Quinta-feira às 12 de Setembro de 2024 às 01:14:17
Saúde

Campo Largo tem nove casos confirmados de coqueluche e Saúde chama atenção para vacinação

Campo Largo tem nove casos confirmados de coqueluche e Saúde chama atenção para vacinação

A doença é transmissível e em casos de tosse súbita incontrolável, o paciente deve procurar atendimento médico para avaliação e tratamento adequado. Recentemente, a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA) divulgou um alerta sobre o aumento de mais de 500% nos casos de coqueluche no Paraná em 2024, comparado ao mesmo período epidemiológico de 2023. Em Campo Largo, a atenção para os casos também deve ser intensificada. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, até essa quarta-feira (14), haviam sido investigados 41 casos suspeitos da doença, onde nove foram confirmados laboratorialmente e oito estão com exame laboratorial ainda em andamento.

Nos últimos seis anos, em Campo Largo, foram registrados apenas três casos, sendo dois em 2019 e um caso em 2020. Segundo o Conselho Regional de Medicina do Paraná, a doença, causada pela bactéria Bordetella Pertussis, detém alta transmissibilidade, podendo inclusive levar a óbito.

A Folha conversou com a Dra. Luiza Marochi Almeida, médica infectologista, e com Janaina Pieczekolan, enfermeira da Vigilância Epidemiológica, ambas da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Largo, que explicaram mais sobre a doença. Elas explicam que a coqueluche tem três fases sucessivas de manifestação clínica, sendo as duas primeiras semanas de sintomas leves como coriza, mal estar, tosse seca e febre pouco intensa.
É a partir de duas semanas que são apresentados os sintomas mais característicos da doença, como as crises súbitas de tosse seca, incontrolável, rápidas e curtas, tendo repetições de cinco a dez tossidas em uma única expiração. “Durante os episódios o paciente não consegue inspirar, ocorrendo eventualmente cianose que pode ser seguida de apneia (parada na respiração) e vômitos pós-tosse. O número de episódios de tosse paroxística pode chegar a 30 em 24 horas, muitas vezes se intensificando à noite. A transmissão acontece através de gotículas durante a fala, tosse ou espirro”, ressaltam.
As profissionais da Saúde alertam que o grupo mais vulnerável ao adoecimento e mortalidade são as crianças menores de um 01 de vida. “A maioria dos casos e óbitos se concentram nos menores de 06 meses de idade, quando ainda não se completou o esquema vacinal primário com as três doses da vacina penta. A recomendação é manter o calendário vacinal em dia e, para os adultos com sintomatologia compatível com coqueluche, evitar visitas a crianças menores de um ano, fazer uso de máscara e procurar atendimento médico para diagnóstico e tratamento oportuno”, orientam.
Para indivíduos com doenças que deixam o sistema imunocomprometido ou indivíduos vulneráveis (como crianças e idosos), os sintomas respiratórios podem ser mais acentuados, muitas vezes necessitando de internação em unidade de terapia intensiva. Dentre as principais complicações podemos citar: pneumonia, otite média, convulsões e coma.
Caso o paciente apresente tosse súbita incontrolável deve procurar atendimento médico para avaliação e tratamento adequado.

Vacinação é o caminho para a prevenção
Questionadas sobre o que poderia ter feito a coqueluche ressurgir com maior número de casos na sociedade, ambas apontam a queda nas coberturas vacinais desde a pandemia de Covid-19 como fator principal, especialmente em menores de um 01 de vida, o que vem favorecendo o acúmulo de pessoas suscetíveis à doença, além do fato da imunidade conferida pela vacina não ser permanente.
“A principal forma de prevenção da coqueluche é através da vacinação, por isso manter o calendário vacinal em dia é de extrema importância. Os componentes que protegem e imunizam contra coqueluche estão nas vacinas pentavalente, DTP e dTpa. O Calendário Nacional de Vacinação do Brasil inclui cinco doses, todas disponíveis pelos SUS, administradas aos 02, 04 e 06 meses de idade, além das doses de reforço aos 15 meses e aos 04 anos de idade”, explicam.
Dizem ainda que além das crianças, estão contemplados pelo SUS para doses de reforço a cada 10 anos, para todos os profissionais de saúde e também para as gestantes a cada gestação. Ressaltam que a vacinação de gestantes visa a imunização passiva do recém-nascido, através da passagem de anticorpos via transplacentária, até que possa iniciar a vacinação contra a doença, aos 02 meses de vida.

Tratamento e acompanhamento
Todos os casos diagnosticados são acompanhados pela Saúde de Campo Largo, conforme informações repassadas à Folha. “O tratamento é feito com antibiótico por cinco dias, além do isolamento do paciente por esses cinco dias. Os comunicantes do caso suspeito/ confirmado também recebem tratamento com antibiótico para evitar a transmissão, mesmo que não possuam sintomas. A Vigilância Epidemiológica mantém sob vigilância a área de residência do caso confirmado até 42 dias após a identificação do último caso (período máximo de incubação observado)”, explicam.
Com o alerta estadual do aumento do número de casos no início do ano, o Município também alertou as Equipes de Saúde (UPA e USF), com atualização dos critérios diagnósticos, de notificação e tratamento.