31-08-2011
Anvisa decide hoje se proíbe remédios para emagrecer no Brasil
31-08-2011 Fonte: R7 Notícias
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve tomar nesta quarta-feira (31) uma decisão sobre a polêmica proibição do uso de remédios para emagrecer que atuam no sistema nervoso central (sibutramina e os derivados de anfetamina). Uma reunião de diretores da agência para tratar do assunto acontece hoje.
Tire suas dúvidas sobre a proibição dos emagrecedores
Existem indicações de que a sibutramina, a mais famosa entre os remédios ameaçados, deve ser mantida no mercado, mas com restrições. Em relatório apresentado na semana passada para membros da Cateme (Câmara Técnica de Medicamentos) da Anvisa, técnicos da agência indicaram a decisão de indicar a proibição apenas das drogas dietilpropiona, femproporex e mazindol.
O documento propõe que a sibutramina continue no mercado, desde que sejam respeitadas algumas condições: a droga não pode ser prescrita por um período superior a 60 dias, o paciente tem de ter IMC (Índice de Massa Corpórea) acima de 30 e ele também terá de assinar um documento em que confirma estar ciente de todos os riscos.
Pela praxe, a diretoria colegiada - formada pelos quatro diretores da Anvisa - segue a recomendação do relatório técnico.
Isso indica uma mudança de postura em relação aos emagrecedores. No início do ano, o mesmo grupo defendeu a retirada desses remédios - e a sibutramina era a vilã. Um relatório anterior do Cateme indicava que os riscos cardiovasculares e psiquiátricos que os medicamentos trazem são maiores do que os benefícios. De acordo com os estudos anteriores do grupo, a perda de peso é pequena e só acontece no início do tratamento. O uso prolongado desses medicamentos traria poucos benefícios e grandes riscos.
Oposição forte de médicos
Mas especialistas e entidades médicas como o CFM (Conselho Federal de Medicina) se mostraram contrários a essa visão. Eles defendem que os médicos devem ter autonomia para indicar o tratamento certo para cada paciente.
A visão desses médicos é que todos os medicamentos têm contraindicações, mas o problema, nesse caso, é que não há alternativas de tratamento. O médico, portanto, administraria os riscos do tratamento. Além disso, de acordo com os médicos, em muitos casos, o risco de não tratar um paciente obeso é maior do que os riscos dos remédios (risco cardíaco, aterosclerose, evolução à diabetes).
Em nota, o CFM afirmou que a proibição tiraria a autonomia dos médicos na escolha de métodos terapêuticos.
- Os médicos têm o direito de - dentro de práticas reconhecidas e segundo a legislação vigente - prescrever o tratamento adequado, em acordo com seu paciente, sendo o uso de medicação específica uma possibilidade.
A entidade ainda aponta uma "crescente epidemia de obesidade no país" que atinge 12,5% dos homens e 16,9% das mulheres.
Se a proposta de proibir todos esses medicamentos for aprovada, o único medicamento que continuaria liberado para o tratamento da obesidade no Brasil será o orlistate (Xenical), que atua diretamente no intestino, reduzindo em cerca de 30% a absorção de gordura.
Risco cardíaco
Remédios com sibutramina foram proibidos na Europa no ano passado. As restrições foram feitas após os resultados da pesquisa SCOUT (Sibutramine Cardiovascular Outcome Trial), feita pela agência europeia de medicamentos, em que aproximadamente 10 mil pacientes foram avaliados por seis anos com o intuito de relacionar o impacto da perda de peso por meio da sibutramina e problemas cardíacos.
O estudo indicou que o risco de desenvolver problemas cardiovasculares aumenta em 16% nos indivíduos que utilizaram o produto, na comparação com os que receberam placebo (dose "de mentira", sem a substância).
No Brasil, desde março do ano passado, esses medicamentos são vendidos com tarja preta e só podem ser fornecidos com apresentação de receita azul, que é numerada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e passa por um controle mais pesado.