03-09-2011
Com expansão quase nula, indústria já projeta demissões no 2º semestre
03-09-2011 Fonte: R7 Notícias
A soma das riquezas brasileiras aumentou 0,8% no 2º trimestre na comparação com o 1º, movimento puxado pelo setor de serviços, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (2). A indústria, no entanto, teve uma expansão quatro vezes menor que a média nacional. O setor já promete rever as previsões de investimentos e poderá iniciar um processo de demissões no 2º semestre.A expansão da indústria na mesma base de comparação foi de 0,2%, sendo que o segmento de transformação, que representa as fábricas propriamente, simplesmente não cresceu e ficou no zero. O desempenho causa "preocupação", segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria). Em nota, a entidade admitiu que, por causa do resultado e da situação econômica mundial, vai "projeções para o crescimento em 2011, atualmente de 3,2% para o PIB da indústria e 3,8% para o PIB total".
O principal motivo para a estagnação apresentada pela indústria é a desvalorização do dólar diante do real, o que reduz a competitividade da mercadoria nacional e incentiva a entrada de produtos feitos no exterior, explica o gerente do Depecon (Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos), André Rebelo.
As empresas que atuam em vários países, inclusive aqui, reclamam que, no Brasil, elas perdem competitividade por causa da "tributação, da taxa de juros, da burocracia" e, se não houver um ataque a esses componentes, "a gente não terá produção para dar emprego para quem entra no mercado de trabalho, diz Rebelo.
- A gente tem cerca de 4 milhões [de pessoas] entrando no mercado de trabalho e a indústria de transformação, que tem entre 8 milhões e 9 milhões, emprega mais ou menos 1 milhão por ano. A indústria ainda não está fechando emprego, está deixando de gerar empregos e está fazendo isso em outros países. Mas a gente espera que esse segundo semestre seja de fechamento de empregos na indústria.
Rebelo afirma que "cada trabalhador da indústria gera quatro em outro lugar". Se a indústria brasileira gerasse os empregos que vem perdendo para o exterior, todos os setores da economia nacional ganhariam, explica o economista.
- Quando você produz aqui, tem toda uma estrutura de insumos e serviços por trás e isso reflete no mercado de trabalho de algum lugar. [Além disso,] a indústria de transformação gera empregos com boa remuneração e o rendimento do trabalhador da indústria cresce ao longo da carreira porque ele aumenta sua produtividade, o que impacta no salário. Isso não é observado nos outros segmentos.O economista da Fiesp elogia o corte de juros pelo Banco Central, de 12,5% ao ano para 12% ao ano, porque a indústria espera por uma "freada brusca" da economia.
- A Fiesp sempre defendeu taxa de juros mais baixa para o país porque acredita que benéfico para o crescimento e criação de empregos. No momento em que o BC reduz os juros, ele merece o nosso apoio. A gente entende que a economia está dando uma freada brusca e que essa redução da taxa de juros vem ajuda a economia a atravessar esse próximo período que está chegando.
Os dados divulgados pelo IBGE sobre a economia brasileira mostra que o setor de serviços teve alta de 0,8% no segundo trimestre, enquanto a agropecuária amargou recuo de 0,1% nas atividades. Além disso, a divulgação do PIB mostra ainda que as compras de produtos do exterior (importações) aumentaram 6,1% no período, enquanto as exportações (vendas para outros países) subiram 2,3%.