14-07-2011
Brincar funciona como ginástica para bebês. Veja dicas para evitar a obesidade infantil
14-07-2011 Fonte: R7 Notícias
Na luta contra a obesidade nem os bebês saem ilesos. Uma nova campanha contra a obesidade infantil, lançada nessa semana pelo Departamento de Saúde da Inglaterra, recomenda que crianças de seis meses a quatro anos façam atividades físicas regularmente.
Para evitar que elas ganhem peso cada vez mais cedo, o governo estimula os pequenos a se mexerem por pelo menos três horas diárias, mesmo os que não sabem andar, para evitar que fiquem acima do peso.
Mas isso não quer dizer que os pequenininhos devam pegar no pesado. Toda e qualquer atividade voltada para crianças deve ser feita por meio de brincadeiras, leves e descompromissadas, segundo Victor Matsudo, diretor científico do Celafiscs (Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul).
Para o diretor que também coordena o Agita São Paulo - programa estadual voltado ao incentivo da prática de atividades físicas - a recomendação inglesa "está mais do que aprovada, mas é a sua viabilidade que entra em discussão".
- A criança deve ser estimulada desde o berço para atividades físicas, mas isso não significa praticar esportes. O chacoalho no berço é um estímulo para se movimentar porque ela tenta levantar os braços e bater.
A prática esportiva precoce só serve para fazer a criança se cansar mais rápido da atividade, segundo Matsudo.
- Temos que fazer essas crianças brincarem, terem prazer e, consequentemente, combater a obesidade. Ela tem que brincar na água, não fazer natação.
Quanto mais tempo elas ficarem sentadas, maior será não somente o peso corporal, mas o colesterol, a gordura corporal e a glicose delas, alerta.
Evite o sedentarismo
A obesidade infantil já é considerada uma epidemia mundial. Por isso a necessidade de evitar o sedentarismo entre as crianças (mesmo nas pequenas) está na ordem do dia, de acordo com a pediatra Lilian Zaboto, coordenadora do Departamento de Obesidade Infantil da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica).
Segundo a pediatra, a obesidade das crianças brasileiras está relacionada ao aumento do consumo de fast food e da rotina familiar em lares onde as mães trabalham. No primeiro caso, ela nota que hambúrgueres e porções de pipoca e refrigerante vendidas nas salas de cinema "nunca foram tão grandes".
No segundo caso, cita exemplos clássicos do nosso tempo: mães que, por precisarem trabalhar, deixam os filhos em creches, com os avós ou irmãos mais velhos. Nestes ambientes, onde nem sempre há uma supervisão controlada, ou faltam pessoas para interagir com a criança, é comum os pequenos ficarem muito tempo em frente à televisão, no computador ou vidrada em um videogame.
- As crianças que ficam dentro de casa acabam não gastando energia. Algumas são obrigadas a ficar paradas dentro de um cercadinho, num cadeirão. Não é todo mundo que tem condições de ter uma babá que a leve ao parque.
No consultório de Lilian, por exemplo, é comum aparecerem crianças que não sabem como é brincar na rua, nem andar de bicicleta.
Dicas para os pais
Uma boa dica para os pais ocupados, que não passam o tempo que gostariam com os filhos, é adaptar a casa à criança, de modo que ela tenha espaços que estimule seus movimentos, sugere o professor de educação física Luciano Basso, doutor da Escola de Educação Física e do Esporte da USP (Universidade de São Paulo). Isso sem contar que, sempre que possível, vale deixar a criança brincar ao ar livre, se movimentando ao máximo.
- Tem que pensar que tipo de ambiente eu cultivo e construo para meu filho. No mundo moderno a gente procura o conforto, mas o conforto é contra o movimento.
Mesmo sem perceber, muitos pais acabam estimulando o sedentarismo nos filhos por estarem cansados por um dia de trabalho ou para não colocar a casa abaixo. Isso mesmo quando seus pequenos não têm outro espaço para brincar, já que não vão à rua por causa da violência.
Para deixar a casa mais apropriada às brincadeiras infantis, veja abaixo as sugestões do professor para deixar a casa mais adequada aos pequenos.
- Crie um ambiente para engatinhar: para os bebês que ainda não andam, os espaços devem ter espaço suficiente para que ele possa rastejar bastante e interagir com brinquedos.
- Deixe objetos seguros à mão dos bebês: faça prateleiras ou caixas onde ele possa pegar e guardar os brinquedos. Assim ele se movimenta tanto na ida, quanto na volta. Claro que os objetos devem ser feitos com materiais seguros, com tamanho seguro para evitar que sejam engolidos, inquebráveis e não pontiagudos. O ideal é que estimulem a manipulação, como chocalhos.
- Brincadeiras com bolinhas: chutar ou pegar o brinquedo e arremessá-lo são bons exemplos de queima energética.
- Crie um espaço para andar, correr, saltitar: se a criança já andar, crie um ambiente para ele poder se movimentar como bem quiser, seja correndo ou andando de motoca. Vale emborrachar o piso e evitar que ele fique escorregadio. Deixe brinquedos sempre por perto.
- Estimule brincadeiras com outras crianças: essas atividades são indicadas a partir dos quatro anos para mais, como a brincadeira de bonecas e casinha, dependendo da intensidade. A partir dos cinco, seis anos, brincadeiras mais ativas como pega-pega e pique-esconde são bons exemplos de atividade física.