24-06-2011
Apesar das notícias recentes sobre os riscos de câncer por causa de celulares, café, plásticos, isopor e formol, a maioria das pessoas tem poucas chances de estar em perigo por causa desses elementos, segundo especialistas.
"Estamos sendo bombardeados com alertas sobre perigos trazidos por coisas comuns, mas a maior parte da nossa exposição a isso não está em um nível que vá causar câncer", afirma Len Lichtenfeld, vice-diretor da American Cancer Society.
A toxicologista Linda Birnbaum concorda. Ela lidera a agência do governo americano que acaba de divulgar que o estireno, ingrediente da fibra de vidro dos barcos e do isopor, pode causar câncer. Birnbaum diz que não há motivo para pânico. Os níveis de estireno de embalagens de alimentos, feitas de isopor, por exemplo, são centenas ou milhares de vezes mais baixos do que os que ocorrem nas fábricas onde são produzidas. Lá, os produtos químicos em forma de vapor são um risco para os funcionários.
Exposição
O tema está em evidência agora por causa da recente publicação de relatórios por dois grupos de cientistas que analisam substâncias para saber se elas causam câncer.
No mês passado, a Iarc (agência internacional de pesquisa sobre câncer), ligada à OMS (Organização Mundial da Saúde), afirmou que há uma possibilidade de que os celulares aumentem o risco de tumor no cérebro.
Na semana passada, o Programa Nacional de Toxicologia dos Estados Unidos divulgou seu relatório, adicionando à lista de substâncias cancerígenas o formol, presente em alisadores de cabelo.
Desde 1971, a Iarc já avaliou mais de 900 substâncias. A lista completa está em
tinyurl.com/3g8flye.
Mais de cem substâncias foram classificadas como cancerígenas, 59 como provavelmente cancerígenas e 266 como possivelmente cancerígenas. Nessa última categoria estão a radiação do celular, o café e o talco em pó.
Carcinogênicos conhecidos incluem bebidas alcoólicas, tratamentos de reposição hormonal à base de estrogênio, pílulas anticoncepcionais, vírus (como HIV e HPV), parasitas e até algumas drogas para tratar câncer.
Para Orientar
De acordo com a epidemiologista Ubirani Otero, chefe da área de câncer ocupacional do Instituto Nacional de Câncer, do governo brasileiro, a divulgação dessas listas ajuda a orientar a população.
"O risco do formol é evitável, porque ele é usado para um fim estético [alisar cabelos]. Sabemos que quem trabalha em salão de beleza está sujeito a mais risco." A presença de agentes como café entre os possivelmente cancerígenos não é motivo para preocupação. "O café não é tóxico e seu consumo não tem efeitos agudos imediatos para o organismo."