Sabado às 23 de Novembro de 2024 às 09:22:03
Geral

Campo-largueses se despedem de Agnes Frangi, fundadora da Associação Anjo da Guarda

Semana triste para todos os campo-larguenses. Na última segunda-feira (22), faleceu aos 93 anos a senhora Agnes Schönnenberger Frangi, ou, como era conhecida na cidade, Dona Inês.

Campo-largueses se despedem de Agnes Frangi, fundadora da Associação Anjo da Guarda

Semana triste para todos os campo-larguenses. Na última segunda-feira (22), faleceu aos 93 anos a senhora Agnes Schönnenberger Frangi, ou, como era conhecida na cidade, Dona Inês. Ela é a fundadora da Associação Anjo da Guarda, e responsável pela criação da antiga Creche Anjo da Guarda e da Aldeia São José. Nascida em Oberwil bei Zug, na Suíça, em 07 de outubro de 1928, mudou com sua família para o Brasil em 1957, após seu marido ter sido admitido para trabalhar na implantação da Incepa Revestimentos Cerâmicos, em Campo Largo.

Conforme conta Maria Cristina Pieruccini, atual presidente da Associação Anjo da Guarda, Dona Inês ficou sensibilizada com a situação precária em que viviam muitas famílias campo-larguenses, passou a se envolver em ações sociais, especialmente ao grupo do Movimento de Integração Cristã (MIC). Foi então que ela passou a visitar lugares e famílias em situação de vulnerabilidade social no município, quando percebeu com tristeza o abandono das crianças. “Para tanto, D. Inês buscou ajuda no seu país de origem, junto a comunidades católicas, pois era de família bem relacionada com o meio religioso católico do país, onde conseguiu uma generosa doação financeira para dar início e concluir o projeto, que contou com a parceria do município, doando-lhe o terreno e cessão de funcionários. A cessão do terreno necessitava que o prédio fosse construído em três anos, prazo que Dona Inês conseguiu cumprir.”

A ajuda vinda da Suíça foi tanta, que até mesmo o projeto do prédio veio do país, sendo executado fielmente. Então, em 10 de agosto de 1976, a Creche Anjo da Guarda, o primeiro serviço semelhante no município, iniciou seu trabalho, já com a capacidade de atender aproximadamente 200 crianças. O local era e ainda é bastante espaçoso e funcionou até 2015, acolhendo várias gerações de campo-larguenses. Maria Cristina conta que foi no cotidiano da creche que Dona Inês percebeu que haviam crianças vítimas de negligência e/ou maus tratos. Então iniciou batalha pela criação de um abrigo que pudesse proteger estas crianças 24 horas por dia.

Assim como havia procedido para obter recursos para a construção da Creche Anjo da Guarda, ela recorreu aos parentes e amigos da Suíça. Assim, em campanha de doações junto às comunidades de três paróquias católicas suíças, permitiu-lhe construir uma casa nos fundos da Creche Anjo da Guarda, que foi inaugurada em 1993. Foi criada então a Associação Aldeia São José, novamente a primeira do gênero em Campo Largo, a acolher crianças e adolescentes em situação de risco e/ou vulnerabilidade social. Em quatro anos surgiu a necessidade de se construir uma casa maior e com mais comodidade para as crianças encaminhadas para a organização. Com a doação de um terreno pela Prefeitura Municipal, atrás do Polentão, foi dado início à construção do imóvel atual, mais uma vez contando com recursos vindos da Suíça.

Foi em 1999 que as crianças e adolescentes foram transferidos para a casa-sede, localizada no bairro Rondinha, onde funciona o Serviço de Acolhimento Aldeia São José, que atende a crianças e adolescentes em situação de risco e/ou vulnerabilidade social, encaminhados pelo Conselho Tutelar e Vara da Infância e Juventude de Campo Largo.

“Não pensem que fol tarefa fácil levar adiante estes projetos assistenciais de extrema importância para Campo Largo. Os alicerces de sua determinação ferrenha vinham de sua religiosidade e fé inabalável em Jesus Cristo Misericordioso. Católica fervorosa, assistia missa todos os dias. Sua aparência frágil e doce escondia uma força de vontade inabalável, carisma e liderança. Ela contagiava a todos que se cercavam de sua presença. Por isso, paralelo ao apoio irrestrito que sempre recebeu do esposo Adolfo Frangi e das filhas, Gabriela, Renata e Cornélia, conseguiu grandes parceiros e colaboradores para sua obra assistencial. Ela se orgulhava e era muito agradecida pelas amizades que construiu em Campo Largo. Dona Inês jamais desistiu de sonhar e de batalhar pela realização deles”, escreve Maria Cristina.

Em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à assistência social, recebeu os Título de Cidadã Honorária de Campo Largo e de Mulher Expressão.

Exemplo que ficará marcado
A amizade e parceria de Dona Inês e Maria Cristina surgiu na igreja, quando Maria comentou com o Frei o desejo de se envolver em causas sociais de maneira voluntária. Elas foram então apresentadas uma a outra e começaram a conversar. Como tinha a habilidade de desenvolver projetos, Maria Cristina começou com este trabalho, conquistando cada vez mais a confiança de Dona Inês.
“Lembro que em 2015 eu iria me aposentar e foi neste momento que ela me chamou, quando fui até sua casa pegar uma assinatura para um documento, e me fez entrar. Ela perguntou se eu conhecia Jesus Misericordioso e me entregou um quadrinho. Eu entendi, naquele momento, que ela estava passando atribuições mais importantes diante da Associação. Jamais esquecerei deste momento”, comenta. “Conviver com ela foi um aprendizado incrível. Ela ensinou a lutar pelos sonhos e persistir até conseguir. Foi uma pioneira em projetos sociais e não desmoronava diante das dificuldades. Lembro dela contar que muitas vezes tinha as contas em cima da mesa e não havia dinheiro para quita-las. Ela rezava fervorosamente e alguma doação milagrosa chegava. Espero que a sua obra sirva de exemplo às gerações futuras, pois lutaremos para que seu nome e seu legado jamais sejam esquecidos”, finaliza.

Missa de sétimo dia
Será realizado neste domingo (28) a missa de sétimo dia da Dona Inês, às 10h, na Capela do Convento São Boaventura, na Aldeia Franciscana – anexo ao Colégio Bom Jesus.