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Reencontro

01-06-2010
Sequestrada por uma vizinha quando tinha sete meses de idade, em Piraquara, uma adolescente encontrou, na semana passada, em Campo Largo, a sua avó biológica.

Reencontro

01-06-2010

Sequestrada por uma vizinha quando tinha sete meses de idade, em Piraquara, uma adolescente encontrou, na semana passada, em Campo Largo, a sua avó biológica. O sonho de Maíra Luiza Bueno (16), de encontrar a sua família, se tornou realidade graças à ajuda de Avelina Geraldo Campos, coordenadora do Centro de Referência da População Migrante de Rua de Presidente Prudente, São Paulo, do site de busca Google e do Bolsa Família.

Maíra estava em um abrigo para menores, em Presidente Prudente, onde foi parar depois de uma vida conturbada. Fez amizade com a coordenadora do Centro, e dela conseguiu a ajuda que precisava para encontrar sua família. Avelina descobriu que a jovem queria, a qualquer custo, encontrar sua mãe, e começou a procura. Com o nome da mãe e do avô fez buscas na Internet, mas nada conseguiu. Foi quando teve a idéia de digitar o nome da avó materna e acabou por encontrá-la no Cadastro do Bolsa Família.

Vida conturbada
Depois de seqüestrada de casa, em Piraquara, ainda bebê, Maíra foi levada a um lar para crianças, em São Paulo, onde viveu até aos quatro anos, quando foi adotada. Por falta de condições de continuar com a menina, a família adotiva devolveu Maíra quando ela tinha 12 anos. Do Lar ela foi levada para o Centro de Referência da População Migrante de Rua, onde não se adaptou e acabou fugindo. E foi por causa de uma fuga que a coordenadora da casa, Avelina Geraldo Campos, descobriu que a jovem procurava por sua família, e resolveu ajudá-la.

Avelina diz que a história da jovem nunca foi clara, uma vez que ela foi mandada para o Centro de Referência depois de uma ordem judicial. "Sabíamos apenas que ela havia sido devolvida pela família adotiva. Um dia, no entanto, ela fugiu de nossa casa e, ao voltar, nos contou que sonhava em encontrar a mãe verdadeira", disse Avelina que, usando dados da Certidão de Nascimento de Maíra, começou a procurar a família da moça. Sabia apenas que a Certidão havia sido tirada em um cartório de Piraquara, nada mais.

Durante vários dias ela procurou contato com prefeituras, secretarias de Assistência Social, e não consegui nada. Até que um dia teve a ideia de procurar no site de buscas Google, pesquisou pelos nomes da mãe e do avô da jovem, mas não encontrou nada. Só quando consultou pelo nome da avó é que encontrou o nome no Cadastro no Bolsa Família. Por meio do cadastro foi possível descobrir que a família de Maíra morava em Campo Largo.

Avelina contou com a ajuda da Secretaria de Assistência Social e do Conselho Tutelar de Campo Largo, através do conselheiro Jorge, que localizou o endereço da avó, Maria da Penha Paulino. O encontro com a família aconteceu no último dia 26 quando, em Presidente Prudente, para onde a avó da menina viajou, e depois de 15 anos, finalmente a Maíra voltou para casa.

Família
Maíra não teve família, pois desde que foi seqüestrada, ainda bebê, perambulava de casa em casa, de lar em lar, sem saber da sua origem. Com um belo sorriso no rosto, ela parece ter deixado para trás os 15 anos de sofrimento e só quer curtir a nova e verdadeira família. A mãe, Andréia Amália Bueno, infelizmente, está gravemente enferma, mas era tudo o que a menina queria, tem uma casa, uma família e se sentir amada.
Agora Maíra mora com a mãe e a avó, numa casa humilde, na localidade de Três Rios, em Campo Largo. Pensa em estudar, em conhecer todos os parentes, resgatar os 15 anos que lhe roubaram. No dia 27 de setembro próximo ela completará 16 anos, quando pretende reunir todos os parentes. Ela ainda está deslumbrada pelos flashes que o seu caso acabou atraindo, uma vez que a notícia ganhou repercussão nacional. Depois ela quer sossego, quer estudar e viver em paz. Não guarda rancor do passado, mas lembra que os que fizeram isso com ela, têm que pagar na Justiça.