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Turismo

13/05/2012

Hospedagem sofisticada em ambiente doméstico

Turismo

13/05/2012  Fonte: Gazeta do povo

Itapoá (SC) - A baía da Babitonga é o ponto em comum das cidades de Joinville, Itapoá e São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Além do conjunto de 24 ilhas, entre elas a de Guaraqueçaba, e as belezas da sua travessia, a Babitonga oferece aos turistas e velejadores um dos poucos pontos de apoio náuticos do litoral catarinense. A parada estratégica para quem sai de barco de Caiobá, Guaratuba, Cambouriú, Joinville, São Chico e até Florianópolis fica na região de Pontal, em Itapoá, no Baití Hotel Marina.

A marina, com capacidade para 18 embarcações e projeto para até 150, era o primeiro objetivo da família Nóbrega. Veranista da região desde 1970, o casal Ana Lúcia e Roberto apostou as férias dos filhos no litoral catarinense quando a infraestrutura local não dispunha nem mesmo de estrada. Itapoá era distrito de Garuva e havia pouco ou quase nenhum suporte turístico para veraneio nos quase 30 quilômetros de praias da região.

Hoje, 40 anos depois, os Nóbrega consolidaram sua presença na cidade com um empreendimento familiar que reúne suporte náutico, hotelaria e restaurante. E os filhos também voltaram, desta vez como moradores e empresários. A família compartilha a administração do empreendimento, cada um na sua especialidade. O filho arquiteto e a nora paisagista assinam o projeto de construção sustentável que deu cara ao Baití, que significa minha casa, em hebraico. A filha chef de cozinha toca o restaurante Tambaiá, em parceria com o marido (veja texto ao lado).



Ana e Roberto usam a experiência e a sensibilidade para administrar o complexo e os dilemas societários, que facilmente transformam os encontros familiares em reuniões de negócios. O resultado é uma mistura saborosa de hospitalidade com elegância e bom gosto, com rigorosa atenção aos detalhes, sem descuidar de um projeto de inserção social raro entre empresários brasileiros.

Explica-se: a troca do interior -- os Nóbrega viviam em Londrina -- pela vida de caiçara no litoral catarinense agrega objetivos que vão além de um negócio no ramo de hotelaria e gastronomia. A intenção aqui é integrar a paisagem, não apenas no aspecto arquitetônico.

O cuidado na escolha dos materiais e no projeto civil do hotel de 15 quartos reflete essa preocupação: o incentivo ao desenvolvimento da região. Tudo ali foi construído com mão de obra local. "Brinco que atrasei a inauguração do porto. Empregava sete pedreiros locais, enquanto eles precisavam de 700", diz Roberto.

O complexo ocupa uma área de 3 mil metros quadrados de construção, às margens da Babitonga. Cumpre todas as exigências ambientais para a instalação da marina, com infraestrutura para limpeza e abastecimento das embarcações. Também usa madeira reciclável e sistema de captação de água da chuva.

O empreendedorismo social também está presente dos detalhes da decoração. Ana Lúcia foi voluntária em instituições sociais por 20 anos e usou esse know how para atuar com grupos de mães carentes da região, na produção de artesanato. "Ainda não consegui implantar uma cultura de produção adequada no grupo, mas alguma coisa já foi possível fazer", conta, enquanto mostra as almofadas coloridas que ornamentam os ambientes externos do Baití e que podem ser adquiridas pelos hóspedes. Essa, aliás, é a proposta original do hotel, concebido no conceito boutique. "Quero trazer para cá os produtos locais, ser uma vitrine para essa produção", explica Ana Lúcia, que usou a formação em hotelaria e turismo para a criação do Baití.

A instalação do empreendimento tornou possível alguns avanços na região, como a instalação de rede de telefonia confiável, e outros aspectos legais e ambientais que tinham pouca atenção. Com 33 funcionários, a empresa é a terceira maior empregadora do município, atrás do porto e da prefeitura. "O enfoque em turismo de naútico, gastronômico e de eventos também pode contribuir para o crescimento econômico da região", aposta Ana Lúcia. Aos poucos, a família também articula a estruturação do ecoturismo. "Temos um ótimo potencial para esse segmento, como a observação de pássaros e os passeios de barco", idealiza.

Por enquanto, o Baití e o Tambaiá, nome do restaurante anexo ao hotel, são uma excelente opção de lazer para o veranista que visita a região, seja por mar ou por terra. A hospedagem caprichada e ecologicamente correta é coroada pelos pecados gastronômicos capitaneados pelos chefs da família. Não dá pra perder.

Serviço
Baití Hotel Marina e Tambaiá Restaurante. Rua 2670, 100, Pontal, Itapoá (SC). Diárias para duas pessoas a partir de R$ 218. Há quatro categorias de acomodação: luxo, superior, suíte marina e suíte master. Informações pelo fone (47) 3443-7093 ou no site

Cozinha de lavar a alma

Itapoá (SC) - O gratinado de siri, o chapeado de frutos do mar e a asinha de robalo fazem parte do cardápio do Tambaiá, restaurante anexo ao Baití Hotel Marina, em Itapoá. Mas a especialidade dos chefs Emiliana e Miduca Carvalho é a dobradinha: em casa e na cozinha. A parceria em casa começou com o romance adolescente, ela aos 17 anos, ele aos 22, durante temporada de estudos no exterior. Hoje, três filhos depois e muita panela dividida, o casal é responsável pela gastronomia do empreendimento da família.

Tambaiá significa morada das conchas, em tupi guarani. Em Itapoá, ganhou sobrenome: Cozinha da Alma. O ambiente cuidadoso e aconchegante é só parte do carinho que o casal jovem e curioso dedica aos pratos que elabora. A pesquisa de ingredientes regionais e os testes com texturas e sabores são traduzidos em receitas exclusivas. "Acumulei influências de diversas etnias na minha trajetória: culinária oriental, portuguesa, italiana, espanhola. O grande barato é traduzir isso tudo em um cardápio marcante", explica Miduca.

Uma das exclusividades do Tambaiá é a asinha de robalo. O petisco, feito com a porção da nadadeira inferior do peixe, é empanado e servido com molho agridoce. Está entre os aperitivos mais solicitados no restaurante. Tem também o ceviche e o escabeche de cambira, acompanhamentos perfeitos para uma cerveja especial. A sugestão de Flávio Bin, da importadora Porto a Porto, de Curitiba, é degustar com a Paulaner Original, de produção alemã e uma das mais antigas do mundo, criada em 1634.

Outras receitas que compensam a viagem até Itapoá são o gratinado de siri e o chapeado de frutos do mar, ambos servidos como entradas. No primeiro, a valorização dos ingredientes regionais faz a diferença na textura da preparação. A produção de carne de siri é um forte na região. Parcerias com pescadores locais garantem o abastecimento do Tambaiá. No chapeado, a mistura de legumes com lula, camarões, mariscos e filé de peixe deixa o prato saboroso e nutritivo. Entre os pratos principais, a pescada amarela com crosta de ervas, servida com cuscuz marroquino e creme de beterraba é, ao mesmo tempo, suave e sofisticada. Vai muito bem com a Paulaner Dunker, com trigo mais tostado. A base de legumes também entra na guarnição de outro prato quente: o bacalhau com batatas ao murro. Para arrematar, a sugestão é o sorvete de manjericão com brownie de chocolate e cobertura de doce de leite. Era o motivo que faltava para a alma e paladar entrarem em festa.

Provar as receitas do Tambaiá é muito fácil. Nesta sexta-feira (4), o restaurante promove o 2º Festival Gastronômico -- até o fim do ano devem ocorrer mais duas edições. No happy hour de sexta-feira será servida uma seleção de tapas com camarão, ceviche, mexilhões, canapés e gravlax de salmão. O menu confiance, com entrada, dois pratos quentes e a sobremesa, será a opção para o jantar de sábado (5) e o almoço de domingo (6).

Serviço 2º Festival Gastronômico Tambaiá Restaurante. De 4 a 6 de maio. Happy hour na sexta por R$ 60 por pessoa. Menu confiance no jantar de sábado e almoço de domingo por R$ 95 por pessoa, cada refeição. Anexo ao Baití Hotel Marina, Rua 2670, 100, Pontal, Itapoá. Informações pelo fone (47) 3443-7003.

A jornalista viajou a convite da Importadora Porto a Porto e do Baití Hotel Marina.