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Apagão no Brasil

12-11-2009

O apagão da noite de terça-feira mostra que a reação em cadeia é a principal fragilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Apagão no Brasil

12-11-2009

O apagão da noite de terça-feira mostra que a reação em cadeia é a principal fragilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN), que transmite eletricidade das usinas até os locais de consumo. O Brasil tem a maior rede do mundo organizada nesse formato e a principal razão para isso é que a maior parte da geração de energia ocorre em hidrelétricas – geralmente longe dos centros consumidores e com grande ca­­­pacidade de produção. Seu mai­­or mérito é reduzir sensivelmente o risco de escassez, já que to­­das as regiões podem contar com fornecimento de áreas distantes. Mas quando ocorre um problema no sistema, há o risco de ele se espalhar pelo país, como ocorreu agora.

“O SIN liga as fontes de produ­ção e permite a redução de custo e o aumento da confiabilidade no fornecimento. O país tira van­­tagem das diferenças regionais dos regimes de chuva”, explica Niromar Resende, engenheiro que por 26 anos trabalhou na área operacional da Co­­pel e hoje é professor da Uni­­ver­sidade Federal do Paraná (UFPR).

No modelo brasileiro, o Ope­ra­dor Nacional do Sistema (ONS) pode escolher as usinas que fornecerão mais energia em determinada época do ano. Assim, quando chove no Sudeste e há seca no Sul, ele ordena que as hidrelétricas do Paraná produzam menos energia. O ONS também escolhe se o país usará energia térmica e em que proporção.

Segundo especialistas, o SIN é bastante confiável e não existe uma alternativa de curto prazo para substituí-lo, já que 75% da produção de eletricidade no país ainda é hidráulica. “A malha foi crescendo e se interligando, aumentando em capacidade e robustez. Há quem defenda sistemas descentralizados, com geração próxima ao consumo. Es­­sa é uma possibilidade que tem de ser estudada, algo para o fu­­turo, mas sem prejuízo ao sistema interligado”, diz Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil.

Como mostrou o apagão de terça-feira, o SIN tem limitações para lidar com variações súbitas de energia, em especial quando ocorrem em sua espinha dorsal, a transmissão de eletricidade de Itaipu para o Sudeste, feita por cinco linhas de transmissão. Ho­­je o sistema conta com uma ca­­pa­­cidade total de produção de 89 mil megawatts (MW) e chega a usar mais de 60 mil MW nos horários de pico – ou seja, ele tem uma boa margem de segurança na geração. Itaipu, com seus 14 mil MW de potência, manda até 25% da energia consumida no sistema, dependendo da época do ano.

“Se Itaipu sai do sistema de repente, é preciso que outras usinas rapidamente forneçam em seu lugar. E pelo efeito que vimos, não havia usinas de reserva suficientes para evitar o apagão”, afirma Ewaldo Mehl, coordenador do curso de Engenharia Elétrica da UFPR.

Sem a energia de Itaipu, o sistema deveria ser capaz de “pu­­xar” eletricidade de outras fontes. Se as usinas não dão conta, elas são desligadas automaticamente para evitar uma sobrecarga. É quando ocorre o “efeito do­­­­­­minó”, que atingiu 18 estados.

Fonte:Gazeta do Povo