Sabado às 01 de Novembro de 2025 às 05:29:04
Geral

Projeto Vida Nova

23/03/2012

Projeto Vida Nova, no Gorski, estimula o potencial de jovens e adultos

Projeto Vida Nova

23/03/2012

Um espaço de garantia de direitos, onde profissionais estimulam o potencial de cada pessoa e trabalham para a inserção na sociedade e reinserção escolar, com objetivo de desenvolvimento pleno de todos os participantes. É assim o Projeto Vida Nova, no bairro Francisco Gorski, que, como um órgão municipal, tem apoio de diversos outros órgãos e parcerias que, juntos, têm conseguido bons resultados com a comunidade.
A coordenadora do Projeto, Fabíola Soares Caldart, acompanhou tudo desde o início e passou a conhecer bem as necessidades da comunidade, bem como a importância do projeto para elas e os resultados obtidos. Ela orgulha-se em dizer que toda a equipe que faz parte do projeto realiza um trabalho bem qualitativo e que muitos adolescentes começaram a trabalhar estimulados pelo projeto, outros ainda voltaram a estudar e muitas mulheres mudaram suas vidas com as atividades de geração de renda. “Há algumas crianças em vulnerabilidade social, mas muitas não, então não podemos generalizar. Trabalhamos pela inclusão e garantia de justiça social”, afirma.
Uma das gratificações deste trabalho, segundo os profissionais, é que depois de participarem do projeto, alguns voltam para compartilhar suas histórias, as conquistas, para agradecer. Fabíola conta que percebe que as crianças gostam muito de participar do projeto, que muitas chegam a ir todos os dias. “Temos histórias de jovens que eram usuários e hoje estão trabalhando, pararam de usar drogas”, conta.
O Projeto
O Projeto Vida Nova teve início em 2008, época em que 47 famílias que moravam em lugares em situação de risco foram transferidas para casas populares no bairro Francisco Gorski. Uma equipe de profissionais passou a atender no projeto, oferecendo atendimento psicossocial e cursos de geração de renda, principalmente para as mulheres. Atendiam as novas famílias para que tivessem apoio, mas também deram assistência aos moradores do bairro de maneira geral.
Com o tempo, crianças e adolescentes começaram a procurar o projeto e, assim, os profissionais passaram a desenvolver novas atividades e serviços a oferecer à comunidade local, de acordo com as necessidades. “Hoje já descobrimos vários talentos aqui, estimulando estas pessoas. Toda a equipe que trabalha é de educadores e servem como referência para elas”, conta a coordenadora. Há aqueles meninos que se destacaram no grafite, como o Jean Partica, o Hugo de Oliveira Resende; alguns se sobressaem no esporte, na moda, entre outros exemplos.
“O projeto está dentro de um contexto de rede de proteção, como Conselho Tutelar, Provopar, Secretaria de Educação, de Saúde, de Assistência Social e demais secretarias, que dão total apoio ao projeto”, explica Fabíola, comentando que também está vinculado ao Parabolé e pode usufruir da estrutura que o Município oferece, como a Vila Olímpica, onde são realizadas atividades de karatê, natação e futsal; e Casa da Cultura.
Entre as atividades realizadas estão geração de renda para mulheres, escalada, canto, artes plásticas, futsal, natação, karatê, visitas domiciliares, assistência social, trabalho de orientações, encaminhamentos para CREAS, CRAS e auxílio para fazer documentos e na busca de um emprego. Com todo este trabalho, os profissionais do Projeto conseguem que principalmente os adolescentes tenham melhor rendimento escolar, comecem a ter mais responsabilidade. As mulheres da geração de renda hoje já são independentes, formaram a Oficina de Talentos, fazem capacitação no Sebrae e têm uma coordenação própria.
Para a diretora da Escola Municipal Afonso da Cunha Neto, Ivonete Roseira, este projeto, que é realizado nesta escola em contraturno, “desenvolve a memória, criatividade, responsabilidade e ainda descobre talentos”. Ela diz que acredita muito no trabalho destes profissionais e que essa troca de experiência com o Tempo de Temperar Arte, responsável pelas aulas de artes plásticas, é muito importante. Segundo ela, quinzenalmente pessoas ligadas à escola, ao projeto, à Igreja, empresários e representantes da Associação de Moradores se reúnem para discutir quais são as carências da comunidade, para saber qual a melhor forma de trabalho com todos os envolvidos e, assim, também desenvolver novas atividades adaptando à real necessidade.
Depoimento
“Se as crianças não tiverem boa influência vão para o mau caminho”, diz um ex-usuário de drogas e ex-participante do projeto. Com uma estrutura familiar bastante prejudicada, um pai que até hoje é usuário de drogas, este jovem, que não será identificado, diz que tinha muitas influências negativas que o levaram ao mundo das drogas. Tanto na família, como de amigos.
Era usuário de cocaína, que, segundo ele, é um “vício para playboy”, o qual ele tinha dificuldades em manter e acabava fazendo coisas erradas para manter esse vício. Começou a ficar devendo para muitas pessoas e por isso já o tentaram matar. Por causa das drogas, ele também parou de estudar. “Eu me sentia muito estranho, ficava muito agitado”, revela.
Foi com a participação no projeto que ele começou a enxergar as coisas de uma maneira diferente. Recebeu muitos conselhos dos educadores, até que um dia conseguiu ter coragem e resolveu parar, sendo que para isso, além da dependência, precisa ir de frente com todos os amigos envolvidos, que insistem em que ele continue usando drogas. Hoje ele é um grande exemplo dentro do projeto, para outros participantes, alguns também usuários de drogas. Voltou a estudar, está trabalhando, e continua visitando o projeto que, para ele, lhe proporciona muito bem estar.