Sabado às 12 de Julho de 2025 às 07:19:03
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Campo Largo avança para se tornar oficialmente a Capital Nacional da Louça

Campo Largo avança para se tornar oficialmente a Capital Nacional da Louça

Uma importante conquista para Campo Largo, que busca receber oficialmente o título de Capital Nacional da Louça. Uma Audiência Pública foi realizada, nesta terça-feira (08), na Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), reunindo cinco representantes da cidade que defenderam a relevância econômica, histórica e cultural do setor cerâmico local, considerado há décadas como um dos pilares do desenvolvimento do município.

Essa é a primeira etapa do processo legislativo, que ainda depende da análise da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), seguida por votação na Câmara dos Deputados e, posteriormente, no Senado Federal.

Participou ativamente do processo o deputado federal Paulo Litro, autor do Projeto de Lei 2896/24, que propõe oficialmente o reconhecimento de Campo Largo como Capital Nacional da Louça. A proposta foi resultado direto da primeira reunião entre o presidente do Sindilouça, Fábio Germano, e Paulo Litro, realizada em 09 de julho de 2024, sendo protocolada no dia 15 do mesmo mês e ano, o que garantiu a continuidade e formalização do trâmite legislativo. O requerimento para a realização da audiência foi apresentado pelo deputado Luiz Nishimori e subscrito pelo deputado Beto Richa.

No documento de requerimento para a realização da audiência pública, Nishimori ressalta que “Campo Largo possui uma tradição centenária na produção de louças, com um setor que não só fomenta a economia local, mas também gera milhares de empregos e contribui para o desenvolvimento sustentável da cidade e da região”.

Para o parlamentar, a concessão do título representaria o reconhecimento do papel histórico e cultural do município para o Brasil, além de fortalecer o setor como um diferencial econômico. “Com esse título, o município teria a oportunidade de impulsionar o turismo, atrair investimentos e ampliar as oportunidades para as empresas locais, em especial as pequenas e médias, que constituem grande parte do setor. Dessa forma, poderíamos potencializar o desenvolvimento de Campo Largo de maneira participativa e democrática”, afirma o documento protocolado em maio.

A realização da audiência pública contou com o empenho de diversos profissionais e entidades que atuaram nos bastidores para viabilizar esse importante passo. Entre eles, Carolina Costa, assessora parlamentar do deputado Luiz Nishimori; Sandro Parente, responsável pelas relações governamentais da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep); e Gislene Oliveira, também das relações governamentais da Fiep. O trabalho articulado deste grupo foi fundamental para que a proposta avançasse até o debate público em nível federal.

Participaram da audiência como palestrantes Mauricio Rivabem, prefeito de Campo Largo; Pedro Parolin Teixeira, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo; Alexandre Guimarães, presidente da Câmara Municipal; Fábio Germano, presidente do Sindicato das Indústrias de Vidros, Cristais, Espelhos, Cerâmicas de Louça e Porcelana, Pisos e Revestimentos Cerâmicos no Estado do Paraná (Sindilouça-PR) e membro da diretoria da Fiep; e a jornalista Danielli Artigas.

A audiência pública

Os representantes de Campo Largo tiveram o tempo de 15 minutos cada para defender o reconhecimento oficial do município como Capital Nacional da Louça.

O primeiro foi secretário de Desenvolvimento Econômico, Pedro Parolin Teixeira, que abriu a audiência destacando o simbolismo e a força da louça na identidade campo-larguense. “Campo Largo é, há mais de um século, a Capital da Louça. Levamos nossas peças para diversos países. A louça não é apenas um produto, mas é símbolo de beleza, resistência e tradição, que moldaram nossa cidade”, afirmou. Ele também lembrou que a cidade possui mais de 15 painéis de cerâmica espalhados e defendeu que a oficialização do título abrirá portas para o turismo, exportações e o fortalecimento do comércio local.

Na sequência, o presidente da Câmara Municipal, Alexandre Guimarães, enfatizou que a iniciativa é fruto de um esforço coletivo entre o Executivo, Legislativo e a sociedade civil organizada. “Toda cidade tem algo que a identifica, e em Campo Largo é a louça. Ela está enraizada em nossa história e tem valor estratégico, gerando milhares de empregos e levando nosso nome além das fronteiras”, disse. Guimarães também recordou a contribuição de sua família para o setor, com a criação da Feira da Louça na gestão do prefeito Affonso Portugal Guimarães, pai do vereador, em 1991. A feira hoje está na 32ª edição.

O presidente do Sindilouça, Fabio Germano, relatou o trabalho desenvolvido nos últimos anos em busca do reconhecimento nacional. “Foi em uma conversa em Brasília, há um ano, que começamos esse caminho. Campo Largo tem solo rico e uma tradição iniciada por famílias como a Munari, que trouxeram a técnica da Itália ainda em 1920”, explicou. Ele ressaltou que a cidade é responsável por 75% da produção de louça profissional no Brasil e destacou a importância da Feira da Louça, que atraiu mais de 160 mil visitantes no ano passado, ressaltando que neste ano a expectativa é receber 200 mil pessoas, visto que Campo Largo é reconhecida cada vez mais por sua produção de excelência no setor.

Durante a audiência, a jornalista Danielli Artigas trouxe um panorama histórico detalhado sobre o papel da louça na formação econômica, cultural e social de Campo Largo. Com base em sua trajetória de mais de 20 anos na imprensa local, destacou a tradição das famílias imigrantes italianas, inclusive algumas que vieram da cidade Nove, na região do Vêneto, considerada a Capital da Louça na Itália. Informou sobre o surgimento das primeiras fábricas nos anos 1920 e a evolução do setor, que hoje combina inovação industrial com técnicas artesanais. Reforçou a importância da Feira da Louça como vitrine nacional e defendeu que o título de Capital Nacional da Louça seja a formalização de uma identidade já consolidada no imaginário popular e na economia da cidade. Destacou que o jornal Folha de Campo Largo realiza a cobertura desde a primeira edição do evento, em 1991, incluindo recortes que registram a história. “Dar nome oficial ao que já é reconhecido pelo povo é fortalecer a nossa própria identidade, valorizar a cultura produtiva e garantir visibilidade para futuras gerações.”

Por fim, o prefeito Mauricio Rivabem defendeu que o reconhecimento vai além da economia. “Hoje estou aqui para fazer uma das defesas mais fáceis da minha vida, por tudo o que Campo Largo representa. Nossa cidade tem a tradição da louça, que é feita com qualidade e por pessoas. Não se trata apenas de exportar essas louças, mas de levar ao mundo a nossa história”, declarou. Ele também mencionou o apoio de instituições como o Instituto Federal do Paraná – Campus Campo Largo, que possui o Centro de Ciências e Tecnologias Cerâmicas do Paraná (Cestec), um laboratório específico para o desenvolvimento de tecnologias e formação de profissionais para o setor, que enfatiza a cultura da louça na cidade. O prefeito apresentou também um vídeo que trouxe um pouco da história e do trabalho desenvolvido nas fábricas Germer e Schmidt, em Campo Largo.

Deputados contribuíram

Os deputados federais presentes reforçaram o apoio à proposta. O deputado Vermelho afirmou que “Campo Largo já é, de fato, a Capital Nacional da Louça, e agora busca apenas legalizar o que o Brasil inteiro já reconhece”. Ele também destacou o protagonismo da cidade no desenvolvimento industrial do estado.

Para o deputado Sérgio Souza, a iniciativa representa a valorização de um patrimônio nacional. “Campo Largo vive uma transformação extraordinária. É uma cidade que gera emprego, renda e que se destaca como referência de qualidade no Brasil e no mundo.”

O deputado Diego Garcia complementou dizendo que quando Campo Largo ganha, o Brasil ganha. “Esse projeto reúne todos os requisitos para ser aprovado e fortalecer ainda mais a economia nacional.”

Ao fim da audiência, o prefeito Rivabem agradeceu aos parlamentares pelo apoio e reforçou o convite para que conheçam a Feira da Louça, que neste ano será realizada de 04 a 14 de setembro no City Center Outlet. “Trouxemos aqui a história e a grandeza de uma cidade que cresce com base no trabalho, na tradição e na qualidade.”