26-09-2011
De acordo com especialistas, muitos casos de crianças que não conseguem controlar a urina podem provocar problemas mais graves, como lesões renais
26-09-201Crianças costumam fazer xixi na cama com frequência e, além do constrangimento, levam bronca dos pais por não terem procurado o banheiro. Porém, a nefropediatra, Rejane Meneses Bernardes, ressalta que a criança não tem culpa por não conseguir controlar a urina e nem sempre é normal que isso aconteça. Esse distúrbio é chamado de enurese e, segundo a ela, deve ser investigado por um médico, pois pode provocar problemas mais graves. "A enurese pode revelar disfunções de bexiga com fatores de risco para lesão renal", explica.
Um levantamento realizado pela Clínica Nefrokids em escolas públicas e privadas de Curitiba revela a alta frequênci de sintomas que necessitam de uma investigação mais detalhada, como infecção urinária, enurese noturna, escapes de urina na roupa durante o dia e histórico de doença de rim ou de bexiga na família. Dentre 2.159 crianças, 14% têm infecção urinária, enurese noturna ou escapes diurnos de urina. De 575 crianças atendidas pela Clínica, portadoras de disfunção na bexiga, 30% têm refluxo para os rins e, destas, 31% já possuem lesão renal. "É importante que os pais saibam que a enurese é um assunto médico e não psicológico. Com o tratamento é possível prevenir doenças ou lesões futuras, além de melhorar a qualidade de vida e a auto estima da criança", afirma Rejane.
A nefropediatra explica que, até os 4 anos de idade, as crianças já têm continência total de urina, mas a partir dos 2 anos já possuem o aparelho urinário desenvolvido suficientemente para a retirada da fralda. "A partir dos 5 anos, se a criança ainda não possui controle de urina durante o dia ou a noite, é sinal de que há um problema". Para Rejane, é preciso acabar com o tabu em relação ao xixi na cama ou xixi na calça. "Diante desses sintomas, os pais não devem reprimir ou sentir vergonha, mas sim procurar um médico".
Foi isso que a mãe de Laura, 4 anos, fez. Desconfiada da incontinência urinária da filha durante o dia e a noite e das dores que ela sentia ao urinar, Valquíria Gazola procurou a Clínica Nefrokids. "Ao contrário do que a maioria dos médicos me falavam, que era normal criança fazer xixi na calça, os exames apontaram que a Laura estava com infecção urinária e refluxo de urina para os rins e precisava de tratamento". Laura já se trata há 1 ano e meio e atualmente é raro quando a urina escapa. "Sinto-me aliviada por ter evitado futuros problemas para a minha filha", reforça.
Evento debate disfunções de trato urinário na infância e adolescência
Para discutir esse assunto, pediatras de Curitiba e de outras cidades do Brasil se reuniram no último sábado (24), das 9 às 14 horas, no I Encontro de Atualizações em Enurese e Distúrbios de Eliminações na Infância e Adolescência. O objetivo do evento, realizado na Sociedade Paranaense de Pediatria, foi estimular a discussão sobre as disfunções de trato urinário na infância e adolescência, de forma a prevenir futuros problemas. "Durante as palestras, pediatras experientes demonstraram interesse em saber mais sobre o assunto", comenta Rejane.
O Encontro foi realizado em parceria pela Sociedade Paranaense de Pedriatria e pela Clínica Nefrokids, com o apoio da Ferring Pharmaceuticals. A programação contou com palestras dos renomados médicos Abram Topczewski (neurologia pediátrica - Clínica de Enurese do Hospital Israelita Albert Einsten), Flavio Trigo (urologia - Hospital Sírio Libanês e Clínica de Enurese e Distúrbios de Eliminação do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus), Laercio Pachelli (urologia - Clínica de Enurese do Hospital Israelita Albert Einsten), Rejane Meneses Bernardes (nefrologia pediátrica - Clínica Nefrokids), Thais Cardoso (nefrologia pediátrica - Instituto do Rim de Londrina), Ubirajara Barroso (urologia pediátrica - Universidade Federal da Bahia e Escola Bahiana de Medicina) e Yuri Dantas (urologia pediátrica - Médico Assistente da Disciplina de Urologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto).