23/12/2011
O brasileiro é um povo pacato, sofre calado e ainda aplaude seus algozes. Os bicheiros, por exemplo, há mais de um século, vêm explorando a boa fé de quem tem pouco, mas sonha em ganhar um pouco mais. De real em real, eles arrecadam milhões, corrompem policiais, políticos, e vivem como nababos, em mansões recheadas de luxo e grandes maços de dinheiro. Eles têm tanto dinheiro que até no esgoto, maços e maços são escondidos para que o fisco não abocanhe sua parte.
Mas o jogo do bicho, inventado em 1892 pelo Barão João Batista Viana Drummond, no Rio de Janeiro, é apenas a ponta do “icebeg” da corrupção no Brasil. Nos últimos anos, acompanhamos uma sucessão de casos de corrupção, nas câmaras municipais, prefeituras, assembleias legislativas, na Câmara Federal, Senado, no Executivo e, pasmem, até no Judiciário. Não há poder que ainda não tenha sido manchado pela nódoa da corrupção. São milhões e milhões de reais, que poderiam melhorar a vida dos brasileiros, acabar com a miséria, transformar nossa cidades, rodovias, portos e aeroportos, melhorar a Educação, a Saúde, a Segurança Pública, que, em vez disso, vão parar em paraísos fiscais, nos bolsos e nas contas-corentes de funcionários corruptos. E quando não cabem mais em nenhum lugar, vão parar nas paredes falsas, nos forros dos telhados, nos vasos sanitários e até nos esgotos. Dinheiro que deveria gerar empregos, alimentos, matar a fome dos mais pobres.
O Brasil, sem a corrupção, sem o tráfico de drogas e de armas, sem o contrabando, poderia ser o país mais rico do mundo, poderia ter a população mais evoluída em termos educacionais, poderia ter os mais brilhantes cientistas do planeta, as mais avançadas descobertas científicas nas áreas de Saúde, da Física, da Química, da Informática. Poderia. Mas a corrupção, os desvios, o roubo, a ganância de alguns, que veem apenas as suas necessidades, impedem que a justiça social, a distribuição de renda e o progresso melhorem a vida de todos os demais. Até quando?
O povo trabalhador, que paga quase 50% de tudo o que ganha em impostos e taxas, continua calado, continua iludido, à espera de um milagre. Há exemplos, no resto do mundo, de povos submetidos à humilhação, talvez até menor do que a enfrentada pelos brasileiros, que se revoltaram contra seus tiranos, que promoveram derrubada de governos, que exigiram Democracia. E nós, aqui, pelo menos ao que parece, vivemos numa Democracia, e temos uma arma para nos defender, o voto. Precisamos usá-la.