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Furto de Energia

26-05-2010
Apesar do combate diário aos "gatos", a Cocel - Companhia Campolarguense de Energia não consegue evitar esse tipo de crime.

Furto de Energia

26-05-2010

Apesar do combate diário aos "gatos" (furtos de energia através de ligações clandestinas), a Cocel - Companhia Campolarguense de Energia não consegue evitar esse tipo de crime, que pode causar incêndios e mortes, como aconteceu na noite de quinta-feira (20), no Cercadinho. Muitas vezes os funcionários da Companhia necessitam do apoio da Guarda Municipal ou da Polícia Militar, para efetuar o desligamento do desvio de energia, porque esse serviço causa forte reação dos que se beneficiam dos "gatos".

O presidente da Companhia, Udo Schmidt Neto, disse que existem algumas áreas em Campo Largo, onde ocorre com frequência o furto de energia. "Nós combatemos esse problema, que nos causa sérios prejuízos, algo em torno de 2,5 a 3% do total da nossa energia. Perdemos com os "gatos", e não só para pessoas pobres, em áreas de invasão, que roubam energia exatamente porque moram em áreas sem documentação, mas temos casos de pessoas de posse, até empresários, que instalam "gatos", para não pagar energia", explicou o presidente da companhia.

Áreas críticas - A Reportagem d´A Notícia percorreu áreas de invasão no Cercadinho, onde ocorreu o acidente com morte na semana passada, na Ferraria, no Meliane e na PR-423, entre as duas pistas da BR-277, onde existem mais de 60 barracos, cujos moradores furtam energia da rede. Em todos esses locais é possível ver os fios que "descem" dos postes, alguns são enterrados e abastecem os barracos. As ligações são precárias e altamente perigosas. Em alguns desses locais, os fios passam sobre árvores, cercas, muros, riachos, expondo a população a grave risco.

Nessas áreas existem contrastes, como barracos erguidos com restos de madeira e até papelão, com antenas de televisão ou parabólica, evidenciando que a moradia é abastecida com energia elétrica. O excesso de ligações clandestinas na invasão às margens da PR-423 já causou vários problemas para os moradores, como curto-circuitos, incêndios e queda constante de energia. No Cercadinho, na área da antiga Olaria Bidin, existem cerca de seis a dez barracos, todos com "gatos" da rede de energia. Na tentativa de fazer a ligação de energia para um desses barracos que o morador recebeu uma descarga fulminante, na noite de quinta-feira, e acabou morrendo.

Crime - Udo Schmidt, presidente da Cocel, informou que além de se constituir crime, o furto de energia através dos "gatos", é uma ameaça grave à integridade física da população. As crianças que brincam sobre os fios, mesmos os enterrados, podem sofrer acidentes e até morrer, em caso de contato com a corrente elétrica. "Nós temos a obrigação de combater o furto de energia, os "gatos", e cumprimos nossa obrigação muitas vezes com apoio da Guarda Municipal ou da Polícia Militar, porque nessas áreas os moradores costumam ameaçar nossos funcionários, quando eles chegam para desligar os "gatos" e arrancar os fios", explicou ele.

"A pessoa leiga não sabe o potencial de perigo ao qual se expõe, ao mexer numa rede elétrica. Por isso não é recomendável para ninguém, efetuar ou manter esse tipo de ligação. Uma diferença de tensão, de 127 ou 220, pode matar, e se a pessoa fechar o curto na alta (na rede de alta tensão, que fica na horizontal, nos postes), pode receber uma descarga de até 13.800 volts, e ser carbonizada na hora", explicou Udo.

Solução - Parece não haver solução para o furto de energia elétrica, principalmente nas periferias das cidades, de todo o país. Em Campo Largo existem poucas áreas de invasão e, consequentemente, os índices de "gatos" são menores, se compararmos situações de cidades próximas, como Pinhais, São José dos Pinhais e Colombo. Uma das soluções poderia ser a autorização para que a companhia de energia instalasse a energia elétrica, em todos os barracos e aqueles consumidores que comprovassem ser baixa renda, entrassem em um dos programas de fornecimento de energia a custo menor, pelos governos Estadual ou Federal. Há, entretanto, entraves legais e normativos, que impedem a solução do problema.