A história de Gilberto Leite, de 41 anos, morador de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, é digna de trama de novela das 21h.
A história de Gilberto Leite, de 41 anos, morador de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, é digna de trama de novela das 21h.
Ele foi vendido pelo próprio pai quando tinha apenas dois anos de idade para um desembargador da capital e nunca desistiu de reencontrar a família biológica, o que aconteceu 39 anos depois por conta de uma publicação nas redes sociais.
Gilberto cresceu com a família adotiva. Ele descobriu que não era “filho de sangue” apenas aos 14 anos. Os pais adotivos contaram para ele que os pais biológicos tinham morrido em um acidente de carro e sua avó não quis cuidar dele, pois ele era muito pequeno e ainda tinha que dar conta dos outros netos. Gilberto foi colocado para adoção.
A descoberta acabou gerando anos de revolta.
“Me revoltei. Como todo o adolescente comecei a aprontar. Parei só depois que levei três tiros ao reagir a um assalto em Fazenda Rio Grande. A única coisa que eu sabia é que meu nome era Dominique, não sabia o sobrenome, e tinha dois anos quando deixei minha família biológica. Eu precisava saber o que tinha acontecido, porque eles me jogaram fora, porque não quiseram me criar”, disse.
Redes sociais
Após anos buscando por respostas em vão, tudo mudou quando Gilberto publicou pela terceira vez sua história no Facebook.
“Nas primeiras vezes não teve repercussão nenhuma, mas na terceira vez, quando coloquei que era de Campo Largo, explodiu, chegou a mais de 11 mil compartilhamentos. Até a ‘Folha de Campo Largo’ me ligou querendo fazer matéria. A partir daí, eu recebi mensagens e ligações do Brasil inteiro”, afirmou Gilberto.
No meio de tantas mensagens, uma foto chamou a atenção.
“Uma moça me mandou um áudio dizendo que o tio dela viu a história e que ele tinha perdido um irmão com dois anos e o nome também era Dominique. Esse cara me mandou uma mensagem, cliquei na foto do perfil e quando olhei pensei: ‘meu Deus, esse cara parece eu mais velho. Eu tô me vendo aqui’. Na hora veio aquela emoção: ‘será que é?'”, lembrou.
Um encontro foi marcado. Cara a cara os dois começaram a chorar. A semelhança era evidente. Os tios que também estavam na casa no momento do reencontro tiveram certeza de que estavam diante de Dominique. “Não precisa de DNA, e vieram me abraçar”, teriam dito.
O dia era de fortes emoções e no mesmo momento uma nova ‘bomba’.
“A minha história com foto e tudo chegou no meu pai biológico, que mora em São Franciso do Sul. E ele me mandou uma mensagem bem na hora que eu estava com o meu irmão. O meu irmão olhou a foto e confirmou que aquele era meu pai”.
Mãe
Dali, eles foram encontrar a mãe de Gilberto, ou melhor, de Dominique. De novo, bastaram alguns segundos para a certeza de que estavam diante de um reencontro entre mãe e filho.
“Ela saiu correndo e me abraçou falando que era eu: ‘É você Dominique, você voltou pra mim!’. Ela me contou que fazia aniversário todo ano para mim e fazia todo mundo comemorar como se eu estivesse presente, porque ela tinha certeza de que ia me reencontrar um dia. Também disse que não precisava de DNA”, contou.
Porém, o exame de DNA foi feito e o resultado deu 99,99% de certeza sobre o parentesco.
Pai
O pai “de sangue” teria pedido perdão a Gilberto em um reencontro em Curitiba, dias depois, e justificado a venda do filho como o que ele achou ter sido certo fazer naquela época, quando a família passava por muitas dificuldades financeiras.
O desembargador, para quem o pai vendeu Gilberto, teria “sumido” com o menino após a busca incessante da mãe pelo garoto. Ele foi vendido sem que ela soubesse.
A mãe adotiva de Gilberto não conseguia ter filhos e tinha isso como um sonho.
“A gente acha que esse tipo de coisa só acontece em filme, novela, mas não, isso aconteceu comigo, uma coisa real”, concluiu Gilberto, emocionado.
Fotos: ARQUIVO