Sabado às 23 de Novembro de 2024 às 12:57:56
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Campo-larguense supera grave acidente e sagra-se campeão em concurso de fisiculturismo

Cristian Fila sofreu grave acidente de caminhão em 2019, perdeu parte da perna e conquistou no último final de semana título de fisiculturismo em Balneário Camboriú

Campo-larguense supera grave acidente e  sagra-se campeão em concurso de fisiculturismo

O jovem Cristian Fila tem uma grande história de superação e lição em sua vida. Trabalhava com o pai, na empresa da família no ramo de transportes e estudava Educação Física. Sempre muito dedicado e regrado quanto à alimentação e treinos, se destacava pelo porte atlético. Foi então que, em 2019, seu pai sofreu um acidente e assumiu o comando da empresa. Mas, em outubro de 2019, poucos meses após a formatura, Cristian Fila sofreu um acidente de caminhão, em Ponta Grossa, vindo do interior do Paraná, que mudou toda a sua vida.

“Eu bati na traseira de uma carreta e fiquei preso nas ferragens, por um pouco mais de uma hora, quando perdi cinco litros de sangue. Não desmaiei, mas fiquei preso, meu pé esquerdo foi esmagado – tive inúmeras fraturas -, e o pé direito sofreu várias lacerações, e quando foram me retirar das ferragens, meu pé rasgou em vários pedaços. Eu lembro de tudo o que aconteceu, mas não sentia dor. Eles até falaram que eu sobrevivi justamente por conta do meu porte físico e da minha estrutura, então o fato de eu ter perdido a maior parte do meu sangue e não ter sofrido nenhum dano cerebral, ou de, por exemplo, não ter quebrado minha caixa torácica com o impacto, foi graças à musculação.”

Cristian precisou ter o pé direito amputado, e o esquerdo foi recuperado de maneira que surpreendeu a equipe médica, gerando até mesmo estudo de caso. Ele não precisou passar por cirurgia, tendo uma recuperação sem sequelas. No período da recuperação ele acabou contraindo infecção das ferragens e por pouco não precisou subir a amputação, além de ter emagrecido 19 quilos.

Porém, o baque de uma mudança de vida repentina chegou. “Foram dois momentos difíceis. O primeiro no aspecto físico mesmo, com muita dor e aquela luta pela sobrevivência. Fiquei anêmico, desmaiava com frequência e sofri muito com a dor do membro fantasma, para a qual precisei tomar medicamento. Então juntou com o abatimento psicológico que passei, quando não conseguia me olhar no espelho, era dependente para fazer coisas básicas”, revela.

Por algumas semanas, ele viveu sem horários para nada, quando uma “iluminação divina” fez com que ele considerasse voltar aos treinos e se dedicar à fisioterapia. “Foi em uma madrugada, era 3 horas da manhã, que me veio à mente o questionamento sobre o que eu estava fazendo com a minha vida. O estilo de vida saudável me salvou, ajudou na recuperação e eu precisava voltar. Então decidi colocar o celular para despertar às 6 horas da manhã, retomar à minha rotina. Como eu tinha me formado em Educação Física, sabia o que eu poderia fazer, juntando exercícios com a fisioterapia para uma recuperação completa”, comenta.

A partir daquele dia, tudo mudou, inclusive na alimentação, quando voltou para a dieta. “Fiz exercícios adaptados para a minha realidade e desde então não parei mais. Tudo é uma evolução, fui aprendendo novamente, criando técnicas para me desenvolver, inclusive para exercitar minha perna que sofreu a amputação. Começamos a gravar e postar nas redes sociais e muitas pessoas mandam mensagem, que a minha história as inspira, e isso me motiva a continuar”, diz. “O esporte, a musculação, me salvou duas vezes”, completa.

Prêmio Eduardo Correa
No último final de semana, Cristian competiu no Prêmio Eduardo Correa Classic 2022 de Fisiculturismo, quando conquistou o título na categoria Atleta Especial e ficou bem classificado na categoria em que competiu com atletas não-amputados. Este é o maior prêmio de fisioculturismo no país e reuniu cerca de 700 atletas.

“Para chegar até aqui, foi necessária muita disciplina. Muitas vezes não era fácil chegar na academia para treinar, mas tive suporte de amigos, que me auxiliaram. Quando estava me preparando para a prótese, chegava a treinar de 2 a 4 horas por dia o andar. Tive que aprender de novo como andar, pular, subir escadas e tudo demandou de muita atenção e treino. Tanto que hoje, quando coloco uma calça jeans e um sapato, ninguém diz que eu tenho prótese, ando normalmente. Me dedico muito aos treinos e ajudo outras pessoas, inclusive com serviço de personal trainer para amputados. Não foi fácil, não é e para ninguém será, mas precisamos manter nossos olhos fixos na luz, que nos dá forças para continuar, sempre trabalhando com constância e consistência”, finaliza.
Acompanhe Cristian no Instagram @the_missingleg_monster.