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Saúde

Transplantes

13-08-2011

Bancos privados armazenam maioria dos cordões
umbilicais, mas geram só seis transplantes

Transplantes

13-08-2011 Fonte: R7 Notícias

Sete anos após a implantação dos bancos de sangue de cordão umbilical no Brasil, 75% das células congeladas no país (34 mil) estão armazenadas em 15 bancos privados. Esse material, no entanto, gerou apenas seis transplantes. Em contrapartida, os seis bancos públicos de cordão, cujas células podem ser usadas por qualquer pessoa, reúnem 11 mil bolsas congeladas e já fizeram 118 transplantes até o mês passado.O levantamento inédito sobre o número de transplantes usando bolsas de sangue de cordão foi feito pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer) a pedido da reportagem.

O caso reacende a discussão sobre a real utilidade de a família pagar para manter as células do cordão congeladas em bancos privados. Além de desembolsar cerca de R$ 4.000 pela coleta, os pais ainda precisam pagar cerca de R$ 900 por ano para manter o material congelado.

Outro detalhe que limita a utilidade dos bancos privados: as bolsas congeladas nesses locais só podem ser usadas para uso autólogo (pelo próprio paciente). Segundo a Anvisa, dos seis transplantes realizados por esses bancos, apenas um cumpriu esse requisito - os outros cinco foram transplantes alogênicos (para algum parente) e só foram realizados por decisão judicial.

Segundo Luiz Fernando Bouzas, coordenador do BrasilCord (rede brasileira de bancos de sangue de cordão umbilical), outra limitação dos bancos particulares é que a chance de uma família usar as células para o próprio filho é muito baixa, já que as doenças mais comuns tratadas com o transplante de cordão (leucemias, talassemias, anemias falciformes) têm origem genética e, por isso, as células também estariam doentes.

A médica Adriana Homem, diretora médica do Banco de Cordão Umbilical (BCU), maior rede privada de bancos de sangue de cordão da América Latina, contesta o fato de poucos transplantes terem sido feitos com as bolsas congeladas nos bancos particulares. Ela diz que essas células poderão ser usadas no futuro, no tratamento de outras doenças que não sejam do sangue, como diabete, problemas cardíacos, lesões ósseas e até tetraplegia.

- Somos vistos como inimigos, mas temos o mesmo objetivo dos bancos públicos, que é salvar vidas. Os bancos privados são muito novos. E ainda nem deu tempo de essas crianças ficaram doentes para usarem essas bolsas.

O BCU tem 2.000 bolsas e ainda não fez nenhum transplante autólogo. Três pedidos de transplante alogênico estão em fase de testes e aguardam decisão judicial.