18-08-2011
PF prende 23 por fraude de R$ 1 bilhão.
18-08-2011
Fonte: Gazeta do Povo
Por: Alexandre Costa Nascimento
A Polícia Federal prendeu 23 pessoas na Operação Alquimia, desencadeada ontem em 17 estados (incluindo o Paraná) e no Distrito Federal contra uma organização criminosa suspeita de sonegar R$ 1 bilhão em impostos devidos por empresas do setor químico. De acordo com a investigação, o grupo criava empresas de fachada registradas em nome de "laranjas" para deixar de pagar impostos. Pelo menos 165 empresas no Brasil e outras 27 no exterior integram a rede criada para sonegar impostos. Uma empresa que tinha como "sócios" um pedreiro e um motorista movimentou R$ 32 milhões entre 1996 e 2009.
A operação da PF, considerada a maior do gênero na história do país, foi realizada em conjunto com a Receita Federal e o Ministério Público Federal, cumprindo simultaneamente 31 mandados de prisão temporária, 129 mandados de busca e apreensão, 63 mandados de condução coercitiva e o sequestro de bens de 62 pessoas físicas e 195 pessoas jurídicas. Para cumprir todas a medidas, foram acionados cerca de 90 auditores fiscais da Receita Federal e 500 policiais federais. Uma ilha de 20 mil metros quadrados, nas proximidades de Salvador, também foi confiscada. A ilha pertenceria ao chefe do esquema fraudulento. No local também foram apreendidos carros de luxo, barcos, jet skis e quadriciclos.
No Paraná, a superintendência da PF cumpriu dois mandados de busca e apreensão como parte da operação, mas ninguém foi preso. Um mandado foi realizado em uma fábrica de produtos químicos em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, e o segundo, na residência do proprietário da empresa, no bairro Santa Cândida, em Curitiba. Segundo a assessoria de imprensa da PF, apenas documentos foram apreendidos. A polícia não divulgou o nome dos envolvidos.
A investigação, que teve início em 2002, também constatou o uso de cerca de 30 empresas estrangeiras, com sede em paraísos fiscais, algumas delas nas Ilhas Virgens Britânicas. Descobriu-se ainda o envolvimento de fundos de investimentos e factorings (uma transação que envolve a comercialização de dívidas). Entre os artifícios de sonegação estava a declaração de bens como carretas e caminhões aos quais era atribuído o valor de apenas R$ 1 cada um.
A empresa alvo das investigações da Operação Alquimia é o grupo Sasil, com sede em Salvador (BA), e a Varient, que tem sede em São Paulo e foi adquirida pelo grupo baiano no ano passado. A empresa atua na distribuição de produtos químicos industriais e tem filiais em 12 estados e depósitos distribuídos em todo o país.
O presidente da empresa, Paulo Sérgio Costa Pinto Cavalcanti, estaria na lista de pessoas com mandado de prisão preventiva. Oficialmente, a PF não divulgou o nome das empresas e não confirmou se ele foi preso, nem se ele é o proprietário da ilha confiscada na operação. O delegado Marcelo Freitas, que coordenou a ação pela PF, confirmou apenas que há envolvimento de factorings e outros tipos de negócios investigados, mas a maior parte das empresas atua "na produção, armazenagem, compra, venda, importação e exportação de produtos químicos".