13-11-2009
Na casa do Seu Augusto, amigos e familiares se reúnem para conversar acompanhado do tradicional chimarrão.
13-11-2009
A importância das tradições deve-se principalmente à necessidade de existir um vínculo de conhecimentos entre as gerações. É através das tradições que as crenças, comportamentos, valores e regras morais que fazem parte de uma sociedade são transmitidos aos descendentes.
Campo Largo incorporou em suas tradições as diversas culturas daqueles que aqui se estabeleceram. No trabalho de pesquisa realizado para o livro “Campo Largo: 140 anos” pode-se identificar muitas destas tradições que trazem um colorido especial ao povo que aqui vive.
Uma das mais marcantes dessas tradições é a roda de chimarrão que acontece na casa do Seu Augusto todos os dias, com exceção dos domingos, às 10 horas da manhã. Há mais de 20 anos, Seu Augusto e seu irmão Jango são os anfitriões de uma reunião alegre, onde comparecem parentes, vizinhos e amigos das mais diferentes etnias para conversar ao sabor do bom chimarrão. Durante a semana quem participa são os mais velhos, que contam suas histórias numa boa prosa, daquelas que apenas a sabedoria dos anos torna possível. Aos sábados, jovens vêm juntar-se ao grupo trazendo as novidades da semana. Todos são bem-vindos.
Na garagem do Seu Augusto, cuja casa fica na Rondinha e tem mais de 100 anos, verdadeira joia histórica de Campo Largo, os assentos estão disponíveis para quem for de coração aberto. Mas existem algumas regras que devem ser seguidas e os dez mandamentos do chimarrão, escritos em letras grandes, estão bem à vista dos frequentadores. Entre outras, as seguintes regras devem ser observadas: “Não digas que o chimarrão é anti-higiênico”, “Não mexas na bomba” e “Não durmas com a cuia na mão”.
Também, devidamente gravada em couro, está a poesia do gaúcho Glaucus Saraiva:
“Amargo doce que eu sorvo
num beijo em lábios de prata!
Tens o perfume da mata
molhada pelo sereno.
E a cuia, seio moreno
Que passa de mão em mão,
Traduz no meu chimarrão
Em sua simplicidade,
A velha hospitalidade
Da gente do meu rincão.”
A roda de chimarrão já foi objeto de muitas reportagens na mídia paranaense. Não importa quanto a sociedade tenha mudado nos últimos tempos, existem valores que são eternos e precisam ser perpetuados. A amizade é um destes valores que vem sendo cultivado magistralmente na roda de chimarrão do Seu Augusto e do Seu Jango.
Toda a equipe do livro comenta que sentem-se gratificados por estar junto a este povo e por poder participar de reuniões como a roda de chimarrão, ainda agradecem todas as pessoas que têm colaborado na pesquisa que culminará com o livro Campo Largo 140 anos.
Contatos: Silvio pelos telefones: 3029-2783 ou 9999-9479 e Silvestre pelo número 9175-8775. E-mail: campolargo140@gmail.com