08-06-2010
Mais de 900 casas, a maioria com menos de 50 metro quadrados, uma população de mais de quatro mil habitantes.
08-06-2010
Mais de 900 casas, a maioria com menos de 50 metro quadrados, uma população de mais de quatro mil habitantes, uma escola municipal, pequenas mercearias e uma pequena panificadora. Este é o Monsenhor Francisco Gorski, localizado na Zona Sul de Campo Largo, um bairro sem saneamento básico, sem infraestrutura urbana, e com apenas as redes de água e luz. Quando chove, o ônibus não chega até o ponto final, porque há um aclive acentuado, na volta, que o veículo não consegue vencer.
Há cerca de 15 anos, o Gorski, a nova fronteira urbana do Município, vem enfrentando as suas dificuldades. Muitos moradores já desistiram de morar lá, pela distância e pelo sacrifício. A mais nova obra de urbanização que o bairro recebeu foi a pavimentação da Estrada da Ratada, o seu principal acesso ao centro da cidade. Mas a obra parou porque uma casa está bem no meio do traçado da rua, antes da entrada do bairro.
Fronteira Urbana
O Gorski foi criado como uma nova fronteira urbana, uma região para onde a cidade deveria crescer. A rua principal, a Canadá, é larga e foi planejada para ter canteiro central e calçadas largas. Mas os lotes foram vendidos sem que o bairro recebesse a infraestrutura necessária para torná-lo habitável. Desde o início, os moradores tiveram que lutar por tudo, água, luz, telefone, linha de ônibus, e ainda continuam lutando por pavimentação asfáltica, posto de saúde, creche e rede coletora de esgotos.
"Nossos maiores problemas aqui são a falta de pavimentação asfáltica e a falta de uma rede coletora de esgotos", disse o presidente da Associação de Moradores do Gorski, Domingos Batista de Oliveira, que tomou posse na nova Associação, criada no final do ano passado. Segundo ele, os moradores precisam se unir mais, em torno da Associação, para que a entidade possa ter força para agir e reivindicar as obras e serviços necessários. "Essa região é uma nova fronteira urbana, é a área para onde Campo Largo pode crescer, mas é preciso muito investimento público", disse ele.
Problemas
"O Gorski já foi um bairro muito violento, mas hoje se compara com qualquer bairro da cidade. Ainda existem muitos assaltos a ônibus, pelo menos um por semana e o tráfego e o consumo de drogas ainda é muito grande, mas a população, como um todo é de trabalhadores, honestos, de famílias pobres, mas decentes", disse o presidente da associação. Ele luta, junto aos poderes públicos, para levar equipamentos importantes, e obras de infraestrutura para o bairro. "Estou toda semana na Prefeitura, de gabinete em gabinete, protocolando pedidos, fazendo cobranças, mas até agora não consegui nada, só promessa", disse ele.
Há um ano o desmoronamento de uma encosta ameaçou soterrar três casas. Os moradores se mobilizaram, o pessoal da Defesa Civil esteve no local, houve promessa de realocar as famílias ameaçadas, mas de concreto ficou apenas uma lona preta, protegendo a encosta, que hoje está totalmente destruída. E foi a falta de uma ação concreta, para livrar as famílias, que quase aconteceu uma tragédia, na última sexta-feira, quando a encosta novamente começou a deslizar. Felizmente parou de chover, mas as famílias ficaram desesperadas, por mais de 12 horas.
Há ruas intransitáveis, no bairro, sendo as piores, o final da Avenida Canadá, após a Escola Municipal e as ruas Nigéria e Cuba, onde nem à pé dá para transitar. Nas demais ruas, há a necessidade de serem executadas obras de pavimentação ou pelo menos de ensaibramento, segundo o presidente da Associação. A reportagem d´A Notícia esteve no local e verificou os problemas enfrentados pelos moradores.m, contato com a Prefeitura Municipal, a Reportagem recebeu informação de que as reivindicações dos moradores deverão ser atendidas tão logo uma das equipes da Secretaria de Viação e Obras esteja disponível.
Fundo de Vale
O bairro também tem problemas com os fundos de vale. Nas margens dos córregos e nos fundos de vale, existem casas, mas os moradores vivem sob constante ameaça de uma tragédia. O presidente da Associação de Moradores disse que todas as residências nessa situação já estão cadastradas na defesa Civil, para que os moradores sejam realocados. "Não sabemos quando isso vai acontecer", disse ele. Domingos é um dos moradores que comprou o lote e construiu sua casa e só anos depois soube que estava em área não edificavel, porque está praticamente dentro do rio. "Parei de pagar, porque não sei o que vai ser de mim, não sei quem vai me ressarcir esse prejuízo", disse ele.
Esgoto
Uma das maiores reivindicações dos moradores, além da pavimentação das ruas, é a implantação de uma rede coletora de esgotos. A qualidade de vida dos moradores do Gorski não é das melhores, exatamente pela falta desses dois itens, que são considerados importantes. O asfalto eles não sabem quando terão, não há precisão, na Prefeitura Municial, para a obra. O esgoto sanitário, parece mais difícil, uma vez que, segundo eles foram informados pela Sanepar, o bairro fica abaixo da cota da rede de esgotos da Com,panhia, que chega até o Águas Claras.
"Há a necessidade de uma rede coletora de esgotos, eles deveriam dar mais atenção para nós, deveriam construir uma Estação Elevatória, ou até uma nova Estação de Tratamento", disse o presidente da Associação de Moradores. Ele lembrou que o saneamento básico é fundamental para a qualidade de vida e da saúde da população.
Futuro
Mas o Gorski não é só problemas e lamentações. Num rápido passeio pelas ruas do bairro, é possível notar uma nova tendência de desenvolvimento. Muitas casas, inclusive de construtoras e imobiliárias, estão sendo construídas. Para um investidor, que foi entrevistado pela Reportagem, "a pavimentação da Estrada da ratada melhorou muito as condições para quem pretende morar no Gorski, só falta agora a pavimentação pelo menos da rua principal do bairro, a Canadá", disse ele.
Sobre a participação da Prefeitura Municipal, no apoio aos moradores, o presidente da Associação disse que "a Prefeitura alugou o antigo Rancho dos Violeiros, e agora nós utilizamos o espaço, de vez em quando, para reunir os moradores", disse ele, lembrando que todos têm esperança de que o bairro melhore, e que se torne um lugar melhor para morar.
Quando a equipe d´A Notícia voltava, um frase, escrita em tinta branca na porta de um barracão fechado, chamou a atenção, porque mostra o espírito de luta dos moradores do bairro. Estava escrito: "Um dia, a Educação vai tomar conta do povo e a as famílias terão mais conforto e as mães não vão mais chorar pelos seus filhos".