Município oferece evento de conscientização sobre o cigarro eletrônico para 220 jovens campo-larguenses
O evento organizado pela Secretaria Municipal de Saúde faz parte do programa Campo Largo Mais Saudá
A Casa da Cultura de Campo Largo recebeu cerca de 220 alunos das Escolas Sagrada Família e Macedo Soares, nesta quarta-feira (30), pela manhã, para uma palestra com dois especialistas do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD). A médica psiquiatra Thais Linder e o psicólogo Célio Paes conversaram com os jovens trazendo alertas sobre o consumo e as consequências futuras do tabagismo na saúde. O evento teve alusão ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado em 29 de agosto.
A Secretaria Municipal de Saúde e o CAPS AD organizaram o encontro como forma de prevenção, com o intuito de discutir os efeitos do consumo de tabaco e a nova mania dos cigarros eletrônicos. E tiveram o apoio do prefeito de Campo Largo, Maurício Rivabem, que falou com os jovens trazendo seu próprio exemplo. “Meu pai fumava muito e perdi ele cedo, eu tinha 12 anos. Tanto é que eu e meus irmãos nunca fumamos depois de ver o que aconteceu com ele. Sabemos que hoje o cigarro eletrônico é moda, mas usá-lo tem consequência e é preciso bancar. Por isso trazemos esses eventos, para que os jovens tenham informação e possam, se for o caso, assumir o risco. Mas o que queremos é ver os campo-larguenses saudáveis”, contou.
Esse encontro faz parte do Programa Campo Largo Mais Saudável, realizado pela integração das Secretarias Municipais de Saúde e de Esporte, Lazer e Cultura, com o intuito de promover hábitos mais saudáveis para os munícipes. E um dos temas de atuação do programa é o tabagismo, um dos principais fatores de risco evitáveis e responsável por mortes, doenças e alto custo para o sistema de saúde, além da diminuição da qualidade de vida do cidadão e da sociedade. Desde 2009, a Anvisa faz um controle do cigarro eletrônico no Brasil e, em julho deste ano, fez uma revisão e reforçou a proibição da venda e importação. Ou seja, ele é um produto ilegal.
Tratamento contra tabagismo - A Prefeitura de Campo Largo ressalta que, atualmente, há um grupo de apoio contra o tabagismo atuando no CAPS AD, voltado para maiores de 18 anos. Consiste em quatro reuniões, uma vez por semana, e também de uma avaliação para ver se há necessidade, ou não, de prescrição medicamentosa. E a novidade é que, a partir da segunda quinzena de setembro, o grupo será estendido para as seguintes Unidades Básicas de Saúde (UBS): Botiatuva, São Silvestre, Caratuva, Guarani, Cercadinho, Dante e Itaboa. E, gradativamente, a pasta irá capacitar e abrir o grupo para mais UBS.
O evento - A médica psiquiatra destacou a moda perigosa do uso de cigarro eletrônico, também conhecido como DEF (Dispositivo Eletrônico para Fumar), e comentou que a “adolescência é uma fase de experimentação, isso é natural, e é uma fase também em que os amigos são mais importantes até que a família, então existe a pressão dos pares no uso de cigarro”. Ela ainda lembrou da frase clássica muito usada nessa fase - "não dá nada" -, e assim provocou os presentes a pensarem no futuro e em como as decisões tomadas hoje vão influenciar suas vidas lá na frente.
“Ainda não existe a dimensão do alcance do cigarro eletrônico, não se sabe o quão prejudicial ele pode ser. Sabe-se que causa doenças, mas ainda não há estudos conclusivos. Assim como foi com o cigarro convencional, vamos saber lá na frente que tipo de doença pode surgir do uso do DEF. Seu uso para tratamento com nicotina ainda é proibido no Brasil e bastante controverso. O que indicamos é não trocar gato por lebre. Para quê pegar uma dependência de graça, sem motivo? Depois é muito difícil se livrar dela”, finalizou Thais Linder.
A reação dos presentes foi positiva, grande parte se mostrou consciente da atuação da Psiquiatria e das síndromes, fobias e demais casos que atende. A oportunidade foi para explicar também um pouco da atuação do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) de Campo Largo, um serviço público ofertado de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), constituído por uma equipe multiprofissional, destinado a prestar atendimento às pessoas com problemas relacionados ao uso abusivo e dependência de álcool e outras drogas. Ao serem questionados, boa parte dos estudantes presentes levantou a mão, indicando conhecer uma pessoa que está em tratamento psiquiátrico.
O CAPS AD atua com a redução de danos, uma forma de trabalho para tratar, gradativamente, a abstinência que vem do vício em alguma substância. “A intenção com os dependentes químicos é ir além das medicações e trabalhar formas de pensamento, hábitos comportamentais e companhias. Seres humanos têm o hábito de vincular qualquer coisa com emoções, colocamos investimento emocional nos objetos e tem gente que até espera retorno dos objetos. O cigarro pode ser aquele amigão de todas as horas, é um vínculo emocional. Esse trabalho de desvincular as emoções é feito, depois do vício estabelecido, mas é bem mais difícil e trabalhoso”, explicou o psicólogo Célio Paes.
Histórico - Além de ver uma panorama do cenário mundial e do método de uso dos DEF sem uso de nicotina, os jovens presentes também viram os modelos das gerações de aparelhos eletrônicos. O primeiro DEF surgiu em 2003 para comercialização, a 3ª geração é de 2015-2016 e a 4ª de 2017 em diante. Segundo o psicólogo, a ideia da indústria era mesmo criar um “modelo de cigarro” mais saudável, porém a partir da 3ª geração o DEF se revelou um nicho muito lucrativo e o propósito desvirtuou. Por fim, os especialistas lembraram aos jovens que há uma lesão pulmonar chamada Evali, uma doença catalogada desde 2019 e que é própria do cigarro eletrônico.
A jovem Isabela, ao sair do evento, contou que está ciente dos riscos do cigarro. A estudante da Escola Sagrada Família, de 14 anos, achou “importante essa palestra e o tema para os jovens. Conheço bastante gente que está fumando e que vai na moda com os amigos, mas é perigoso”.