19-08-2011
A morte do pequeno Gustavo Karvat Franco da Silva, de apenas um ano e nove meses, foi solucionada por policiais civis da Delegacia de Campo Largo.
19-08-2011
Gustavo Karvat Franco da Silva, de apenas um ano e nove meses, foi encontrado morto em um berço no interior de uma casa na rua Vitória, Rivabem. A vítima tinha diversos hematomas, marcas de mordidas pelo corpo e afundamento no crânio. O caso aconteceu na Sexta-feira (12).
Quatro dias depois, policiais civis prenderam Gilmar Franco da Silva (23) e Vanessa Karvat Cavalheiro da Silva (25), pais da vítima, que são os principais suspeitos de estarem envolvidos com o caso que comoveu a população campo-larguense. O casal foi surpreendido pelos policiais no momento em que procurava um advogado no centro da cidade. Os dois tinham contra si Mandados de Prisão Preventiva expedidos pela Justiça.
Brutalidade
Logo depois do caso chegar ao conhecimento das autoridades, policiais passaram a realizar investigações. Segundo o avô da criança (pai de Gilmar), o rapaz comunicou a morte do filho na manhã de Sexta-feira, mas investigadores acreditam que ela tenha ocorrido na Quinta-feira (11) logo depois de Vanessa ter chamado o marido, dizendo que a criança tinha se afogado. A partir daí os pais desapareceram, o que levantou suspeita sobre o envolvimento deles na morte da criança, que teria sido por espancamento. Eles teriam fugido com a outra filha de três anos, que posteriormente foi deixada na casa da avó.
Ao examinar Gustavo, os peritos do Instituto de Criminalística, confirmaram que ele tinha afundamento de crânio, vários ferimentos pelo corpo produzidos por mordidas e escoriações no rosto. Funcionárias de uma creche que Gustavo frequentava, disseram a reportagem da Folha de Campo Largo que por diversas vezes o garoto chegou naquele estabe-lecimento com machucaduras, que policiais acreditam ter sido provocadas pela mãe, que cuidava da criança e assumiu ter surrado Gustavo algumas vezes.
O Conselho Tutelar teria sido comunicado em duas ocasiões. Em Outubro do ano passado, quando o garoto apareceu na creche com o braço enfaixado e segundo informações da mãe teria quebrado o mesmo quando sofreu uma queda. Em Abril deste ano, apareceram algumas feridas na boca da criança, que de acordo com uma médica se tratavam de aftas.
Ponto de honra
Segundo o superintendente da Delegacia de Campo Largo, Juscelino Aparecido Bayer, o crime deixou a sociedade consternada pela brutalidade empregada e a elucidação era um ponto de honra para a Polícia, que tinha de dar uma resposta o mais rápido possível e ela veio com a prisão dos principais suspeitos. Bayer contou que várias diligências foram realizadas, inclusive policiais estiveram no interior do município, onde Gilmar têm familiares e poderia estar escondido. "Pedimos ao Ministério Público, Mandados de Prisão Preventiva para Gilmar e Vanessa que foi prontamente aceito. O que nos pegou de surpresa foi a tranquilidade apresentada pelo casal, mesmo com toda a repercussão do caso", destacou Bayer. O policial confirmou que todos os indícios apontam para um caso de homicídio.
Vanessa foi indiciada por ho-micídio qualificado e poderá pegar até 30 anos de prisão. Gilmar deverá responder por omissão de socorro. Na Quarta-feira, Gilmar foi transferido para o Centro de Triagem II em Piraquara e Vanessa à Delegacia de Quatro Barras, onde existe presídio feminino.
Além de Bayer trabalharam neste caso os policiais Marcos Antonio Gogola e Fernando Kugnharski.
Mãe confirma a Polícia que agredia o filho
As agressões contra Gustavo eram constantes, principalmente por parte da mãe, foi o que apurou a Polícia. Vanessa, mãe do garoto, que tem outra criança de três anos e está grávida de um terceiro filho foi clara em admitir em que tinha dificuldade em se relacionar com o filho e que perdia a paciência quando ele não a obedecia e chorava muito.
A mulher disse que algumas vezes bateu no filho, mas que a sua morte não foi provocada por este motivo e sim por afogamento. "Quando eu o alimentava ele se afogou e eu tentei socorrê-lo lhe dando água, mas Gustavo piorou e acabou falecendo", disse Vanessa. No entanto, esta versão é totalmente contrária a Certidão de Óbito assinada pelo médico Gerson Luiz Laux. O documento confirma que a criança morreu em virtude de traumatismo de abdome, ação contundente e agressão física. A polícia ainda aguarda o resultado do laudo de necropsia realizado pelo Instituto Médico Legal.
Vanessa também não soube explicar sobre o afundamento na cabeça do garoto. "Quando ele queria alguma coisa se jogava para trás e pode ter batido a cabeça em uma destas ocasiões", explicou a mulher, que se manteve fria e tranquila ao conceder entrevista à imprensa. Sobre o motivo do desaparecimento do casal, Vanessa disse que ela e Gilmar ficaram com medo da família.
Já o pai de Gustavo, confessou que sabia das agressões, mas afirmou que eram esporádicas, e alegou ao defender a mulher que ela sofre de problemas mentais. O pai negou que batesse no bebê, mas, para a Polícia, ele também é culpado do crime, porque não fez nada para impedi-lo. "Mesmo não tendo praticado o crime em si, o pai sabia das agressões e não tomou nenhuma atitude para evitá-las", disse o superintendente da DP, Juscelino Bayer.