Alguns fatos podem mudar completamente a trajetória das nossas vidas, como aconteceu com a campo-larguense Isabele Cavalli Poleto, no dia 25 de fevereiro de 2020
Alguns fatos podem mudar completamente a trajetória das nossas vidas, como aconteceu com a campo-larguense Isabele Cavalli Poleto, no dia 25 de fevereiro de 2020. Ela estava voltando de um retiro religioso na Colônia Witmarsum quando seu carro derrapou na pista por estar garoando. Bateu contra a mureta de proteção da estrada e desceu para sinalizar com o triângulo, mas neste momento veio um caminhão desgovernado, que foi bem em direção à Isabele. Este acidente a levou a ficar 36 dias internada na UTI.
A mãe dela, Mariangêla Cavalli, conta que Isabele chegou em estado grave no hospital, e com grande possibilidade de morte encefálica, com poucas chances de sobreviver, segundo os médicos. No entanto, aos poucos ela foi acordando do coma, se recuperando, até ganhar alta para voltar para casa.
Isabele fala que foi um acontecimento muito marcante em sua vida, mas teve a força de Deus para ajuda-lá a transmitir o que estava sentindo no momento. Então resolveu escrever o seu livro: “O Meu Quebra Cabeça”, no qual conta todos os momentos do acidente, quando acordou e como foi sua recuperação: “Eu sempre tento ver a vida por um lado positivo, eu acho que Deus não iria me deixar passar para ficar só para mim e minha família, eu acredito que Deus me colocou nesse lugar para anunciar o trabalho Dele e foi por isso que escrevi o livro “O Meu Quebra Cabeça”, que tem esse objetivo”.
Já com alta do neurologista, fisioterapeuta e da fonoaudióloga, comenta que mesmo assim o seu tratamento ainda continua, dois anos após seu acidente. “Eu fiquei mancando bastante, então é a única sequela que fiquei mesmo”, detalha.
A fisioterapeuta Eduarda Sobota fala da importância da fisioterapia nesses casos: “O foco da fisioterapia é sempre trazer função e qualidade de vida para o paciente. O tratamento vai ser embasado nas maiores dificuldades e queixas da pessoa que procura o fisioterapeuta. Sempre priorizamos fazer um plano de tratamento que abranja todas essas dificuldades e limitações para que o paciente consiga recuperar o máximo possível”.
Ela destaca a necessidade de começar a fisioterapia o mais rápido possível. “O ideal é começar o tratamento fisioterapêutico o quanto antes, pois assim tem mais chances de voltar para a rotina normal em menos tempo. Mas mesmo demorando, a fisioterapia sempre é uma boa opção, às vezes com o tempo não conseguimos recuperar o mais perto do 100%, mas sempre vai ajudar”.
Nem sempre os pacientes são tão receptivos, como foi o caso da Isabele, pois tudo acaba mudando. Segundo a terapeuta Martina Garcia (CRP 08/15203), “o trauma representa uma mudança grande (física ou emocional), perda da condição anterior de vida e muitas vezes, na necessidade de dependência de terceiros. Essas condições favorecem a diminuição de autoestima e autoconfiança, além de causarem impacto nos objetivos de vida. Sendo assim, o paciente pode encontrar-se em uma condição paralisante, de negação ou depressão severa. O que interfere na adesão ao tratamento”.
Nesse momento traumático, Martina diz que é importante a Psicologia estar presente desde o início do trauma, quando o paciente interna em um hospital e os familiares são assistidos. Com o passar da internação o trabalho pode se dar com o paciente, no momento em que ele começa a retornar a consciência e vai passar por procedimentos como extubação, traqueostomia ou adesão a fisioterapia, por exemplo
O papel do psicólogo é permitir um espaço neutro, no qual o paciente pode se sentir seguro para expressar seus medos, dúvidas, raiva e até mesmo chorar sem culpa. Viver o trauma de forma plena permite um melhor prognóstico de sua recuperação. É como um processo de luto vivido de forma saudável. Quero dizer, passar por momentos como negar o que está acontecendo, raiva, tristeza profunda, até conseguir visualizar possíveis adaptações e traçar novos objetivos”.
Isabele fala que mudou seu olhar de vida após o acidente e a ajudou em sua recuperação. “Eu aprendi a ver a vida nos detalhes, então cada conquista que tinha, desde o dia que eu tive mais consciência do que estava acontecendo, desde as primeiras vitórias eu comemorava, celebrava, como erguer um garfo - que antes não conseguia, dar os primeiros passos, parar de usar fralda. Minha maior lição sobre tudo que vivi, e estou vivendo até hoje, é ter mais fé em Deus, confiar que Ele sempre faz o melhor para as nossas vidas. Eu mudei muito o jeito que olhava a vida, eu tinha olhar direcionado e limitado, agora eu enxergo as coisas mais amplas”. Para você conhecer mais sobre essa história é só seguir: @isaa_poleto no Instagram.