2022 é um ano que ficará na memória de Beatriz Sofia Carrião, que está no 2º ano do Ensino Médio e é aluna do Colégio Estadual Otalípio Pereira de Andrade, em Bateias
2022 é um ano que ficará na memória da campo-larguense Beatriz Sofia Carrião, que está no 2º ano do Ensino Médio e é aluna do Colégio Estadual Otalípio Pereira de Andrade, localizado em Bateias. No início do ano, Beatriz conquistou uma vaga no Programa de Intercâmbio Internacional Ganhando o Mundo, criado pela Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed-PR) para ofertar a estudantes do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná formação acadêmica durante o primeiro semestre em instituições de ensino estrangeiras, que ofereçam curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil.
Beatriz contou para a Folha de Campo Largo um resumo do primeiro semestre deste ano, em que ela teve a oportunidade de cursar fora do país. “Cheguei no Canadá no dia 11 de fevereiro, onde já cheguei precisando enfrentar uma temperatura de -20oC e muita neve. Acabei ficando em uma cidade próxima a Ontário. Minha host family era maravilhosa. Eles têm dois filhos adultos, que não moram mais com eles e três cachorros. Durante todo o intercâmbio eles foram muito bons para mim. Me deram liberdade para conhecer a região, mas ao mesmo tempo cuidavam de mim e foi muito bom perceber e ter essa sensação.”
Ela comenta que no Canadá a principal refeição é o horário do jantar, e acabou sendo o momento favorito dela em família. Era neste momento em que eles conversavam mais, compartilhavam histórias e sobre o dia em si. A comunicação não foi uma dificuldade para ela. “Eu já tinha estudado inglês antes e ainda ganhei um reforço muito bom em um curso promovido pelo Estado do Paraná, que me auxiliou bastante também. A família já tinha recebido outros estudantes também, então estavam habituados para as vezes em que eu misturava o inglês com o português. O que me deixa mais feliz é pensar que eu consegui passar para eles um pouco da nossa cultura brasileira, pois era um dos meus objetivos também”, relembra.
Os canadenses, na opinião da Beatriz, são mais reservados, porém são muito amigáveis. Cozinham bem, são educados e muito atenciosos. Ela percebeu que lá escurece mais tarde também, próximo das 22h, o que a oportunizou passear mais pela cidade. Durante o verão, ela relembra que às 5h da manhã já estava muito claro, além de ser muito quente. Se quando chegou a temperatura estava em -20oC, ao sair do país, no verão, estava em 40oC, com sensação térmica de 48oC. “As casas e todos os ambientes que você estiver estão climatizados, por isso o calor ou frio maiores são na rua mesmo, nos parques abertos, pois em ambientes fechados é bem confortável”, completa.
A escola canadense
Entre fevereiro e junho deste ano, Beatriz foi aluna do Mitchell District High School. No Canadá os alunos têm quatro anos de Ensino Médio e quatro disciplinas na grade curricular, por semestre, o que causou certa estranheza na brasileira ao recebê-la. “Quando peguei a grade vi que estava matriculada em Inglês, Ciências, Teatro e Educação Física. Eu achei que essas seriam as disciplinas estudadas no dia, mas era no semestre todo. Nós chegávamos na escola sempre às 8h e ficávamos lá até às 15h, tínhamos uma hora de almoço e muitos intervalos, o que deixava o dia menos cansativo. Já no primeiro dia peguei meu armário e trouxe o cadeado comigo. Nós deixamos mais livros dentro deles mesmo, mas a maioria dos alunos usa notebook, é mais digital”, conta.
Na grade original de Beatriz havia Teatro, o que a deixou muito feliz, pois é algo que gosta muito. A disciplina de Ciências acabou sendo muito diferente do Brasil, o que a fez mudar para Ciências Sociais Avançado, um campo que a interessa inclusive para estudar na universidade. Mas foi na disciplina de Inglês que Beatriz começou já surpreendendo os professores. Ela comentou que há duas divisões de ensino, o colegial (mais técnico) e o universitário (preparatório para entrar nas universidades americanas, feito pelos veteranos do colégio). O nível do inglês dela era tão avançado que levou a professora a mudar ela do nível técnico para o universitário. Com mais ajustes feitos na grade, Beatriz acabou fazendo também a disciplina de Música, onde aprendeu a tocar flauta transversal, ler partitura e participar de uma orquestra da escola.
“Inglês era o mais difícil. Precisei ter contato com livros bem densos, como Shakespeare no idioma original, além de ter que fazer um trabalho final, tipo um TCC, com 11 páginas. As disciplinas ligadas a Arte realizaram um evento, de gala, para a comunidade e eu participei desde a organização, distribuição de convites e nas apresentações. Acabei dançando, tocando flauta e no teatro fiz algumas performances, inclusive ler poesias. Tive que trocar de roupa muito rápido e em um dos momentos cheguei a esquecer de colocar meus sapatos, mas acho que ninguém percebeu”, relembra.
Um pouco do que aprendeu “pra cá”
A experiência de Beatriz ficará marcada por toda a sua vida escolar, mas ela não quer guardar só para ela. Já tem ideias de como levar estes conhecimentos aos colegas do colégio campo-larguense. “Pretendo abrir um grupo de teatro no meu colégio, pois eu sou apaixonada pela Arte. Foi uma experiência incrível, aprendi muitas coisas, como expressão corporal, posicionamento vocal e muito mais. Também quero dar continuidade ao aprendizado da flauta transversal, pois foi algo que eu gostei muito de aprender e me envolver”, ressalta.
O retorno para casa
Beatriz voltou para casa no início de julho e comenta que só “caiu a ficha” do retorno ao passar pelo aeroporto. “Foi quando eu chorei, porque foram momentos únicos que vivi no Canadá, uma experiência sem igual. Percebo o quanto eu cresci e amadureci, pois precisei resolver muitas coisas sozinha, fiz uma viagem internacional para um intercâmbio, precisei administrar situações em outro idioma. Acredito que não sou mais a mesma pessoa quando fui e tenho o pensamento de querer viajar mais e conhecer mais culturas, pois é muito enriquecedor”, comenta.
Este retorno trouxe à memória de Beatriz o momento em que encontrou sua mãe, Priscila, que estava cheia de saudades desde fevereiro. “Quando a vi eu dei um grito ‘mãe!’ e pensei como é bom estar de volta”, finaliza.