldades, é o que nos faz humanos e nos devolve a alegria, o otimismo e a fé.
Não sabemos com que lentes cada leitor enxerga o mundo. Mas há um Livro, o mais vendido em toda a história, a Bíblia, que há mais de 50 anos ocupa o primeiro lugar no Guinness World Records, e traz uma mensagem poderosa sobre o valor das crianças e o ser como elas. Em Mateus 19:14, Jesus diz: “Deixem as crianças virem a mim e não as impeçam, pois o Reino dos Céus pertence a quem é como elas.” Para Jesus, as crianças sempre tiveram um lugar especial. Nos tempos em que viveu, elas eram vistas como menores, insignificantes, muitas vezes invisíveis em meio a uma sociedade dura e desigual. Ao proferir essas palavras, Jesus não apenas lhes dá dignidade, mas Ele as coloca como exemplo de pureza, fé e entrega.
E será que, de alguma forma, esse olhar distorcido sobre a infância não continua vivo entre nós? Quantas vezes as crianças ainda são tratadas como “seres de menor importância” ou como se fossem um peso na vida dos adultos? Quantas têm sido esquecidas dentro de suas próprias casas, cercadas por adultos ausentes, presentes apenas no corpo, mas não na alma? Há crianças que crescem sem carinho, sem tempo, sem atenção, e isso independe da classe social. O abandono afetivo também mora nas rotinas cheias, nos olhares que não se cruzam e nas conversas que nunca acontecem.
Talvez este Dia das Crianças seja uma oportunidade para mais do que presentear, seja o momento de reaprender a olhar. Olhar para as crianças com mais ternura, paciência e interesse genuíno. Olhar para dentro e resgatar, ainda que em meio à correria, aquela parte de nós que acreditava, sonhava e via beleza nas pequenas coisas. Porque, no fim, é essa criança interior que mantém aceso o brilho da esperança. E quando a deixamos florescer, o mundo volta a ter cor, e a vida a ter ainda mais sentido.