A luta por uma melhor estrutura para as aulas de Educação Física e em demais áreas é antiga, mas nunca foi atendida
Há aproximadamente duas semanas, um incidente interditou a cancha na qual os alunos do Colégio Estadual São Pedro e São Paulo praticam atividades de Educação Física e provocou a discussão novamente de uma melhor estrutura, pleiteando uma quadra poliesportiva coberta, deixando de usar apenas canchas de areia, conforme vem sendo feito há anos.
“As partes de alvenaria do muro e de algumas salas estão bem deterioradas, devido à umidade presente no local. Nós só temos a quadra de areia para que os alunos pratiquem esporte. Em momento de muita chuva, a água se acumula e não tem escoamento, entrando no solo e as paredes vão absorvendo esta umidade. Houve um incidente, mas sem que nenhum aluno ou profissional ficasse ferido. O que aconteceu foi que o colégio divide muro com uma vizinha e sempre que a bola acaba passando para o terreno ao lado, em seguida ela devolve. Um aluno aproveitou que a professora não estava observando no momento e quis subir no muro para ver onde a bola tinha caído. Ele se apoiou no pilar, onde a tela fica, e o pilar acabou quebrando. Sorte que o vergalhão que sustenta o pilar não quebrou, mas estamos com a quadra interditada desde então”, descreve o diretor Ramiro de Oliveira Junior.
À frente da diretoria do Colégio há oito anos, ele destaca que sempre lutou pela construção de uma quadra adequada para a prática de esportes e já “perdeu as contas” de quantos protocolos foram realizados junto ao Núcleo Regional de Educação para viabilizar o projeto. Mesmo antes desta administração, a luta pela construção da quadra já acontecia, porém os protocolos não foram validados. Em 2016, ano em que foram abertos pelo menos dez protocolos, a Folha conversou com a direção do colégio e com a Secretaria Estadual de Educação, mas não houve aprovação de estudo e execução do projeto.
“Sempre, depois de todo o procedimento da abertura do protocolo, vem o engenheiro analisar, reforça que precisa e há necessidade, mas nunca é efetivado. No momento há um trâmite no Núcleo e na Fundepar, que privilegia a construção da quadra e mais seis salas de aula – pois muitas famílias nos procuram para alunos de 6º ano do Ensino Fundamental – Anos Finais, como para o 1º ano do Ensino Médio, bem como para biblioteca e um laboratório adequado, para darmos continuidade nas nossas atividades com mais recursos, mas ainda assim, não sai do papel. Eu estou otimista, mas fico receoso que este otimismo seja somente aqui no colégio, que lá eles não estejam otimistas”, completa.
“Em caso de aprovação de um projeto, o setor de Engenharia iria observar toda a situação de umidade nesta parte do terreno e tomaria as medidas necessárias. Uma quadra adequada resolveria todas as nossas questões com bolas saindo do terreno do colégio, além de garantir aos alunos uma formação física dentro das premissas educacionais”, destaca o diretor. “Nesta situação, o aluno já foi colocado em risco uma vez. Agora proíbe o aluno de fazer Educação Física por estar com a quadra interditada, fazendo com que a professora use outro espaço para dar aula. É muito complicado”, diz.
Protocolos não atendidos
Não foi somente a construção da quadra que não foi atendido, conforme protocolos enviados pela instituição. Há pedidos para construção de rampas e aumento na largura das portas das salas por conta da acessibilidade, construção da biblioteca e laboratório também já foram requeridos, mas não atendidos.
“Para o reconhecimento das nossas séries precisamos preencher um relatório. Para que elas sejam autorizadas a funcionar, devem preencher vários quesitos, entre eles laboratório de Ciências, que colocamos como itinerante – os equipamentos ficam guardados e quando é necessário usar, os professores levam para as mesas de refeitório para utilizar -, por exemplo. Sempre precisamos alegar que já pedimos essa melhoria para o colégio e está em trâmite”, reforça.
Colégio com resultados
Atualmente, o colégio possui 12 turmas, sendo seis pela manhã e seis à tarde, com uma média de 350 alunos matriculados entre turnos da manhã e tarde. “Nossos alunos ‘vestem o uniforme’ e conseguem bons resultados, mas me entristece, como profissional da Educação, que eu não consiga devolver para ele o que é de direito, que é um espaço digno para a prática esportiva, que não atrapalhe as demais turmas e que não coloque a saúde e a segurança dele em risco, como aconteceu agora”, diz.
No início do ano, Ramiro explica que poderia ter aberto mais duas turmas, o que não foi possível por não possuir mais salas de aula disponíveis. No Jogos Escolares de 2021, o colégio foi vice-campeão na modalidade Basquetebol Masculino, graças ao treino feito em um espaço pequeno, cimentado, onde com auxílio de verba estadual e da APMF do colégio foi possível instalar uma cesta com pilar de metal.
“Nós temos uma estrutura pedagógica muito boa, então conseguimos manter um padrão no colégio. A última formação do IDEB que teve, nosso colégio atingiu nota 6,6, enquanto a média estadual era 5,8. Temos excelentes alunos, professores e colaboradores. Não temos problemas de violência ou alunos envolvidos com drogas, sempre estamos em parceria com os oficiais de segurança, que até agradecem a tranquilidade. Nós temos uma coerência educacional em nosso colégio, é por isso que eu luto e quero manter. Temos o privilégio de ter excelentes números, mas com este aporte eles poderiam ser ainda melhores”, finaliza.
A Folha procurou a Secretária de Educação do Estado (SEED), mas não obteve retorno até o fechamento da edição.