Quarta-feira às 19 de Fevereiro de 2025 às 01:55:18
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Combinação de oscilação na temperatura, dólar e combustíveis faz preços dos alimentos aumentarem

Sofas Campo Largo
Combinação de oscilação na temperatura, dólar e  combustíveis faz preços dos alimentos aumentarem

Uma ida ao mercado já é suficiente para verificar o aumento significativo no preços dos alimentos, sejam eles in natura, ou industrializados. Entretanto, esse aumento não é uma decisão dos agricultores ou comerciantes, mas sim resultado do impacto dos índices de inflação e também de fatores como o calor e sol intensos, oscilação do dólar e também o aumento no preço dos combustíveis, como explica Hugo Ruthes, presidente do Sindicato Rural de Campo Largo, em entrevista à Folha. 

“Infelizmente não temos uma perspectiva de melhora, porque todos os fatores não podem ser controlados por nós. Um exemplo é a oscilação do preço do dólar, que nos impacta diretamente. Cerca de 90% dos produtos utilizados na lavoura são comercializados a partir do preço do dólar. São defensivos, corretivos, sementes, adubo e outros produtos essenciais que não apresentam uma baixa de preço, a menos que o dólar realmente caia. Infelizmente não há como segurar os preços sem repassar.”

Outro ponto abordado por ele é a questão climática, com sol intenso ao longo de todo o dia e acaba impactando algumas produções. Nesta semana, a temperatura em Campo Largo chegou a 30ºC, mas na próxima pode chegar a 32ºC, dependendo do horário do dia. “Naturalmente, o mês de fevereiro é bastante quente e tem a incidência de sol forte, mas não era esperado que estivesse tão forte, como tem sido visto. Grande parte dos produtores de hortaliças em Campo Largo não possuem equipamentos como irrigação e estufa, então acabam até mesmo perdendo a produção. Quando se dispõe destes equipamentos, é possível ter um controle de temperatura e as plantações acabam seguindo um padrão maior de qualidade, por exemplo”, explica.

Como o verão tem sido intenso em várias regiões do país, inclusive no Paraná, os produtos produzidos em lavouras que dispõem de equipamentos tendem a valorizar, visto que há pouca quantidade disponível no mercado, assim, os preços acabam subindo. “Não é uma alta brusca, mas gradativa e que varia de produto, como alface, tomate, repolho, cenoura e até mesmo o morango. Quem acompanha com mais frequência os preços dos produtos, consegue perceber esse aumento com maior facilidade”, pontua.

Ele cita o exemplo do aumento do morango; embora 90% dos produtores rurais da região tenham estufa e irrigação para essa produção específica, o preço oscila para valores mais altos devido à qualidade dos morangos colhidos em comparação a plantações de outros locais. Além disso, somam-se nesta equação também as mudas – que são em grande parte importadas – e a manutenção, que também utiliza produtos vendidos em dólar.

Em Campo Largo, por exemplo, cerca de 30 a 40% dos produtores não utilizam equipamentos de irrigação e estufa, principalmente pelo receio de assumir um alto custo de investimento. “Em nossas conversas com os produtores rurais, nós já incentivamos este investimento, mas é algo complexo de ser feito, embora existam programas de incentivo, com financiamento em até dez anos e juros bem baixos. Há um receio de inadimplência diante dos bancos, por exemplo, motivado também pelas histórias do passado”, acrescenta.

Além disso, há também o aumento no preço dos combustíveis, que impacta diretamente a vida no campo, desde o uso do transporte para a compra de insumos agrícolas, uso de tratores e outros equipamentos, e também o caminhão. “É sempre uma soma de fatores que levam ao aumento nos produtos, tudo isso são custos que oneram e acabam impactando também a vida cotidiana das pessoas”, explica.

Café é vilão?
Nesta quarta-feira, o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) apontou que o café foi isoladamente o responsável por 0,72% da variação mensal do índice de preço no Paraná.

Segundo informações publicadas pela Agência de Notícias do Estado (AEN-PR), o resultado apresentado registrou variação positiva de 0,75% em janeiro, ficando 0,08% acima do observado em dezembro de 2024 e 0,36% abaixo em relação a janeiro de 2024. A influência principal no número mostrado é proveniente do café, que isoladamente foi responsável por 0,72% da variação mensal.

No mês de janeiro, o café teve um aumento de 10,23%. O tomate subiu 14,66% e a maçã, 3,04%. Apesar do percentual de tomate ter sido maior, o café pesa mais no índice. Isso porque a contribuição em pontos porcentuais corresponde à influência ponderada de cada um dos itens no resultado agregado do IPR.

A baixa oferta no mercado interno foi um dos principais fatores para os reajustes nesses produtos. Como causas das restrições de volume estão a aproximação do fim da safra do tomate; as questões climáticas que prejudicaram a produção do café e os estoques reduzidos de maçã em um período de início de colheita.

Entretanto, o presidente Hugo retrata que o café não deve ser considerado um vilão do orçamento, uma vez que mais produtos tiveram aumentos de preços decorrentes de fatores diversos, inclusive a inflação no país, que no mês de janeiro ficou em 4,56%, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) – embora tenha apresentado queda, se comparado ao mês anterior, influenciado pelas tarifas de energia elétrica residenciais, que ficaram mais baratas em janeiro, especialmente por conta do desconto concedido aos consumidores devido à distribuição do saldo positivo da Hidrelétrica de Itaipu.