Sabado às 23 de Novembro de 2024 às 08:00:33
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Violência doméstica vai muito além de agressão física entre marido e esposa

Mais de 300 casos de violência registrados na cidade no primeiro semestre e evento realizado pela Procuradoria da Mulher de Campo Largo capacitou profissionais na orientação e apoio às vítimas

Violência doméstica vai muito além de agressão física entre marido e esposa

Agentes municipais de Saúde participaram de um importante evento realizado pela Procuradoria Especial da Mulher de Campo Largo, realizado na Câmara Municipal na tarde desta quarta-feira (19). O objetivo era capacitar esses agentes na identificação de casos de violência doméstica, orientação das vítimas, as quais na maioria das vezes sofrem caladas, e a forma de acionar a rede de proteção.

A vereadora Cléa Oliveira, que é a procuradora municipal, frisou em seu discurso que violência é questão de segurança pública, que envolve também a saúde da mulher e não se trata apenas de agressões físicas e verbais, mas também da violação dos direitos da mulher nas áreas psicológica, sexual, patrimonial e moral. “Lamentavelmente, neste primeiro semestre foram registrados mais de 300 casos de violência doméstica em nossa cidade, além dos casos que não chegaram ao conhecimento dos órgãos de proteção, já que infelizmente muitas mulheres que sofrem a violência não conseguem ter acesso aos meios de denúncia”.

Cléa ainda detalhou que são mulheres que chamam por socorro, são crianças que sofrem vendo a dor de suas mães. “Cabe a nós, rede de proteção à mulher, mulheres fortes e apoiadoras de outras mulheres, estender a mão e salvar a todas que clamem por ajuda. Por este motivo nos reunimos aqui hoje para aprender e repassar informações, para que possamos alcançar mais e mais mulheres que sofrem constantemente com a violência doméstica, e para que elas sejam encorajadas nesse grito de basta”, enfatizou.

A Dra. Mariana Andreola, representando o Ministério Público, disse que o órgão vai emitir recomendação para dar início a grupos reflexivos com autores de violência doméstica. Informou que o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking de países que mais matam mulheres, por isso a necessidade de fomentar o debate e melhorar a capacitação de toda a rede de proteção. “É preciso dar voz a estas mulheres. Violência é emocional, psicológica, nem sempre física”, argumentou.

Atendimento às mulheres

A escrivã Dediane Barbosa Faria, que atua na Delegacia de Campo Largo, reforçou que “nunca é demais falar sobre violência doméstica”. Explicou que o atendimento hoje é feito na Delegacia, em uma área separada que chamam de cartório, mas lamentou que ainda não há na cidade uma Delegacia da Mulher. Nos casos de violência, as mulheres registram Boletim de Ocorrências direto lá ou por meio de órgãos relacionados, como a Procuradoria da Mulher. Identifica-se a violência e quando solicitado fazem medida protetiva. Segundo ela, há cerca de 400 medidas protetivas por ano em Campo Largo, mas seria um número ainda maior considerando as que sequer procuram a Delegacia. “Agentes de saúde qualificadas podem ajudar estas mulheres, já que estão mais inseridas nas vidas das famílias”, disse.

Lembrou que a Lei Maria da Penha existe há 16 anos e que historicamente a mulher vem de uma situação de vulnerabilidade, mas ainda há muitas dúvidas ainda de como identificar a violência doméstica. “Precisamos sanar estigmas como ‘em briga de marido e mulher não se meter a colher’, se mete informação, acolhimento, medida projetiva.”

Dediane lamentou casos como de uma mulher que relatou sofrer violência por 17 anos para então ter coragem de denunciar e que casos como esse acontecem muito. “O papel da rede de proteção é orientar estas mulheres, dar mais informações para que busquem ajuda e evitem este sofrimento. Muitas vezes a mulher também não sabe identificar que sofre a violência, preferem não entender. Não é só marido e esposa, mas também filhos, mãe com filhas. Nem sempre é a mulher que apanha, pode ser sexual, ameaça, perseguição.

Presenças

Estiveram presentes a desembargadora Ana Lúcia Lourenço, coordenadora da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid) do Tribunal de Justiça do Paraná; a juíza Dra. Dilmari Helena Kessler, colaboradora da Cevid; a promotora de Justiça da 1ª Promotoria de Campo Largo, Dra. Mariana Andreola; Dra. Dediane Barbosa Faria, escrivã na Delegacia de Polícia Civil de Campo Largo; o prefeito Municipal Mauricio Rivabem, a secretária de Desenvolvimento Social Marcia Fabiani Botelho; Carla Mendonça, chefe da Divisão de Atenção Primária em Saúde, representando a Secretária Daniele Fedalto; vereadores, o Conselho Municipal da Mulher e Danielli Artigas representando a Acicla Mulher.

 

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