21-08-2011 Fonte: R7 Notícias
Mesmo com as altas taxas de juros, o brasileiro continua a recorrer a créditos mais caros, como o cheque especial e o cartão de crédito. Segundo dados do BC (Banco Central), em junho, as concessões por essas duas modalidades representaram 60,8% do total para pessoas físicas, que chegou a R$ 75,203 bilhões.
Em junho, o cheque especial chegou a R$ 25,526 bilhões, contra R$ 22,781 bilhões registrados em igual mês de 2010. A média diária de concessões em junho deste ano ficou em R$ 1,216 bilhão, contra R$ 1,085 bilhão de igual período de 2010.
Já o cartão de crédito ficou em R$ 20,176 bilhões, ante R$ 16,983 bilhões de junho do ano passado. A média diária passou de R$ 809 milhões, em junho de 2010, para R$ 961 milhões no mesmo mês deste ano.
De acordo com o vice-presidente da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel José Ribeiro de Oliveira, o cheque especial e o cartão de crédito são empréstimos mais fáceis de serem tomados porque estão pré-aprovados e disponíveis imediatamente para os clientes.Entretanto, o custo dessas modalidades é muito elevado. Pelos dados da Anefac, a taxa de juros do cheque especial ficou em 10,69% ao mês em julho. No caso do cartão de crédito, os juros chegaram a 8,27%, acima da taxa média de 6,84%, e do crédito direto ao consumidor dos bancos em torno de 2,37% ao mês.
Oliveira orienta os consumidores a negociar as taxas e os tipos de empréstimos com os bancos.
- Falta às pessoas saber que custa caro escolher essas modalidades. O cheque especial só deve ser usado em prazo curto e em situação emergencial.Crédito para quem não tem alternativa
O professor de economia da UnB (Universidade de Brasília) e consultor de finanças pessoais Newton Marques observa que, em geral, os consumidores usam cheque especial e cartão de crédito quando já não têm margem para tomar empréstimos com custo mais barato. Para ele, os consumidores devem fazer planejamento de suas contas.
O primeiro passo é analisar detalhadamente cada uma das despesas e reduzir os gastos que não são prioritários.
- É preciso cortar na carne.
Quando o endividamento é alto, o consumidor pode vender bens, como o carro, para pagar as dívidas.
- A regra é não pagar juros.
O ideal é que, além de quitar as dívidas, o consumidor reserve pelo menos 10% da renda para aplicações e emergência.
Cautela aumenta com cenário internacional
Em cenário de incertezas no mercado internacional e de menor ritmo de crescimento da economia brasileira, o conselho dos especialistas é evitar dívidas. Isso porque um menor crescimento econômico pode levar trabalhadores do setor privado a perder o emprego e servidores públicos a ficar com reajustes salariais abaixo do esperado.
- É preciso segurar as despesas.
O vice-presidente da Anefac também aconselha cautela.
- É preciso evitar assumir dívidas de longo prazo. Nesta crise [econômica], a cada dia, há uma notícia pior, queda das bolsas. Não sabemos qual será a extensão desta crise no Brasil.