O falecimento repentino do menino cheio de energia, aos 13 anos, trouxe comoção à cidade
Um menino alegre, cheio de energia e amigo de todos. Essa seria uma fácil descrição do jovem Pedro Henrique Stadler da Silva, de apenas 13 anos. Porém, uma fatalidade fez com que sua passagem pela Terra fosse curta, mas marcante a todos que o conheceram pessoalmente ou que ainda ouvem falar sobre ele.
Pedro Henrique faleceu na terça-feira (06), vítima de um AVC hemorrágico. Uma legião de familiares, amigos, colegas e pessoas que nem mesmo o conheciam, mas sentiram a perda da família, estavam presentes em seu velório e enterro, que aconteceu na quarta-feira (07), na capela da Rondinha.
Evelyn Stadler e Leandro Silva são os pais de Pedro, que contaram um pouco sobre a história do menino, campo-larguense nato. “Até os 05 anos ele era bem quietinho, bem tranquilo. Mas depois ele foi se tornando cada vez mais agitado, com energia de sobra. Ele gostava muito de alegrar o ambiente em que estava, era amigo de todos e estava sempre feliz, de bem com a vida. Não tinha tempo ruim para ele”, revela a mãe.
Desde os 04 anos Pedro fazia karatê, tocava bateria e fez aulas de guitarra, era membro do grupo CL 244 – que faz manobras com bicicleta, e gostava muito de airsoft, esporte que ele praticava com o pai. “Em cada um destes grupos ele conservava uma legião de amigos. Não passava despercebido. Nas escolas que ele estudou, tanto a Escola Municipal Sete de Setembro, como no Colégio Estadual João XXIII, ele era muito querido também, e saber que ele era e ainda é tão amado nos traz conforto”, retrata o pai.
Sobre as aulas, a mãe comenta que ele sempre fazia questão de chegar mais cedo, para poder conversar e brincar com os amigos e às vezes voltava mais tarde, para continuar brincando com os colegas, o que a deixava preocupada – relembra Evelyn. Ia e voltava da aula de bicicleta, uma das suas paixões.
“Os amigos contaram muitas histórias para nós. Tinha um ‘namorico’ e nós acabamos tendo contato com a menina somente depois. As crianças contam que ele era amigo de todos e fazia a diferença em momentos que todos estavam desanimados ou preocupados. Ele era a alegria da sala, demonstrava apoio, era falante, essa era a personalidade dele”, comenta o casal.
Eles contam que na quinta-feira, após o falecimento e enterro do jovem, os alunos mandaram fotos da carteira sem a presença física do Pedro, mas com flores e cartas feitas pelos colegas. Além disso, a mãe conta que amigos e familiares contam que os alunos vão até o Cemitério da Rondinha antes e depois da aula. No último domingo, após a missa de sétimo dia, os pais foram visitar o túmulo do menino e encontraram muitas balas, flores e correntes deixadas pelos amigos. As balas são porque ele era “o menino das balas”, sempre tinha consigo esses docinhos e compartilhava com os amigos.
Os pais descobriram por meio da namorada de Pedro que ele sempre ajudava um menino mais carente, comprando lanches para ele antes de entrar para a aula, o que os impressionou, pois ele nunca havia mencionado nada sobre isso.
Em casa, com os pais, ele gostava de brincar e era bastante carinhoso, gostava de brincar com o irmão mais novo, Luiz. Conforme relatam os pais, preenchia a casa com sua alegria. Da mesma forma, no mercado que Leandro é proprietário e no salão da mãe, sempre gostava de conversar com os colaboradores e com os clientes, os quais relatam sentir muita falta da alegria do menino.
O que aconteceu com Pedro
A mãe ressalta que ele sempre foi um menino muito saudável e dificilmente tinha dores ou ficava doente. No domingo (04), a família estava assistindo televisão à noite e Pedro foi tomar banho para se preparar para o jantar. Demorou um pouco no banho, mas estava bem. Ao sair, a mãe percebeu certa demora dele em ir comer e foi ao quarto. Ele estava deitado na cama e relatou uma forte dor de cabeça, quando ela foi buscar remédio para dar para ele. Com muita dificuldade, ele conseguiu tomar o remédio.
A mãe foi então terminar de atender o filho mais novo, que estava jantando, e em poucos minutos retornou ao quarto de Pedro, que já não respondia mais a família. Ele chegou a ter convulsões e foi socorrido pelo Samu; após o atendimento na UPA, Pedro foi transferido para um hospital em Curitiba, cuja equipe já estava o esperando. Ele realizou uma tomografia e diagnosticado com AVC hemorrágico, conforme relata a mãe e nenhum procedimento cirúrgico pode ser realizado. Na segunda-feira, a equipe médica comunicou à família que havia suspeita de morte cerebral, mas que seria necessário normalizar o organismo – por conta dos medicamentos administrados – para a realização dos testes. Infelizmente, na terça-feira foi constatada a morte cerebral de Pedro.
Doação de órgãos
“Nós resolvemos doar os órgãos dele. Ele havia falecido, mas ainda havia esperança para alguém. É uma forma dele continuar vivo em alguém. Nós assinamos os termos e voltamos para casa, pois eles realizariam o procedimento e é muito doloroso. Era aniversário de 05 anos do meu filho mais novo, o Luiz, neste dia. Na sexta seguinte, era o meu. Ele pode doar rins, pâncreas e fígado”, comentam.
A família comenta que neste momento tão difícil, a doação foi como um instante de leveza, em saber que o filho poderia ajudar outras pessoas. Eles não sabem para quem foram direcionados os órgãos de Pedro, por conta da lei, mas esperam que esses pacientes possam ter uma chance de maior qualidade de vida deste momento em diante.
Amor e carinho recebidos
O casal conta que a família recebeu muitas demonstrações de carinho, desde quando Pedro foi internado. “Eram pessoas de todos os lugares do mundo orando por ele, de todas as religiões e nós só temos a agradecer por tudo. No dia do velório e enterro dele, muitas pessoas compareceram e vieram nos abraçar, falar conosco. Os amigos fizeram cartinhas, que transformamos em um mural emoldurado, para ficarem registradas para sempre. Só temos a agradecer pelo apoio de cada um de vocês que oraram e continuam orando por nossa família. Somente Deus pode retribuir o imenso carinho que recebemos de cada um. Que Deus os abençoe”, finalizam.